Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Debate quinzenal com o Primeiro-Ministro

Aumentar salários e pensões, é isto que se impõe

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O senhor Primeiro Ministro diz que o acuso de governar para os grupos económicos mas não perde uma oportunidade para me dar razão.

Há um milhão e setecentos mil utentes sem médico de família e perante esta realidade o que faz?

Contrata, fixa e valoriza médicos, enfermeiros e outros profissionais no serviço nacional de saúde? 

Não, privatiza os cuidados de saúde primários, e transfere até ao final do ano, seis milhões de euros públicos para um grupo privado, dinheiro que vai ser usado para tentar retirar ainda mais profissionais ao SNS. 

Sem preconceito ideológico, diga lá quantos milhões mais, quer o seu governo transferir para os grupos económicos do negócio da doença, sacrificando cada vez mais o direito à saúde?

O senhor Primeiro Ministro diz que vai tomar as rédeas da TAP, significa que vai travar a privatização ou quer ser o protagonista de mais um crime económico, como tantos outros que lesaram o Estado, como foi a ANA ou mais recentemente a EFACEC - onde se impõe agora seguir o rasto dos 580 milhões de euros de recursos públicos – resultante da reprivatização.

Como sabe, são muitos os exemplos de transferências de milhões de euros públicos para os grupos económicos, aliás como o seu ministro das infra-estruturas conhece bem com o negócio da TAP comprada com o dinheiro da TAP.   

Vai o governo insistir na entrega de empresas estratégicas ao estrangeiro?

Aumentar salários e pensões, é isto que se impõe. E qual é a sua opção? 

- Procura limitar o aumento dos salários para todos os trabalhadores;

- Atira para 2028 um valor do Salário Mínimo Nacional que fica muito aquém do que já hoje é pago aqui ao lado em Espanha;

- Avança com mais redução de impostos para os grupos económicos e com novos ataques à Segurança Social, e não menos importante;

- pré-anuncia alterações às leis laborais.

Isto sim são propostas irrecusáveis, para o grande patronato que lucra milhões. 

Com o seu contributo a discussão em torno do Orçamento do Estado está marcada pela encenação e o desvio de atenções.

É este o modelo que lhe serve, ilude as suas opções de fundo e a quem serve, passa ao lado dos reais problemas do País, de uma assentada enrola o PS e o Chega e mantém o País ajoelhado às imposições da União Europeia, assumindo o objectivo de um excedente orçamental à custa dos serviços e do investimento públicos.

Num País onde 2,7 milhões de trabalhadores recebem menos de mil euros por mês, um milhão de reformados recebe reformas abaixo dos 510€, onde faltam médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais no SNS, faltam professores e auxiliares, faltam vagas nas creches e pré-escolar, faltam agentes nas forças de segurança, faltam casas para viver e residências estudantis, falta uma política de ordenamento florestal com as consequências que estão à vista; faltam salários e pensões dignas.

Senhor Primeiro Ministro, quer mesmo que Portugal seja o campeão europeu dos baixos salários e da precariedade?

Senhor Primeiro Ministro, a situação do povo palestiniano é dramática, o Médio Oriente está a ferro e fogo, os riscos da escalada da guerra aumentam.

Não fazer nada é ser cúmplice do genocídio e da escalada de guerra às mãos de Israel e dos EUA.

É urgente um cessar-fogo e o empenho de todos na Paz.

Quantas mais pessoas precisam de morrer, para que o seu governo reconheça o Estado da Palestina?

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