O PCP já deixou muito claro que não acompanha esta moção de censura.
Não por que o Governo não mereça ser censurado, mas porque esta moção de censura é apresentada pelo partido mais censurável desta Assembleia, e que apresenta esta moção para afastar as atenções da censura pública que recai sobre si próprio.
Até por que o Partido censurante não é oposição ao Governo. Nas 33 votações que já ocorreram sobre propostas de lei deste Governo, o Chega só votou contra 4, incluindo o Orçamento do Estado, em que só votou contra porque o PS lhe fez o favor de se abster, permitindo-lhe continuar a fazer oposição da boca para fora.
Dito isto, o Senhor deve explicações ao país sobre o caso que o envolve, porque, independentemente do que é essencial, que são as opções políticas do seu Governo, não podem subsistir dúvidas sobre a idoneidade pessoal de um Primeiro-Ministro ou de um qualquer governante, para o exercício do cargo, e a confusão entre o exercício de funções públicas e a prossecução de interesses empresariais privados de alguém que exerce funções governativas é algo que não pode subsistir.
Senhor Primeiro Ministro,
O que merece um forte juízo de censura da parte do PCP é a ação política do seu Governo. A degradação do Serviço Nacional de Saúde que se acentua a cada dia que passa, o desastre que é a política de habitação, a falta de resposta aos problemas da escola pública, uma economia que continua assente nos baixos salários e na precariedade das relações de trabalho, o aumento da pobreza e das desigualdades, o anúncio repetido de medidas futuras para esconder a ausência de medidas no presente capazes de resolver os problemas que afetam e preocupam realmente os portugueses: o dinheiro que não chega ao fim do mês, a indignação perante as injustiças, a incerteza quanto ao futuro.
O PCP não acompanha esta moção, vinda de onde vem e vindo ao que vem, mas rejeita este Governo, não se conforma com as consequências desastrosas da sua política e continuará a lutar por uma política alternativa.
