O Partido Comunista Português confrontado com a visita a Portugal, a convite do Governo Português, do Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, anunciada publicamente poucas horas antes do seu início, expressa a sua firme oposição à presença em Portugal de um responsável do Governo israelita, dirigente de um partido xenófobo de extrema-direita que, entre outras posições, tem defendido a expulsão da população árabe do território da Palestina.
A presença de Avigdor Liberman em Portugal, e sobretudo o convite do Governo português para uma visita oficial de um dos principais responsáveis pela política de terrorismo de Estado contra o povo palestiniano, pelo constante boicote a qualquer solução justa para a questão palestiniana e pelo sistemático desrespeito pelas Resoluções das Nações Unidas que reconhecem os inalienáveis direitos do povo palestiniano, é um sinal extremamente negativo e preocupante do posicionamento do governo português face à questão palestiniana e constitui uma flagrante violação dos princípios constantes do artigo 7º da Constituição da República Portuguesa.
Independentemente de declarações de circunstância do Ministro Luís Amado – que não podem ser lidas senão como uma tentativa de publicamente branquear o convite a este responsável israelita e a realização de encontros ao mais alto nível - a visita de Avigdor Liberman reveste-se de uma ainda maior gravidade quando realizada num momento em que Israel prossegue e intensifica - com um destacado papel de Avigdor Liberman - a criminosa e ilegal política de ocupação e colonização dos territórios ocupados da Palestina e de perseguição à população árabe em Israel e acaba de desafiar de forma ostensiva o direito internacional com a divulgação de um suposto “relatório” sobre o ataque terrorista de Israel contra a “flotilla da Liberdade” em águas internacionais, apresentando-o como “um acto de defesa de Israel”.
O PCP sublinha que, à luz da Constituição da República Portuguesa, o Governo Português está obrigado a desenvolver uma política de activa solidariedade para com o povo palestiniano, de condenação de Israel pela política sionista ocupação e colonização da Palestina e pelo reiterado desrespeito pelo direito internacional e acordos internacionais.
Como a realidade na Palestina o evidencia o que se impõe da política externa portuguesa não são convites a responsáveis políticos e partidários pela criminosa política de Israel, mas sim, o corte de relações políticas, económicas e diplomáticas com Israel enquanto este Estado mantiver uma ostensiva posição de desrespeito pelos mais elementares princípios do direito internacional e direitos humanos.
Apelando aos trabalhadores e ao povo português para que façam ouvir a sua voz de condenação a esta visita de Avigdor Liberman, o PCP reitera o seu apoio e solidariedade ao povo palestiniano na luta pelos seus direitos nacionais e pela edificação do Estado da Palestina nas fronteiras anteriores a 1967 com capital em Jerusalém leste, posição aliás constante de uma proposta de resolução do PCP que deu entrada hoje na Mesa da Assembleia da República visando o reconhecimento pelo Estado português da proclamação do Estado da Palestina livre, viável e soberano.