Este relatório surge na continuidade do relatório Lyon, anteriormente elaborado, sobre as linhas-gerais para a reforma da PAC, e da comunicação da Comissão sobre a PAC, cujas linhas essenciais acolhe favoravelmente.
Não obstante aspectos importantes, que valorizamos, como a recusa da diminuição do orçamento global da PAC ou a proposta de manutenção dos direitos de plantação da vinha, o conteúdo do relatório é profundamente negativo, defendendo uma PAC cujas consequências estão bem à vista no rumo de declínio e destruição da agricultura portuguesa.
Na linha das anteriores reformas, reitera-se e aprofunda-se a desregulação e a liberalização dos mercados, a "orientação para o mercado" da produção, pondo em causa o direito dos países a produzirem e a sua segurança e soberania alimentares, assim como a sobrevivência da pequena e média agricultura. Continua-se a defender a sujeição da agricultura às regras da OMC e, desta forma, a promover modelos de produção intensiva, de cariz exportador, em detrimento da produção e do consumo locais, social e ambientalmente sustentáveis.
A redistribuição das verbas da PAC defendida, tendo em conta a profunda injustiça hoje existente (entre países, produtores e produções), não pode ser dissociada da garantia de minimização das perdas por parte dos grandes beneficiários - facto que o relatório não vem por em causa.