A falta de habitação é hoje um problema social grave que atinge amplas camadas populares e diferentes grupos sociais, mas é um problema mais grave para camadas e grupos da população que, em cima dos problemas gerais, acumulam também os problemas da discriminação, do racismo, da xenofobia, da marginalização, do preconceito.
Exemplos nos migrantes, das comunidades ciganas, das pessoas com deficiência, dos idosos, das pessoas em situação de pobreza ou exclusão social, das vítimas de violência doméstica ou de tráfico, são alguns dos exemplos mais flagrantes de grupos e camadas que acumulam esses duplos problemas.
Ora, tentar criar soluções específicas para cada uma dessas camadas ou grupos sociais não só não é eficaz, como dá à sociedade a ideia errada de que se desconsidera o problema geral da habitação para apenas atender a essas situações específicas.
E, portanto, o que precisamos é de políticas que deem respostas globais e integradas ao problema da falta de acesso à habitação, abrangendo todas as camadas e segmentos da população que não conseguem encontrar uma solução de habitação, mas tendo em conta as necessidades específicas e integrando nessas políticas a resposta específica para cada um desses grupos ou camadas sociais.
O investimento na oferta pública de habitação e o apoio a soluções de habitação a custos controlados, como é o caso das cooperativas, são alguns dos instrumentos dessas políticas gerais que precisamos e em que temos que encontrar essas soluções específicas de que falava.
Ficar à espera que seja o mercado a resolver o problema não nos vai dar a solução, pelo contrário, o mercado é uma boa parte da origem do problema da habitação que temos hoje em toda a Europa e, naturalmente, o investimento nestas políticas tem de ser suportado, em primeiro lugar, a partir dos orçamentos nacionais, mas também com o contributo que o orçamento da União Europeia pode dar, particularmente com o financiamento adicional e específico a partir da União Europeia para o apoio a essas políticas gerais de habitação.