Camaradas,
Em nome da Direção da Organização Regional de Évora, saudamos a realização do XXII Congresso, os delegados e todos os convidados.
Reunimo-nos hoje com a determinação de quem reconhece a herança de um património histórico inestimável e a responsabilidade de construir no presente as bases de um futuro de emancipação e progresso.
O Distrito de Évora, tão representativo das contradições que atravessam o país, testemunha tanto a imensa riqueza do nosso território e do seu Povo como as injustiças estruturais que o atingem. Um Distrito que é palco de dinâmicas predatórias que sacrificam os seus recursos e as suas gentes aos interesses de uns poucos. A expansão desregulada das culturas superintensivas não é apenas um atentado ambiental; é um sintoma do primado do lucro sobre a sustentabilidade.
O mesmo se aplica a projetos megalómanos como o dos painéis fotovoltaicos no Divor, que desvirtuam a necessária transição energética, subordinando-a à lógica da acumulação capitalista, sem consideração pela coesão territorial e social.
Contudo, camaradas, este é também o território onde as portas de Abril se abriram com força transformadora. No Alentejo, a luta revolucionária resultou em conquistas da maior justiça e dignidade. A Reforma Agrária foi um projeto de emancipação social e política, devolvendo a terra a quem a trabalha e resgatando décadas de opressão. Ao celebrarmos os 50 anos da Revolução de Abril, devemos reconhecer, com a profundidade que a ocasião exige, este marco que transformou a nossa História Coletiva. Entre outras iniciativas que já estão a decorrer na região do Alentejo, no dia 2 de Fevereiro de 2025, em Évora, prestaremos homenagem a 50 anos desta epopeia popular e à coragem dos que tomaram nas suas mãos a construção de um futuro melhor e assumiram a consigna plena de actualidade: “a terra a quem a trabalha”.
Abril trouxe-nos também o poder local democrático. As nossas autarquias CDU, com um projecto distintivo de compromisso com o povo, são exemplos vivos do impacto positivo de uma gestão orientada pelo interesse público e pela promoção de direitos. No Distrito de Évora, esta gestão reflete-se na resposta próxima às populações, na valorização dos recursos locais e na defesa da produção e fruição culturais como pilares de desenvolvimento. A conquista de Évora Capital Europeia da Cultura 2027 é um testemunho deste trabalho, mas é, acima de tudo, uma oportunidade para afirmar o direito à cultura como essencial à dignidade humana, mesmo que agora alguns agora tentem desvirtuar o projecto vencedor.
O progresso pelo qual lutamos é conquistado nas grandes e pequenas lutas. E é isso que temos feito. Nos últimos quatro anos, estivemos ao lado dos trabalhadores da AUNDE em Vendas Novas, que a partir de um processo de unidade e organização sindical e do papel destacado dos comunistas têm desenvolvido importantes ações em defesa das condições de trabalho e do aumento dos salários, na Gestamp, na AIS em Montemor-o-Novo com a greve pelo aumento dos salários, na Shotic para que o sábado não fosse um dia normal de trabalho e com avanços na organização dos trabalhadores na Aernova, empresa do sector aeronáutico.
Estivemos com os Enfermeiros, em particular com os da Urgência do Hospital de Évora, com os mais de 1000 Professores nas ruas de Évora em Janeiro de 2023, com os Trabalhadores da Administração Pública Central e Local, em batalhas justas por direitos. Estivemos com as populações na defesa de serviços públicos, nomeadamente na saúde, como em Mora com mais de 250 pessoas, em Vendas Novas, nas silveiras, em Portel ou em Arraiolos. Estivemos e estamos na exigência do Governo assumir os compromissos para a conclusão do Novo Hospital Central público do Alentejo.
Camaradas
A preparação deste Congresso ao mesmo tempo que expôs insuficiências concretas, demonstrou as enormes possibilidades para a mobilização e para o reforço do Partido, permitindo terem sido já discutidas medidas para as potenciar. Entre outras, a questão determinante da responsabilização de quadros atingido os 100 em 2025 desde a conferência. Também se prevê o aumento no pagamento de quotas, com diversas medidas entre as quais alcançando os 200 camaradas a pagar por transferência bancaria, a criação ou regularização de 6 novas células, aproveitando o levantamento de nomes daqueles que trabalham em empresas ou sectores prioritários e dinâmicas próprias como os convívios de trabalhadores no Centro de Trabalho de Vendas Novas. O recrutamento de 45 novos militantes em 2025, começando logo no mês de Janeiro com o objectivo de 7 novos membros. Reforçar um estilo de trabalho de agitação e de presença de rua, que apesar dos avanços, está longe de ser explorado por todas as organizações.
Camaradas, somos herdeiros de um Património de Luta que nos exige não apenas preservar a memória, mas também construir novos caminhos. A força do nosso Partido reside na sua capacidade de unir, organizar e agir tomando a iniciativa.
Conscientes do caminho que precisamos fazer, confiemos na justeza dos nossos ideais, na coragem das nossas convicções e na força transformadora da luta coletiva. A História não se constrói com resignação, mas com a determinação dos que se recusam a aceitar as injustiças como inevitáveis.
Viva o XXII Congresso! Viva o Partido Comunista Português!