O PCP no Comício Eleitoral do PC da Grécia

Intervenção de Rosa Rabiais , membro do CC - 3 de Junho , Atenas. 2009

Camaradas:

Agradeço-vos, em nome do Comité Central do Partido Comunista Português, o vosso convite para estarmos aqui hoje e partilhar convosco este importante momento da recta final da vossa campanha eleitoral. Ao fazê-lo transmito-vos as calorosas saudações dos comunistas portugueses e votos de muitos sucessos nesta batalha eleitoral.

Os nossos partidos têm uma longa e rica história de cooperação e solidariedade. Estamos juntos nos grandes combates do nosso tempo, no mesmo lado da trincheira da luta de classes. Uma luta de classes que se agudiza com o aprofundamento da crise do capitalismo e que exige das forças progressistas em geral, e dos comunistas em particular, redobrados esforços, permanente atenção, firmeza ideológica, muita capacidade de mobilização e organização para a luta e muita confiança!

O PCP e o KKE são partidos que conhecem bem a relação dialéctica entre a defesa intransigente dos direitos, interesses e aspirações dos trabalhadores e dos povos de cada um dos nossos países e a importância da cooperação e solidariedade internacionalista na luta contra o imperialismo, pela transformação revolucionária das nossas sociedades, na Europa e no Mundo, e pela construção do socialismo como a única real, credível e possível alternativa ao capitalismo e à sua crise estrutural e sistémica. Uma alternativa que, devido à ainda desfavorável correlação de forças, exigirá grandes batalhas intermédias e um duro e paciente trabalho, visando a recuperação e fortalecimento do Movimento Comunista e Revolucionário Internacional.

Por isso, o nosso Partido olha para estas eleições para o Parlamento Europeu como mais um importante momento de luta pela defesa dos interesses dos trabalhadores e do nosso povo, pela defesa da soberania nacional, por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos. Uma outra Europa que só será possível construir através da participação e da vontade dos povos e que se edificará sobre os escombros de um projecto de União Europeia neoliberal, militarista e federalista, cada vez mais anti-democrático, como o demonstra o vergonhoso processo de imposição aos povos do Tratado de Lisboa.

É por isso que definimos a nossa batalha eleitoral em Portugal como uma poderosa jornada contra o conformismo e a resignação. Um processo de união de vontades em torno da afirmação da possibilidade de reais alternativas à política de direita que tem presidido aos destinos do nosso país nos últimos 30 anos e ao processo de internacionalização do capital no continente europeu.
Os nossos adversários políticos tentam, sistematicamente, empurrar-nos para a trincheira dos que são contra a Europa. Mas temos-lhes respondido com a força da razão. Dizemos-lhes que contra a Europa são aqueles que insistem numa União Europeia do grande capital e das grande potências construída nas costas dos povos, contra os seus direitos e aspirações.

Contra a Europa são aqueles que insistem numa União Europeia que em tempo de profunda crise não apresenta uma única medida de fundo para resolver o problema dos mais de 20 millhões de desempregados, mas que é particularmente rápida quando se trata de canalizar milhões de milhões de euros para acudir ao grande capital; que é particularmente eficiente quando se trata de avançar e insistir na sua militarização; que é notavelmente rápida a avançar na privatização dos serviços públicos, na desregulação das relações laborais ou mesmo na criminalização daqueles que escreveram algumas das mais belas páginas da história do continente europeu, como os comunistas. Somos de facto contra essa Europa, a Europa da Guerra, do Grande Capital, do directório de potências, da perseguição aos imigrantes.

Camaradas,

Em Portugal, estas eleições integram-se num ano eleitoral extremamente exigente, com a realização de eleições nacionais e locais já em Setembro e Outubro. Processos eleitorais que assumem especial importância em Portugal dada a situação de profunda crise económica e social que o nosso país enfrenta. Uma crise que empurrou para o desemprego já mais de 600.000 trabalhadores e para a pobreza mais de 2 milhões de portugueses. Uma crise que é expressão da crise internacional do capitalismo mas que no nosso caso já existia muito antes e que resulta de 30 anos de políticas de direita praticadas pelo Partido Socialista e o Partido Social Democrata, juntos ou em alternância no poder, contra as conquistas e os valores da revolução de Abril. Uma crise a que o governo do Partido Socialista responde com apoios milionários ao grande capital deixando à sua sorte as camadas laboriosas e populares do nosso país, demonstrando na prática que social-democracia e direita são gémeos siameses de uma mesma política de crescente exploração e opressão.

Mas a luta em Portugal está intensa, camaradas. Os últimos anos têm escrito páginas importantes da história de luta do nosso povo. No passado dia 23 de Maio mais uma foi escrita. Realizámos com notável sucesso a maior iniciativa de massas desta campanha eleitoral e a maior iniciativa de massas alguma vez realizada por uma força partidária nas ruas de Lisboa. A Marcha do “protesto, confiança e luta”, organizada pela nossa coligação eleitoral – a CDU -, em que participaram mais de 85.000 pessoas, foi um momento memorável de afirmação do valor e importância da luta e da confiança que temos na capacidade do povo português de pela suas próprias mãos mudar o nosso país e dar continuidade aos valores e princípios da revolução de Abril. Uma Marcha em que, para nossa alegria, pudemos contar com a presença de várias delegações de Partidos Comunistas e progressistas que na véspera haviam participado num seminário do nosso Partido contra o militarismo e o Tratado de Lisboa, entre os quais esteve o vosso Partido, presença que muito vos agradecemos.
Camaradas:

Como dizemos em Portugal, a nossa luta avança com toda a confiança!

Estou certa que também assim é aqui na Grécia, porque tal como lá em Portugal, também aqui existe uma força combativa, determinada e firme na defesa dos interesses e aspirações dos trabalhadores e povo grego. Uma força portadora da real alternativa que os povos têm defronte de si face à crise do capitalismo – o Socialismo! É por ele que lutamos, é por ele que continuaremos a lutar antes, durante e depois das eleições!

Viva a solidariedade internacionalista!

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