No âmbito da campanha nacional do PCP intitulada “Por uma Política Alternativa, Patriótica e de Esquerda”, uma delegação do PCP composta pelos deputados na Assembleia da República Honório Novo e João Ramos e pelos membros do Comité Central Agostinho Lopes e Gonçalo Oliveira, reuniu com a RAR e a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.
A produção de açúcar é, em Portugal, dependente na quase totalidade de cana-de-açúcar. No passado recente esteve instalado em Portugal uma capacidade de produção de beterraba que permitia produzir parte da matéria-prima para produção de açúcar. Depois de décadas em que o País não produziu beterraba para não se pôr em causa os interesses dos que exploravam a produção colonial de cana, e após a conquista em 1995 do direito a produzir e transformar a beterraba, a União Europeia, com a cumplicidade do Governo PS/Sócrates/Jaime Silva, impôs a redução da quota de beterraba a Portugal. Em consequência, a única unidade em Portugal que a transformava, a DAI em Coruche, teve se reconverter com recurso a fundos comunitários, para a transformação de cana. É consequência também dessa reforma de 2006 da OCM do açúcar - sob a pressão dos produtores de beterraba da Alemanha e França - a insuficiência de matéria-prima para as três refinadoras portuguesas, o que implica que estas estejam a produzir abaixo da capacidade instalada (cerca de 50%), pondo assim em risco a sua própria viabilidade futura. Este é um bom exemplo de como o interesse nacional sucumbe, recorrentemente, aos interesses dos países mais ricos da Europa e de como os governantes, dos partidos que têm governado Portugal, são incapazes de defender o interesse nacional.
O país nunca poderá ser autos-suficiente em termos alimentares, uma vez que nunca poderá produzir toda a gama de produtos alimentares consumidos, mas existe muito espaço para o equilíbrio da balança agro-alimentar, que mantém um défice que não baixa dos 3 500 milhões de euros anuais.
O sector vitivinícola, com as vinhas a ocupar cerca de 240 mil hectares, tem tido grandes progressos em qualidade de produto e na presença no mercado externo. Mas a situação do mercado vinícola na União Europeia, agravado com a Reforma da Organização Comum do Mercado dos Vinhos concretizado em 2007 (Presidência portuguesa da União Europeia sob o Governo PS/Sócrates/Jaime Silva) não torna fácil a vida dos produtores nacionais. Acresce que o conjunto de acordos de comércio que estão em cima da mesa, um concretizado (Marrocos) outro em desenvolvimento (MERCOSUL), significa a entrada na União Europeia, de concorrentes em condições desiguais de concorrência.
Mas o sector atravessa neste momento outra séria ameaça e esta com responsabilidade do Estado português. A flavescência dourada expandiu-se a grande velocidade na Região Demarcada dos Vinhos Verdes (e já chegou a outras regiões vitícolas, Bairrada e Douro) e pode provocar danos de grande dimensão.