Se há lóbis poderosos junto das instituições da UE, e particularmente junto daquela que detém o poder da iniciativa legislativa – a Comissão Europeia, influenciando as propostas legislativas e nelas deixando a sua indelével marca, um desses lóbis é o da indústria automóvel.
Os desenvolvimentos em torno do escândalo Volkswagen de manipulação de emissões de veículos só vêm confirmar este facto.
Um comité técnico da Comissão Europeia propõe autorizar os carros a diesel Euro 6 a emitir, entre 2017 e 2019, mais do dobro dos limites anteriormente estabelecidos, permitindo uma discrepância de 110% entre os testes em laboratório (que a indústria manipula mais ou menos de forma generalizada) e os testes em condições reais. A partir de 2020 essa discrepância poderá ir até aos 50%, ou seja, emissões 50% acima dos limites anteriormente fixados.
Tudo isto sem qualquer suporte científico.
Assim se vê como a proclamada ambição da Comissão Europeia em matéria ambiental fica à porta dos vastos interesses das multinacionais do sector automóvel.
É fundamental que as medições em condições reais avancem o mais rapidamente possível. Mas é fundamental que avancem em moldes que assegurem uma adequada protecção do ambiente e da saúde pública e não a protecção dos interesses das multinacionais – contra as populações e o ambiente.