Extractos de emissões de Rádio Portugal Livre
(1962-1974)
Uma Emissora ao Serviço do Povo, da Democracia e da Independência Nacional
«Esse jornal sem papel nem distâncias...»
V. I. Lénine
Há precisamente cinquenta anos, a 12 de Março de 1962, rompendo a mordaça da censura salazarista e as barreiras do seu aparelho repressivo, a voz do Partido Comunista Português entrava nas casas de milhares de portugueses desta vez através da sua rádio clandestina – a Rádio Portugal Livre “... essa nova e bela voz irmã” como a saudou o “Avante!” de Abril de 1962.
Em 1962 a luta do povo português entrava numa nova fase do seu desenvolvimento. A luta dos estudantes, a luta dos assalariados rurais do sul, do Alentejo e do Ribatejo pela conquistas das 8 horas, as lutas contra a guerra colonial, a grandiosa jornada do 1.º de Maio desse ano minavam os alicerces do regime, agudizavam as suas contradições, acentuavam o seu isolamento internacional, aprofundavam a crise já visível em que se debatia e apressava o seu fim.
Esta situação colocou ao Partido Comunista Português novas exigências. Uma delas e fundamental foi a necessidade de reforçar o seu aparelho de propaganda e agitação, de intensificar a sua acção de esclarecimento, consciencialização, organização e mobilização das massas populares para a luta pelo derrubamento do fascismo.
Nesse sentido, o PCP concentrou esforços, a partir de 1961, num objectivo: a criação de uma rádio que, nas condições da feroz repressão fascista, só poderia ser clandestina e funcionar fora do país.
Foi no território da República Socialista da Roménia, na sua capital Bucareste, que foi instalada a rádio clandestina do PCP – a Rádio Portugal Livre que diariamente, ao longo de 12 anos acompanhou a luta do povo português contra a ditadura, pela liberdade e pela democracia.
Ao sintonizarem, através das ondas curtas, o indicativo musical da rádio comunista – os acordos do hino nacional “A Portuguesa” - e ao ouvirem anunciar “Aqui Rádio Portugal Livre! A Emissora Portuguesa ao serviço do Povo, da Democracia e da Independência Nacional”, os operários, os camponeses, os estudantes e intelectuais, os soldados e oficiais, os democratas e patriotas, todos antifascistas sabiam de antemão que iam ouvir palavras de confiança e de incentivo à sua luta. Sabiam o que iam conhecer o que realmente se passava em Portugal e no mundo.
Durante a sua existência, a RPL fez a leitura integral do “Avante!” e do “O militante”, deu a conhecer através de entrevistas, reportagens, depoimentos, declarações, etc. como os comunistas e outras forças revolucionárias lutavam noutros países do mundo e como expressavam a sua solidariedade à luta do povo português.
Ao longo da sua actividade várias rubricas tiveram lugar obrigatório e permanente na Rádio Portugal Livre. Uma delas foi “A voz das Forças Armadas”, transmitida todos os sábados, ininterruptamente durante 12 anos.
Foi através da Rádio Portugal Livre que pela primeira vez se fez ouvir a voz da cantora comunista Luísa Basto na canção “Avante, camarada Avante!” que viria a ser até hoje o hino de luta dos comunistas portugueses.
Uma vez mais foi então posta à prova a capacidade do Partido Comunista Português, a sua iniciativa, audácia e criatividade com a instalação e funcionamento diário de uma rádio clandestina a milhares de quilómetros de distância do país e na resolução de todos os problemas e situações que isso implicou relativamente a quadros, questões de orientação, contactos com a Direcção do Partido, designadamente o seu Secretariado, canais e fontes regulares de informação.
A Rádio Portugal Livre encerrou a sua actividade em fins de Outubro de 1974, após a realização do VII Congresso Extraordinário do Partido Comunista Português que se realizou em 20 de Outubro desse ano.
Há 50 anos: «Fala Rádio Portugal Livre!...»
In: O militante
Artigos no «Avante!»
Rádio Portugal Livre: Uma emissora portuguesa ao serviço do povo da democracia e da independência nacional
In: Avante!. - S. 6, nº 315 (Abr. 1962), p. 1
Rádio Portugal Livre - um ano de luta
In: Avante!. - S. 6, nº 327 (Mar. 1963), p. 4
Que seja encerrado o Tarrafal!
In: Avante!. - S. 6, nº 328 (Abr. 1963), p. 1
Os presos de Peniche não estão sós!
In: Avante!. - S. 6, nº 339 (Mar. 1964), p. 1
Saudação dos trabalhadores soviéticos
In: Avante!. - S. 6, nº 342 Nº Especial (Maio 1964), p. 1
Combates em Moçambique!
In: Avante!. - S. 6, nº 343 (Jun. 1964), p. 1
Os crimes da C.P. exigem castigo e indemnizações!
In: Avante!. - S. 6, nº 345 (Ago. 1964), p. 1 e 3
Fora com os alemães!
In: Avante!. - S. 6, nº 346 (Set. 1964), p. 3
3.ª Conferência da F.P.L.N.! Novo passo para o reforçamento da unidade anti-fascista
In: Avante!. - S. 6, nº 348 (Nov. 1964), p. 1 e 2
Ante o criminoso desinteresse do governo chamamos o povo das zonas sinistradas à luta organizada, firme e unida : Ainda a catástrofe de 25 de Novembro
In: Avante!. - S. 6, nº 387 (Jan. 1968), p. 1 e 2
A presença das mulheres portuguesas no Congresso Mundial em Helsínquia
In: Avante!. - S. 6, nº 405 (Ago. 1969), p. 4
Artigos n' «O militante»
Entrevista de Álvaro Cunhal à Rádio Portugal Livre
In: O Militante. - S. 3, nº. 117 (Jun. 1962), p. 1-5
Sobre o momento político actual: Álvaro Cunhal fala à Rádio Portugal Livre
In: O Militante. - S. 3, nº. 161 (Jun. 1969), p. 1-8