Intervenção de José Augusto Esteves, Comissão Central de Controlo, XXII Congresso do PCP

O quinquagésimo aniversário da Revolução de Abril

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Camaradas,

Realizamos o nosso XXII Congresso, no mesmo ano em que celebramos o quinquagésimo aniversário da Revolução de 25 Abril.

A original revolução portuguesa que os trabalhadores, as massas populares, os militares do MFA, o nosso povo, os democratas e antifascistas construíram com a sua valorosa acção colectiva. Essa portuguesa Revolução, porque aqui gerada e aqui desenvolvida com os olhos postos na nossa própria realidade, para a transformar profundamente e responder às aspirações mais profundas do nosso povo.  

Essa Revolução que chegou depois de um longo percurso de luta, onde o PCP está ininterruptamente presente, como a grande força da Resistência ao fascismo – a grande força que apontou o caminho rumo à vitória e com a ela ao abrir das portas de um futuro de liberdade, emancipação social e independência nacional.  

Revolução de facto, onde estão presente mudanças estruturais de relevo nos domínios económico, social e civilizacional que os trabalhadores e as massas populares aspiravam e tomaram como suas, nos campos do latifúndio com a Reforma Agrária, nas cidades e cinturas industriais com as nacionalizações da banca e sectores estratégicos da economia, na amplitude das lutas que travaram pela elevação das condições de vida e de trabalho que concretizaram, contra as desigualdades e pela afirmação dos princípios da igualdade.

Transformações e conquistas que significaram a liquidação do poder dos monopólios e latifúndios e que colocaram Portugal no caminho do socialismo.

Revolução em ruptura com o passado colonial, pondo fim à guerra e ao reconhecimento o direito dos povos das colónias à independência.

Foi esta Revolução libertadora e emancipadora que celebrámos, neste ano de 2024, em todo o País, com os trabalhadores e o nosso povo, em um sem número de iniciativas comemorativas próprias, sob a consigna “Abril é mais futuro”, mas também presentes e com activa militância nas milhares de iniciativas de índole popular e institucionais, nesse imenso Abril que encheu praças, avenidas e ruas e com uma dimensão inapagável o coração das cidades de Lisboa e do Porto – afirmando os seus valores e actualidade.

Milhares de iniciativas realizadas em escolas, por colectividades de cultura e recreio, sindicatos e outras estruturas do movimento popular e outros movimentos sociais, instituições ligadas ao teatro e  ao cinema, mas também e de relevo as centenas que foram promovidas pelo Poder Local.

De realce, o empenho e a iniciativa das organizações do Partido e a participação de muitos e muitos militantes do PCP em inúmeros debates, comissões populares comemorativas e na dinamização do trabalho nas mais diversas estruturas unitárias.

Comemorações que foram uma resposta memorável aos que tudo fazem e muito investem para apagar o profundo significado desta data e desse tempo fundador do regime democrático.

Comemorações populares de marcante significado pela confiança que projecta no abrir de espaço à luta pela retoma dos caminhos de uma sociedade mais justa e solidária, neste tempo em que a facção mais revanchista da contra-revolução , hoje no poder - a coligação AD -, aspira, com o apoio e em conluio com o Chega e IL , a relançar com outro vigor a sua ofensiva anti-Abril de anos e anos, destruir o que resta da Revolução e levar até absurdo o ruinoso e anti-nacional processo privatizador de tudo o que é fundamental para o desenvolvimento do País e o bem-estar do povo.

Esses que contaram ontem e contam hoje ainda com a complacência de quem se auto-proclama da esquerda, os mesmos que, em co-autoria e à vez, lideraram o processo de 48 anos de política de direita e restauração monopolista, em confronto com a Constituição da República, para servir a acumulação capitalista.
 
As recentres iniciativas reaccionárias a propósito do 25 de Novembro, são parte da operação de negação de Abril e visam legitimar o continuar do ataque às suas conquistas.

Uma operação que se complementa com uma ofensiva ideológica de objectivos mais vastos, de promoção do capitalismo projectado como a sociedade ideal e o fim da história.

Os perigos são imensos, mas o combate necessário para conter e inverter a ofensiva pode e deve ser travado com êxito. As grandiosas comemorações de Abril, mostraram que há forças bastantes que precisamos de potenciar.  

Não podemos desarmar no combate à ofensiva ideológica que aí está, particularmente às tentativas de redefinição da memória da ditadura fascista, que os poderes dominantes branqueiam e ao reescrever da história da  Revolução que  diabolizam, para lhe negar futuro.

Conter e inverter a ofensiva exige um firme combate contra a política de direita e uma acção permanente em defesa dos interesses do povo e do País. Exige a intensificação da luta de massas, o reforço da unidade e convergência dos democratas e patriotas e da influência do PCP.
 
É convictos de que a concretização dos valores de Abril são uma necessidade objectiva para um Portugal de progresso, que continuamos a afirmar que Abril vencerá!

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