Em nome da Organização Regional de Beja, saúdo os delegados e convidados ao XIX Congresso do Partido.
Na preparação do Congresso realizámos cerca de 100 reuniões, debates e assembleias para discussão das Teses, das Alterações ao Programa, e eleição dos delegados, com mais de 1400 presenças. Os documentos em discussão mereceram o apoio e a concordância geral dos membros do Partido.
Não fechámos para Congresso, preparámo-lo ligado à vida e à luta. Luta que conheceu nas Greves Gerais e nas Manifestações Nacionais os seus pontos altos; luta em defesa dos postos de trabalho, dos direitos e dos salários, como os mineiros da «SOMINCOR», os trabalhadores da «MPI – Metalomecânica», da «Rodoviária do Alentejo» e da «RTS – Pré-fabricados de betão», em Beja; luta dos reformados e idosos; luta dos micro, pequenos e médios empresários de que são exemplo as recentes ações na área da restauração; luta contra o encerramento de escolas e serviços de saúde; luta contra a extinção de postos da GNR e dos CTT; luta contra o encerramento de finanças e tribunais; luta contra a extinção de freguesias e na defesa do Poder Local Democrático com importantes ações locais e distritais; luta pelas ligações ferroviárias diretas ao distrito com milhares de pessoas envolvidas em petições e manifestações; luta em defesa do IP8 e do IP2 como numa marcha lenta recentemente realizada.
É na luta que o Partido se reforça. E o Partido foi um dos temas mais abordados na fase preparatória. Apesar de avanços nos últimos 4 anos, como os cerca de 300 recrutamentos, a realização de mais de 40 assembleias de organização, e outras medidas de estruturação, direção e quadros, subsistem dificuldades e obstáculos que precisam ser ultrapassados, sobretudo na intervenção junto dos trabalhadores, nas empresas e nos locais de trabalho, para uma maior e melhor intervenção do Partido, sem desvalorizar a intensa intervenção política que tem havido no distrito.
Camaradas,
Somos uma região com um enorme potencial mas altamente empobrecida e paralisada, sistematicamente esquecida e prejudicada pelos sucessivos governos da política de direita do PS, PSD e CDS-PP, com altos níveis de envelhecimento populacional, despovoamento e desertificação, com milhares de desempregados, com aumento da pobreza e da fome, e forçando à emigração dos mais jovens e abandonando os idosos à sua sorte.
Não aceitamos que importantes investimentos públicos para o desenvolvimento regional – que têm a marca pioneira dos comunistas na sua proposta e reivindicação, hoje por todos reconhecidos e que há muito deveriam estar ao serviço das populações – estejam parados, avancem lentamente, sofram de indefinições e ausências de estratégia que comprometem o seu correto aproveitamento ou sirvam para obscuras negociatas.
Não bastava terem acabado com o comboio direto Intercidades Beja-Lisboa e as ligações ferroviárias ao Algarve, como agora param as obras no IP2 e no IP8, adiam a conclusão da construção de Alqueva com promessas nebulosas e incertas, mantêm o Aeroporto de Beja em suspenso.
Beja pode dar um contributo para o desenvolvimento do País, para a criação de emprego com direitos, para a produção de riqueza, e para reduzir a nossa dependência do exterior, produzindo muito do que hoje é importado. O PCP tem soluções e propostas nesse sentido.
Propostas que partem da necessidade da criação de uma base económica diversificada e integrada assente principalmente na agricultura e nas agroindústrias, que valorize a produção e a qualidade dos produtos regionais. Hoje volta a impor-se uma profunda reestruturação fundiária através de uma nova reforma agrária, assim como um Plano Estratégico de Desenvolvimento para Alqueva, e uma gestão pública da água para regadio.
Defendemos a exploração planificada dos recursos mineiros (designadamente das Minas de Neves-Corvo e Aljustrel) e a valorização na região da sua produção, com uma intervenção determinante do Estado, aproveitando um dos maiores filões de cobre na Europa. E defendemos igualmente a aposta na indústria transformadora -tradicional e emergente (como a das energias renováveis) –, no turismo e no sector cooperativo e social.
Com noção das responsabilidades que temos hoje e das que queremos assumir amanhã, defendemos um Poder Local que não se limita a gerir, mas que seja parte integrante da transformação e do desenvolvimento social, económico e cultural que o distrito precisa, afirmando-se na defesa das suas terras e das suas gentes, honrando os valores e as conquistas de Abril.
Aqui está a alternativa que tem esbarrado nas opções políticas nefastas do PS e do PSD. A intensificação da luta de massas, a par do reforço da influência social, política e eleitoral do Partido é determinante para pôr fim ao desastre, rejeitar o pacto de agressão, por uma política patriótica e de esquerda, pela democracia avançada, pela transformação revolucionária da sociedade e na afirmação do ideal e projeto comunista.
Viva o XIX Congresso!
Viva a JCP!
Viva o PCP!