Camaradas,
Vivemos um tempo exigente, um tempo de resistência e de acumulação de forças e iniciativa, como se afirma no Projecto de Resolução Política do nosso XXII Congresso e, por isso, um tempo de grandes desafios!
Quem olhar para a história do Partido Comunista Português verificará que desde os longínquos anos da sua fundação, este Partido que aqui está em Congresso, nunca teve uma vida fácil, mas nunca desistiu.
Ilegalizado quase à nascença, não aceitou a sentença da sua liquidação e partiu para a luta pela conquista da liberdade e a democracia, correndo os maiores riscos e atravessando as mais tenebrosas conjunturas. Partiu para fazer história e construir futuro, num trajecto de vida que é centenário, sem vacilar, nem se deixar intimidar, assumindo com honra o seu papel de vanguarda da luta contra a exploração capitalista, tendo no horizonte a construção da sociedade nova – o socialismo.
Esse papel que emana da sua natureza de Partido da classe operária e de todos os trabalhadores e que se expressa num projecto político distinto e oposto ao das classes dominantes.
Esse papel que lhe impôs e nos impõe hoje, contribuir para a organização da luta do povo trabalhador e suas organizações capazes de garantir de forma autónoma a sua própria defesa e aspirações, bem como de todas camadas anti-monopolistas, apontando caminhos e propondo políticas para cada etapa histórica. Ontem na realização da Revolução Democrática e Nacional, hoje pela Democracia Avançada, na luta pela qual se insere a que agora travamos pela concretização de uma política alternativa e por uma alternativa política patriótica e de esquerda.
Sucederam-se gerações de combatentes e direcções partidárias, mas o que a história nos diz é que o PCP nunca faltou ao permanente compromisso que assumiu com os trabalhadores e o povo na defesa dos seus interesses e aspirações.
O que a história nos diz, é que este Partido, nas maiores das dificuldades e adversidades que enfrentou, encontrou sempre forças para se erguer e avançar e cumprir os seus compromissos com os trabalhadores e povo!
Pense-se apenas, onde já não iria o processo contra-revolucionário que dura há 48 anos, sem conseguir todos os seus objectivos e que agora o governo da AD com as costas quentes da IL e do Chega, quer levar mais longe.
Sim, onde não iriam a liquidação das conquistas de Abril e o regime democrático, a própria exploração do trabalho que seria mais profunda e de outras camadas laboriosas do nosso povo, se não fosse a luta constante, firme e leal aos seus compromissos do Partido Comunista Português.
Escolhemos, como mulheres e homens livres, o nosso caminho! E é por aí que vamos!
Faça-se o balanço à sua intervenção, seja no plano das empresas, nos campos, nos movimentos e organizações unitárias, no plano das instituições e lá encontraremos exposto e bem exposto o seu compromisso de sempre. Olhe-se com olhos de ver para as suas propostas, para as preocupações invariavelmente expressas, incluindo na Assembleia da República e lá encontraremos igualmente reflectidos os compromissos assumidos quando se trata de garantir a valorização de salários e pensões, elevar e defender direitos laborais e sociais universais à saúde, à educação, à habitação, à cultura, defender o emprego, contra os encerramentos abusivos e em defesa dos sectores produtivos e da economia nacional, garantir apoios justos à agricultura familiar ou aos micro, pequenos e médios empresários e em defesa das suas actividades.
Sim, este é um Partido de uma só cara e de uma só palavra!
Sabemos que enfrentamos adversários poderosos que têm nas mãos potentes instrumentos de manipulação política e ideológica e comunicacional.
Mas desiludam-se todos aqueles que utilizando as mais torpes mentiras, as mais vis falsificações e deturpações sobre o nosso Partido e orientação, mas também o silenciamento e omissão das soluções que tem e defende para o País nos desencorajam e desanimam no combate que continuamos a travar em todas as frentes, nas empresas e locais de trabalho, nos campos ou nas instituições as batalhas quotidianas pela melhoria das condições de vida e de trabalho do povo.
Desenganam-se aqueles que pensam ser possível levar o PCP a iludir e dissimular nos seus princípios e fraquejar um compromisso que é afinal a sua própria razão de ser e marca da sua identidade.
Que ninguém duvide. Tal como ontem, também hoje este Partido não vacilará, no cumprimento do seu compromisso de sempre com os trabalhadores e o povo.
No cumprimento do compromisso de tudo fazer para unir a classe operária e os trabalhadores, reforçar a sua organização para a defesa dos seus interesses imediatos e para assegurar o seu decisivo e imprescindível papel de protagonistas na construção de uma sociedade mais justa e mais solidária.
No cumprimento do compromisso de contribuir para intensificar e ampliar a sua luta e com ela garantir melhores condições de vida e de trabalho.
No compromisso de contribuir para a elevação da consciência política das massas populares, mostrando quanta ilusão e falácia está presente na ideologia das classes dominantes, para manter o seu sistema de exploração.
No compromisso nestes inquietantes tempos que vivemos, de lutar pela paz e contra a guerra. Sempre solidário com a luta dos povos pela libertação do jugo imperialista, pela soberania.
No compromisso de não dar tréguas à política de direita, responsável pela degradação das condições de vida do povo e pelo atraso e crescente dependência do País.
Neste combate que travamos para romper com a política de direita e pela alternativa vinculada aos valores de Abril, precisamos de um Partido mais forte.
Mais forte para intervir e tomar a iniciativa, lá onde residem as causas e os destinatários principais da razão de ser deste Partido Comunista, cumprindo o seu insubstituível papel ao lado dos trabalhadores e do povo, combatendo a exploração, as injustiças, as desigualdades, mas também a resignação, dinamizando a resistência e a luta da classe operária, dos trabalhadores e das populações, contra a política de direita, pela resolução dos problemas do País, pela ruptura e a mudança.
Sim camaradas, são grandes as exigências que se colocam ao nosso Partido e a cada um de nós!
A este Partido necessário e indispensável para a construção em Portugal de uma alternativa política e de uma política ao serviço dos trabalhadores do povo e do país.
A este Partido portador de um projecto político moderno e avançado, válido e actual, mesmo que a situação seja dura.
Nós temos confiança. Confiança neste Partido Comunista Português, no seu colectivo militante e nas nossas próprias forças.
Confiança na capacidade de acção e intervenção deste Partido que é diferente e diferente quer continuar a ser, porque esse é a matriz da sua criação e existência e o segredo da sua longevidade, da sua força e da sua capacidade de intervenção e de luta.
Aqui estamos e aqui continuamos de pé, para lutar. De pé a enfrentar a ofensiva contra Abril, com força e confiança (e eu acrescento a esperança), dispostos a seguir em frente e transformar o sonho em vida!
De pé! Sim e sempre! A luta continua!
Viva o Partido Comunista Português!