A persistência da fome, a persistência de milhões de casos de subnutrição crónica no mundo, numa altura em que o desenvolvimento científico e tecnológico atinge níveis que poderiam facilmente permitir erradicar este fenómeno, é um dos mais vivos libelos acusatórios que pesa sobre o sistema capitalista, largamente dominante à escala mundial.

As razões da fome são políticas, antes de mais.

Não por acaso, assistimos a um recrudescer do fenómeno mesmo em países normalmente incluídos no lote dos países ditos desenvolvidos. Olhemos, por exemplo, aos efeitos devastadores dos programas da União Europeia e do FMI.

O livre comércio, que arruina a pequena agricultura, a agricultura familiar e a soberania alimentar de nações inteiras; a usurpação de terras; o monopólio das transnacionais do agronegócio sobre sementes e outros factores de produção; o desmantelamento de infraestruturas e serviços públicos e o ataque às funções sociais dos Estados estão entre as causas incontornáveis da fome.

Um genuíno esforço de combate à fome deve obrigatoriamente ter em conta a necessidade de combater as suas causas.