Intervenção de Jaime Toga, Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP, XXII Congresso do PCP

A organização do Partido

Ver vídeo

''

Aqui está o Partido Comunista Português, realizando o seu XXII Congresso, analisando a realidade em que intervém, reafirmando a sua confiança na força e capacidade dos trabalhadores e do povo para enfrentar os tempos difíceis que se perspectivam, consciente de que pela frente temos tempos de resistência e de luta, mas também tempos para enfrentar o que aí está, com coragem, determinação e capacidade de iniciativa.

Aqui estamos prestando contas do trabalho realizado.

Aqui está esta força de Abril, para tomar iniciativa com os trabalhadores e o povo, valorizando e estimulando o esforço e contributo individual, integrado no trabalho e na acção colectiva.

Aqui estamos sublinhando com orgulho a resposta dada pelo colectivo partidário nos últimos anos, que assegurou não apenas o funcionamento da organização no seu todo, mas também a intervenção política, designadamente no plano da iniciativa, do esclarecimento e mobilização das massas, da dinamização da luta. Uma acção notável desenvolvida no quadro de uma crescente ofensiva ideológica e num contexto de enorme desproporção de meios e recursos face ao capital.

Valorizamos o imenso trabalho realizado, mas bem cientes das nossas dificuldades e insuficiências, dos atrasos e deficiências no trabalho de organização.

Temos consciência de que a força do Partido e a sua capacidade de cumprir o seu papel histórico decorrerá, em grande medida, da sua organização e do seu reforço, da sua capacidade de superar as dificuldades e insuficiências; do aproveitamento das potencialidades e reais condições para reforçar cada uma das organizações, partindo das questões concretas, ligando o Partido à realidade, intervindo, tomando a iniciativa, recrutando e responsabilizando, envolvendo outros e contribuindo para a elevação da consciência política e social, dinamizando a luta e afirmando a alternativa.

Por isso, aqui estamos para procurar caminhos para um Partido mais forte e organizado, onde mais camaradas assumam responsabilidades e tarefas regulares de modo a fortalecer a capacidade de direcção e estruturação partidárias, com a criação de novos organismos, um melhor funcionamento dos existências e uma maior capacidade de intervenção e acção políticas.

E se é verdade que termos 2183 organismos em funcionamento nos dá perspectivas imensas de intervenção, é igualmente verdade que o seu papel ficará por cumprir se estes organismos não funcionarem com regularidade, se não distribuírem tarefas entre os seus membros, ou se não analisarem e agirem sobre os problemas dos trabalhadores e das populações do seu âmbito de acção.

Ligar mais (ou ligar ainda mais) o Partido à vida é o papel que se coloca no momento actual às nossas organizações, num processo que nos levará a centrar a intervenção na resposta aos problemas concretos, nos anseios e aspirações dos trabalhadores e do povo, articulada com a luta por uma política alternativa e uma sociedade mais justa. Trata-se de um estilo de trabalho que, constituindo uma prática do Partido ao longo da sua existência, ganha no contexto actual ainda maior importância.

É com esta consciência do papel dos comunistas e do PCP que, na sequência da Conferência Nacional e face à situação actual e à sua evolução, as Teses em discussão no Congresso destacam a importância da dinamização da acção do Partido de forma integrada e que contribua para que sejamos capazes de cumprir com o nosso papel como partido comunista, com coragem, resistência e iniciativa… sejam quais forem as condições de luta nos próximos anos.

Uma acção que garanta a afirmação do Partido, da sua identidade comunista e do seu projecto, contrapondo às injustiças, às desigualdades e à guerra que o capitalismo promove, a sociedade nova liberta da exploração, da opressão, das desigualdades, das injustiças e dos flagelos sociais; sociedade em que o desenvolvimento das forças produtivas, o progresso científico e tecnológico e o aprofundamento da democracia económica, social, política e cultural assegurarão aos trabalhadores e ao povo liberdade, igualdade, elevadas condições de vida, cultura, um ambiente ecologicamente equilibrado e respeito pelo ser humano.

Uma acção partidária que tome a iniciativa, partindo de uma permanente e estreita ligação às massas, conhecendo a realidade concreta de cada freguesia, de cada bairro, de cada empresa ou local de trabalho; sendo capaz de intervir sobre essa realidade, garantindo uma intervenção ligada aos problemas e aspirações dos trabalhadores e das populações e na luta para lhes dar resposta.

Uma acção que dessa forma garanta uma ampla iniciativa política, incluindo no plano institucional, que responda aos problemas mais urgentes e afirme a política alternativa patriótica e de esquerda. Uma intervenção que denuncie a política de direita, os seus responsáveis e quem com ela beneficie; que seja capaz de transportar para o plano institucional a luta, as aspirações e os anseios dos trabalhadores e do povo; mas que seja igualmente capaz de levar aos trabalhadores e ao povo o trabalho distintivo dos eleitos comunistas, fazendo da divulgação do trabalho institucional também um elemento de estimulo e dinamização da luta pela alternativa.

Uma acção partidária que contribua objectivamente para a intensificação da luta dos trabalhadores e das populações e para o fortalecimento das organizações e movimentos de massas.

Uma acção partidária capaz de intensificar e alargar o trabalho com democratas e patriotas, apontando os valores de Abril e a defesa da Constituição como elemento de unidade, acção e luta pela ruptura com a política de direita, que interrompa o processo contra-revolucionário e abra caminho a uma alternativa patriótica e de esquerda.

Uma acção partidária que tenha em conta o reforço do Partido, com o recrutamento e integração de mais camaradas, garantindo que há mais militantes responsabilizados por tarefas concretas e regulares, que avançamos no funcionamento regular dos organismos, que os organismos estão ligados à vida e intervêm politicamente, que cuidam do seu trabalho de propaganda, mas também cuidam da organização partidária, da ligação aos militantes, da recolha de quotas, da difusão do «Avante!» e d`«O Militante».

Camaradas,

Sejam quais forem as circunstâncias que enfrentaremos, o reforço do Partido é condição primeira para a alternativa que o País precisa.

São os trabalhadores, é o nosso povo, é o nosso país que precisa da coragem política, da consistência, determinação e do reforço do PCP.

E, por mais difícil e complexo que seja o tempo que vivemos, o PCP não faltará, como nunca faltou.
Que este Congresso seja mais um exemplo de que este Partido está à altura das exigências que enfrenta.

Viva o XXII Congresso do PCP!
Viva a JCP!
Viva o PCP!

  • XXII Congresso
  • Central
XXII Congresso