Intervenção de Paulo Raimundo, Comissão Política do Comité Central do PCP, Almoço comemorativo do 90º aniversário do PCP

PCP - 90 anos - Liberdade, Democracia , Socialismo - um projecto de futuro

PCP - 90 anos - Liberdade, Democracia , Socialismo - um projecto de futuro

Camaradas
Estamos em plenas comemorações dos 90 anos do nosso partido.
Comemorações que se assinalam em centenas de localidades, com a realização de centenas e centenas de iniciativas.
Grandes comícios, almoços, jantares, acções de rua, contactos com trabalhadores e populações, exposições, e acima de tudo diversas acções de animação, mobilização e dinamização da luta de quem trabalha, das populações, da juventude, das novas gerações.
Não há melhor forma de comemorar-mos os nossos 90 anos do que continuar e intensificar a nossa acção e pratica de 90 anos.

Intervir, mobilizar, dar confianças às massas, animando as suas justas lutas.
Lutas que são património do povo, luta que se confundem com a acção geral do Partido.
E neste momento muito exigente, onde no plano internacional e nacional coabitam grandes perigos com grandes potencialidades, a grande palavra de ordem, o grande apelo do nosso partido aos trabalhadores, às populações, à juventude a todos os sectores atingidos pela política de direita,
é o apelo para que não baixem os braços, para terem confiança nas suas capacidades, para terem confiança que com a sua luta organizada e com a sua determinação podemos de facto mudar isto!
Um apelo ao protesto e à indignação, um apelo para que cada um, confrontado com as consequências da politica de direita, se levante, se organize, mobilize e que traga mais outros para a rua para uma luta pela mudança que o País precisa, uma mudança que se trava em cada empresa, local de trabalho, escola ou localidade.

Um apelo que não é de boca, um apelo alicerçado na acção e intervenção de milhares de comunistas,
que todos os dias tomam a iniciativa, agem, intervêm junto, e com outros para esta luta.
Intervenção que tem correspondência na luta de quem trabalha, na luta das populações, na luta de quem é alvo das desastrosas políticas de direita.
Numa corajosa resposta das populações contra o encerramento de serviços de saúde, escolas, outros serviços públicos, dos pequenos agricultores e produtores de leite, forças de segurança, dos estudantes, dos trabalhadores dos sectores públicos e privado que nas suas empresas e locais de trabalho desenvolvem uma luta titânica na face mais visível da luta de classes, uma luta que não passa na comunicação social.

Uma luta onde se revelam e expressam profundos sentimentos de protesto e indignação face ao actual rumo político desenvolvido no País.
Sentimentos bem visíveis nas acções ocorridas no passado sábado dia 12 de Março, que partindo de uma base contraditória e com apoios profundamente antagónicos
e em muitos casos apoiadas pelos próprios responsáveis pelas razões que levaram à convocação dos protesto, não deixam no entanto de revelar, um sentimento de protesto que para ser consequente,
terá de ser canalizado para a ruptura e mudança e para a concretização de uma politica alternativa, a única capaz de dar resposta aos direitos, anseios e aspirações dos trabalhadores, das populações, da juventude.

Ruptura e mudança cada vez mais necessária e urgente,
Ruptura e mudança capaz de travar este rumo de declínio político, económico, social e cultural bem visível no País.
Um pais cada vez mais injusto e dependente.
Uma realidade e ofensiva que se aprofundou nestes anos de governo do PS em aliança com o PSD e com o apoio de toda a direita e do grande capital.
Uma ofensiva para a qual há, e haverá sempre justificação.
Ora o combate ao défice, ora a crise, a competitividade, a acalmia da banca alemã, holandesa ou nacional, esses mesmos “mercados financeiros”, que estão na origem da crise e que nela cavalgam e continuam a concentrar em si a riqueza.
Haverá sempre pretextos para o capital aumentar a exploração de quem trabalha,
e depois do roubo ao salário mínimo nacional e aos salários em geral, às pensões, aos direitos laborais, ao emprego, aos apoios sociais, aos serviços públicos, de agravamento dos impostos sobre os rendimentos de trabalho e os bens de consumo, com medidas de austeridade sem fim à vista, os PEC, o Orçamento de Estado, e dos resultados dessas opções; 800 000 desempregados, alastramento da chaga social da precariedade laboral que desestabiliza a vida de centenas de milhares de trabalhadores, particularmente os jovens, que hoje atinge mais de 1 milhão e 300 mil trabalhadores, 2 milhões de pobres, 200 mil pessoas que passam fome…
Depois de tudo isto, ai estão mais medidas de austeridade, que é o mesmo que dizer mais medidas para que os mesmos de sempre,
para os trabalhadores, as famílias, os reformados, os jovens, os pequenos empresários, para que estes paguem por uma coisa da qual não tem nenhuma responsabilidade.
Mais cortes nos salários, nas pensões, nos serviços públicos, mais agravamentos nos impostos sobre os rendimentos do trabalho e nos bens de consumo.
Ai está o pacto da competitividade, pacto que o Governo queria que ver assinado na farsa que é neste momento a Concertação Social e que corajosamente foi denunciado pela CGTP,
o pacto para criar condições ao corte de salários, facilitação e embaratecimento dos despedimentos, da generalização da precariedade, do ataque à contratação colectiva, ao aumento da idade da reforma e privatização do sistema de protecção social,
competitividade à custa de novos ataques contra os serviços públicos e as funções sociais do Estado.
Competitividade em nome do lucro do capital.
Capital que se vê sempre de fora de todas as medidas,
Capital que para o qual não à crise e que se continua a encher às custas dos sacrifícios da larga maioria.
Capital que reforça escandalosamente os seus lucros e que simultaneamente paga cada vez menos impostos.
Capital que domina o poder politico e usa os seus representantes políticos em função dos seus interesses.
Utilizando uns e outros em função dos seus interesses, fomentando a alternância na continuidade, alternância que faz rodar no poder ora o PS, ora o PSD com ou sem o CDS, mas que mantêm a matriz fundamental da politica de direita.
Quando diversas vozes apelam à estabilidade politica,
o que querem dizer é, estabilidade da politica, independentemente dos seus protagonistas.
Capital apostado a ir tão longe quanto lhe for permitido e que utiliza todos os instrumentos e meios ao seu dispor para encontrar e criar válvulas de escape que minimizem e desviem dos responsáveis da situação, a revolta e o protesto populares, e acima de tudo que ataquem a luta organizada,
É a luta organizada que eleva a consciência social e de classe de quem nela participa, que transforma a indignação e o protesto em luta por objectivos.
É desta luta que o capital tem medo, é esta luta em que está apostado em dar combate.
E é também nesta luta, na luta pela ruptura e mudança, na luta por objectivos que os comunistas estão empenhados, uma luta que terá necessariamente que se intensificar e se elevar para os níveis que a actual ofensiva e situação exigem.
Uma luta que terá já no próximo sábado dia 19 na manifestação nacional em Lisboa, convocada pela CGTP-IN, um grande momento.
Uma manifestação cuja a sua dimensão ainda estamos a decidir e que exige de nós um empenhamento prioritário na participação e mobilização para que realizemos a maior acção de massas depois da Greve Geral de Novembro.
Camaradas
cada vez há mais gente com razões para protestar, que estão indignadas, que todos os dias nas ruas, nas empresas, nos cafés, se queixam da sua situação,
então o que exige de cada um de nós é que mobilizemos todos esses para o espaço onde deve ser traduzido todo esse descontentamento, para que transformemos o próximo sábado numa enorme jornada de protesto, indignação, num grande dia de luta pela mudança.
Com o nosso empenhamento, realizaremos uma grande manifestação, uma grande luta que terá continuidade em diversos sectores,
com os estudantes no dia 24 de Março, no dia 01 de Abril com a manifestação dos jovens trabalhadores, e acima de tudo uma luta que terá continuidade nas empresas e locais de trabalho, nas localidades, nas escolas,
nas pequenas e grandes batalhas que todos os dias constroem a ruptura com esta política e a mudança necessária.
As dificuldades são muitas, a ofensiva é enorme,
mas temos confiança, confiança nos trabalhadores, no povo e na juventude, de todos quantos não baixam os braços e não correspondem à brutal ofensiva que todos os dias nos entra pela cabeça,
uma ofensiva ideológica que nos pede que aceitemos as inevitabilidades, a resignação, que nos apela a que não vale a pena, para baixar os braços, …
E não há melhor forma de assinalar os 90 anos do nosso partido, do que animar, intervir, mobilizar para a luta pela ruptura e mudança.

Camaradas nestes 90 anos do nosso partido fica uma palavra.
Obrigado

Obrigado aos trabalhadores e povo russo por com a sua revolução socialista em 1917, terem animado a classe operária portuguesa e desta de forma única e original na Europa
terem constituído a 06 de Março de 1921 o nosso Partido.
Obrigado ao povo de luta, aos trabalhadores e aos camponeses por terem forjado os lutadores anti fascista, os combatentes da liberdade
Obrigado aos heróis, a todos quantos, construíram o prestígio nacional e internacional do nosso partido.
Obrigado, a todos que ao longo de décadas enfrentaram a repressão, as perseguições, as prisões, as torturas, a própria morte,
Obrigado aos muitos milhares que com uma intensa e dedicada militância foram e são o suporte da excepcional intervenção do PCP..
Obrigado a este grande partido que analisando com rigor as condições existentes definiu o caminho da Revolução Democrática e Nacional.
Obrigado ao partido da Revolução, das grandes conquistas de Abril, da aliança Povo / MFA e pela resistência ao processo contra revolucionário
Obrigado a este partido que forjou as mais combativas e aguerridas mulheres comunistas
lutadoras incansáveis pela emancipação da mulher e do combate contra as discriminações e injustiças de que são alvo
Obrigado PCP por depositares na juventude toda a confiança e por exigires dela toda a sua criatividade, energia e potencial de luta
Obrigado pela possibilidade de os mais novos aprenderem e crescerem com os mais velhos.
Obrigado PCP por teres tido ao longo destes teus 90 anos uma preocupação constante em contribuir para as organizações de jovens comunistas, papel hoje continuado e desenvolvido pela JCP
Obrigado pela importância dada ao papel fundamental na luta dos trabalhadores da imprensa revolucionária, ao militante e ao nosso jornal Avante, que com orgulho assinalamos os seus 80 anos
Obrigado pelos os sacrifícios de todos aqueles que nas condições mais severas iam buscar forças ao nosso ideal,
aos trabalhadores a ao povo e mantiveram desde 1941 a saída regular do nosso avante
Obrigado PCP, por, independentemente da tarefa ou grau de responsabilidade,
exigires de cada um de nós que cumpra os seus deveres e que exerça os seus direitos enquanto militante.
Obrigado PCP, pelo teu objectivo da construção da sociedade socialista, rumo ao comunismo, a sociedade sem explorados nem exploradores,
Obrigado pela coerência, verdade, profunda ligação às massas, por não seres igual aos outros, pelo teu projecto, ideal e prática.
Obrigado ao meu partido, partido comunista português, partido patriótico e internacionalista, partido revolucionário, partido de projecto, partido marxista-leninista.
Obrigado, pela definição das medidas de reforço do Partido e da determinação colectiva de concretizar a acção “Avante, por um PCP Mais Forte”.
Mais forte, mais organizado para dinamizar a luta.
Obrigado a todos e a cada de nós,
Obrigado a este magnifico colectivo partidário que é o nosso partido este partido determinado em contrariar os desejos de todos os que já anunciaram mais de mil vezes a nossa morte,
este partido que se afirma mais forte, mais necessário, mais determinado, orgulhoso no seu passado, fiel aos seus princípios, partido do presente e acima de tudo,
partido do projecto de futuro.
Pela Liberdade, Democracia e o Socialismo, nestes 90 anos, dirigimo-nos aos trabalhadores, ao povo e muito particularmente às novas gerações.
Dizimo-lhes, que este é o vosso Partido, o Partido portador do projecto novo, um projecto pelo qual vale a pena lutar.
Dizimo-lhes, façam desta a vossa luta,
A luta que é vossa,
A luta do presente por um projecto de futuro.
Luta difícil, mas exaltante
Luta à qual nestes 90 anos se juntaram milhares e milhares de combatentes.
Com determinação e confiança, a luta Continua, Viva a JCP
Viva o PCP