Assinalamos neste 1º de Maio o 50º aniversário duma importante jornada de massas contra o fascismo – o 1º de Maio de 1962 – que ficará na história da resistência antifascista, em Portugal, como um marco da luta da classe operária e de todos os trabalhadores, dos democratas e patriotas contra a exploração e a opressão, pela liberdade e a democracia.
No Rumo à Vitória (1), Álvaro Cunhal, descreve o 1º de Maio de 62 como “uma das maiores, se não a maior jornada de luta antifascista desde o advento da ditadura e a maior vitória de sempre do Partido Comunista na mobilização das massas populares para uma jornada política”.
De facto, as grandes manifestações que por todo o país tiveram lugar nesse 1º de Maio – com destaque para Lisboa, onde sairam à rua cem mil manifestantes – assinalaram uma nova fase do desenvolvimento da luta no nosso país. O sucesso dessa jornada deve-se, apesar da violenta repressão (2) que recaiu sobre quem nelas participou, à profunda ligação às massas do PCP e da sua organização que lhe permitiu uma extraordinária preparação dessa jornada.
Numerosas reuniões com trabalhadores, jovens e mulheres, de norte a sul do país, apontando para objetivos que congregavam diversos sectores estiveram na base da organização das concentrações, convívios e manifestações que então tiveram lugar e para cujo êxito as acções de agitação (3) que as precedeu desempenharam um decisivo instrumento de mobilização.
Ao 1º de Maio de 62 está igualmente associada a luta vitoriosa do proletariado agrícola do Alentejo e Ribatejo que, nesse mês de Maio, e culminando um longo processo reivindicativo que envolveu numerosas e duras batalhas, viria a impor o horário das 8 horas de trabalho diário nos campos do Sul e do Ribatejo.
Assim, ao passar o 50º aniversário de tão heroicas jornadas de luta do povo português – neste momento, em que sobre a classe operária, os trabalhadores e o povo português se abate a mais violenta ofensiva desde o tempo do fascismo - ao divulgarmos no site do PCP algumas tarjetas então distribuídas, bem como documentos centrais do Partido, queremos não apenas evidenciar a importância e o significado do 1º de Maio de 1962 mas, fundamentalmente, projectar o que encerra de experiências, estímulo e confiança para as duras batalhas do presente.
(1)– designação do Relatório, apresentado por Álvaro Cunhal à reunião do CC de Abril de 1964
(2)- na brutal repressão sobre a manifestação de Lisboa foi assassinado o jovem tipógrafo Estevão Giro, militante do PCP
(3)– para as acções do 1º e Maio de 1962 foram distribuídos cerca de 300 mil tarjetas, documentos e panfletos