Intervenção de João Oliveira na Assembleia de República

As novas medidas de austeridade impostas pelo Governo

Sr.as e Srs. Deputados,
Sr. Deputado João Semedo,
As últimas medidas anunciadas pelo Governo geraram um crescendo da contestação popular que acabou por dar origem às manifestações a que assistimos no passado sábado e fazem, de facto, crescer no País o sentimento de que este Governo tem de ser derrotado. Já há cerca de três meses atrás, o PCP afirmou nesta Assembleia da República essa necessidade, quando apresentámos uma moção de censura, porque já então era claro para nós que a derrota deste Governo é um passo fundamental para que se encontre no País uma outra política que dê resposta não só aos problemas com que está confrontado mas que, em particular, aponte um outro caminho para o País, um outro caminho para vida dos portugueses, particularmente para aqueles que vivem dos rendimentos do seu trabalho.
E a verdade é que o sentimento de que é preciso derrotar este Governo é cada vez mais claro.
Mas também é preciso afirmar uma outra perspetiva que o PCP considera essencial: é preciso derrotar este Governo, mas é ainda preciso construir uma outra política.
Pergunto, pois, ao Bloco de Esquerda se entende ou não que, para além de derrotar este Governo, é preciso construir uma política alternativa. Ou seja, não é suficiente derrotar o Governo, é preciso derrotar a política do pacto de agressão, é preciso derrotar este programa político e este projeto político que foi subscrito pelos três partidos que têm governado o nosso País nos últimos 35 anos — o PS, o PSD e o CDS-PP. Isto porque cada dia que passa se torna mais claro que é um projeto político que tem apenas um único objetivo: fazer os trabalhadores pagar a crise do capital com os seus salários, degradando as suas condições de vida, as suas condições de trabalho, uma crise que não criaram, uma crise que é da responsabilidade do capital e que este pacto de agressão das troicas, nacional e estrangeira, pretendem pôr às costas dos trabalhadores e do povo.
A questão que lhe coloco, Sr. Deputado João Semedo, é a de saber se é ou não preciso, para além de derrotar este Governo, derrotar a política do pacto de agressão e construir uma política alternativa e de esquerda que dê um outro rumo não só ao povo português mas também ao País.

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