Com a aprovação deste orçamento encerra-se mais uma farsa, com o resultado esperado.
As grandes potências, mais uma vez, impuseram a sua lei e forçaram um orçamento ainda abaixo da proposta anteriormente apresentada pela Comissão Europeia, já de si ao nível da indigência.
O Parlamento verberou a proposta de orçamento mas, como sempre, aprovou-a, cumprindo o seu papel de caixa-de-ressonância do Conselho – num e noutro ecoam mais forte as vozes e os interesses das grandes potências.
Num processo de integração capitalista do tipo da UE, a dinâmica de divergência tende a acentuar-se – consequência da livre concorrência no mercado único, das políticas comuns e, de uma forma geral, dos princípios inscritos nos Tratados. Agravam-se as desigualdades entre países e regiões.
O orçamento teria um papel determinante na mitigação (e, desejavelmente, mesmo na reversão) desta dinâmica de divergência e de acentuação de desigualdades. Porém, devido à sua exiguidade, nunca cumpriu esse papel. A novidade aqui será a de que nunca como hoje esteve tão longe de cumprir esse papel.
O orçamento reduz-se. Reduzem-se as verbas que nele são destinadas à coesão – cada vez mais, mera letra morta nos Tratados. Mesmo o que é estipulado não é cumprido, como mais uma vez se verificou em 2014, obrigando à aprovação de vários orçamentos rectificativos.