Áudio
Os grandes interesses económicos e financeiros, os que os servem no poder político e nos aparelhos de difusão ideológica e que tudo fazem para ter na mão um país resignado e conformado ao avanço da sua brutal ofensiva, da sua política e dos seus programas de austeridade, tiveram esta semana uma magnífica resposta dos trabalhadores portugueses – uma grande, ampla e vigorosa Greve Geral que daqui saudamos!
Uma resposta que, antes de mais, é a vitória da coragem, contra o fatalismo das inevitabilidades sem fundamento, nem justificação a que tais interesses querem condenar o nosso país e o o nosso povo.
A resposta dos que não aceitam que tudo fique como está e assim continue. A resposta dos que não abdicam de prosseguir o caminho da construção da mudança e da alternativa que esta notável Greve Geral reforça e anima.
Todos sabemos que a solução política que concretize a ruptura necessária com tais interesses e a sua política de direita não está ao virar da esquina.
Que essa luta é feita de muitos combates e em muitas frentes, no plano da luta de massas, da luta institucional, mas também no plano da luta eleitoral como aquela que agora travamos nas eleições para a Presidência da República.
Mas o que esta greve mostra, pela sua amplitude, é a força imensa dos trabalhadores que dá confiança para as lutas futuras que temos que travar para fazer frente à ofensiva colossal que aí está pela mão do Governo do PS e do PSD, e à que preparam para concretizar nos próximos anos em conjunto com o grande capital europeu e nacional e os poderes que na Europa servem o grande capital económico e financeiro.
Neste combate os trabalhadores portugueses não estão sozinhos, por todo o lado os trabalhadores e os povos estão a travar importantes combates em defesa das suas condições de vida, fazendo frente à guerra declarada pelos grandes centros do capital económico e financeiro aos salários, aos direitos laborais, ao emprego, ao sistema de protecção social, aos serviços públicos e à soberania dos povos.
Nós já vimos que tais interesses e tais poderes querem a rendição sem condições dos povos, como o impuseram a acção conjugada dos partidos do poder na Irlanda e na União Europeia ao povo irlandês, lá e cá, sempre em nome do interesse nacional ou da Europa, mas de facto para garantir e salvaguardar os interesses dos mega bancos, da alta finança, das grandes potências que impõe a sua ordem imperial.
Hoje, na Assembleia da República, PS e PSD consumaram o resultado dos seus acordos no âmbito dos PEC com a viabilização do seu Orçamento de Estado para o próximo ano, depois de encenadas divergências, das muitas zangas faz-de-conta, dos dramas de “faca e alguidar” que ambos protagonizaram nestes últimos três meses.
Encenações dramatizadas que não se fundamentavam em reais diferenças nas medidas ou nas soluções políticas que apenas tinham subjacente o propósito de iludir a identidade de pontos de vista sobre o programa de austeridade e do Orçamento, garantir a sua aprovação a pretexto do interesse nacional e dar credibilidade ao rotativismo da alternância sem alternativa, entre PS e PSD, que apenas tem desgovernado o nosso país.
Um Orçamento que é um inqualificável programa de austeridade que irá atingir de forma brutal as condições de vida dos trabalhadores e de outras vastas camadas da população e lançar o país numa ainda mais dramática crise.
Um Orçamento de retrocesso social, injustiça e ruína nacional que empurra para cima das costas dos trabalhadores e do povo o fardo de uma crise que tem causas e responsáveis muito concretos a quem nada se pede, antes tudo se continua a garantir para continuarem as suas actividades de espoliação das classes trabalhadoras e do nosso povo.
Um Orçamento com medidas que atingem duramente os rendimentos do trabalho – os salários e todas as reformas e pensões –, sem excepção. Que ataca com uma ferocidade inaudita os salários e os direitos dos trabalhadores da administração central, local e do sector empresarial do Estado.
Medidas que cortam de forma cega nos apoios às camadas da população mais desprotegidas e mais carenciadas, nomeadamente os desempregados e aos que caem na pobreza e na exclusão social. Que impõe novos cortes no abono de família e nas comparticipações nos medicamentos. Que ataca o sistema de protecção social e corta nas funções sociais do Estado, nos sectores da saúde, da educação, da segurança social.
Um Orçamento que é também um autêntico roubo fiscal realizado aos rendimentos do trabalho e às reformas, quer pela via do aumento do IRS, quer pelo aumento do IVA que penaliza particularmente o consumo das camadas populares.
Entretanto, soube-se ontem que o tal novo imposto anunciado para a banca rondará os cem milhões de euros. Ridículo! É este o contributo que a banca, comparativamente aos 5 mil e 200 milhões de euros que se pedem aos salários, à protecção social, saúde e segurança social, para reduzir o défice. Nem metade do que tiram ao abono de família! Menos de metade do que tiram aos desempregados e ao rendimento social de inserção!
Uma participação que não chega a compensar o que em cada ano a banca não paga de IRC e que no ano passado, segundo a própria Associação de Bancos Portugueses, não ultrapassou uma taxa efectiva de 4,3% sobre os seus lucros e este ano a taxa efectiva nos primeiros 9 meses ronda os 9%. Nem metade do que deviam pagar! Milhões de euros que não participam no tal esforço que dizem ser nacional.
De facto, trata-se de um imposto que é um bluff! Areia para os olhos do povo!
É bem verdade que este é mais um Orçamento que pede tudo a quem menos pode e quase nada aos que muito têm: – aos grandes grupos económicos e ao grande capital financeiro. Que mais uma vez reduz a participação do capital no bolo dos impostos e faz crescer a do trabalho. Que mantém as isenções, benefícios e mordomias para os grandes interesses económicos e financeiros que permanecem intocáveis.
Tudo isto mostra quanta hipocrisia há na afirmação de José Sócrates que este é um Orçamento para defesa do emprego e do Estado Social e que as suas medidas são equitativas na distribuição dos sacrifícios.
Não é por acaso que em ano de crise e quando se impõe um tão grande sacrifício aos trabalhadores e à generalidade do povo, os lucros da banca e dos grandes económicos continuam a ir de “vento em pompa”, a confirmar que a crise não é para todos.
Grandes lucros que são o produto da espoliação dos sectores produtivos e dos portugueses em geral e da fuga aos impostos com as habituais engenharias fiscais. Só os quatro maiores bancos privados arrecadaram 4,1 milhões de euros por dia nestes primeiros nove meses de 2010.
A Brisa 401,7 milhões, mais 282% do que no mesmo período do ano anterior; a Galp 266 milhões, mais quase 50%; a PT 5 617 milhões, quase mil e quinhentos por cento de aumento. A EDP 870 milhões, a SONAE 98 milhões, mais 206%, a Jerónimo Martins 194 milhões, mais quase 40%.
No seu conjunto, os 17 principais grupos económicos acumularam nos primeiros nove meses do ano 9 mil milhões de euros de lucros, aumentando quase 160% os seus lucros em relação ao mesmo período do ano passado, confirmando não só que a crise não lhes bate à porta, como é nestes períodos que os seus lucros sobem em flecha!
O sentimento de impunidade por parte do grande capital é tal que têm o descaramento de ao mesmo tempo que defendem medidas de austeridade para o povo, decidem e agem com uma desmedida insolência como se o país fosse o seu paraíso fiscal.
O que se passa com a Portugal Telecom, agora também com a Portucel é um escândalo. Em relação à PT conseguiu não pagar um cêntimo de imposto pelas mais-valias que obteve com a venda da Vivo à telefónica e depois decide, ainda por cima, antecipar o pagamento de dividendos em 2010, garantindo assim uma “poupança” fiscal de 260 milhões de euros, por comparação com o pagamento dos mesmos dividendos em 2011. A Portucel segue-lhe as pisadas e outras vão no mesmo caminho.
O défice das contas públicas só é problema, para estes senhores, quando se trata de pôr o povo a pagar! Mas se este Orçamento é um Orçamento que aumentará as injustiças e as desigualdades, ele trará também uma crise ainda maior.
As suas medidas conduzirão não à solução dos problemas do país, mas a uma nova recessão económica, a mais desemprego e ao aumento dos défices estruturais que vão acrescentar mais crise à crise existente, pondo em causa a sobrevivência de milhares de micro, pequenas e médias empresas, designadamente as que trabalham para o mercado interno, com a penalização do consumo popular e a quebra brutal do investimento público em geral e no PIDDAC, mas também com a extorsão de 300 milhões de euros às autarquias locais e com o novo banquete de privatizações a favor do grande capital.
Medidas que terão um impacto negativo muito significativo no desenvolvimento regional e local, nos programas de infra-estruturas nas diversas regiões e no próprio emprego regional.
Os últimos dados sobre o desemprego e as projecções que as diversas instituições vão divulgando revelam que o prosseguimento desta política vai aumentar de forma dramática ainda mais o drama de milhares de famílias, cujos seus membros perderam o emprego e alguns estão inclusive à beira de perder o acesso ao subsídio de desemprego. Os últimos dados que o INE divulgou sobre o emprego do 3º trimestre de 2010 dizem-nos que mais uma vez ultrapassamos todos os recordes absolutos e relativos do desemprego no nosso país.
Em termos restritos o desemprego ultrapassou a barreira dos 600 mil desempregados, que corresponde a uma taxa de desemprego em sentido restrito de 10,9%. Enquanto em sentido lato, incluindo os inactivos disponíveis, o desemprego atingiu no final do 3º trimestre os 761.500 desempregados, ou seja, a taxa de desemprego em sentido lato é agora de 13,5%. A esta taxa de desemprego a nível nacional de 10,9% no 3º trimestre, corresponde uma taxa de desemprego no Alentejo de 11,6%.
É o próprio desenvolvimento do país que está em causa com este programa de austeridade, com este Orçamento e com as políticas que o suportam. É a continuação da destruição da nossa capacidade produtiva que vai acentuar o endividamento e a dependência do país, agravando todos os problemas nacionais.
Por aqui se vê que são muitas, concretas e justas as razões da luta dos trabalhadores e do nosso povo! Que a sua luta é necessária, porque só a luta dos trabalhadores portugueses e do nosso povo pode conter e romper o cerco que a trama dos grandes interesses permanentemente tece, para manter o seu domínio e impor a sua ordem exploradora! A trama dos interesses insaciáveis!
Ainda não estavam aprovadas estas medidas e já avançam com novas de exigências para levar mais longe o ataque aos rendimentos e condições do trabalho. Aí temos outra vez as organizações do grande patronato nacional e a Comissão Europeia a reclamar novas alterações da legislação laboral, mais aumentos do tempo trabalho, novas reduções dos salários, a que chamam redução dos custo do trabalho e à redução da sua participação das contribuições para a segurança social, pondo em causa o seu financiamento.
Toda a evolução da situação nacional e internacional mostra que o grande capital e os poderes que o suportam estão empenhados a levar tão longe quanto possível a sua acção exploradora.
Só a luta e acção política consciente do que está em jogo, pode abrir espaço a uma ampla contra-ofensiva popular, isolar social e politicamente os que se alimentam da exploração do trabalho e dos povos e construir com as massas a mudança necessária que concretize o Portugal de progresso, de justiça e solidário a que aspiramos. Só a luta e a acção esclarecida pode derrotar a política de direita do actual governo e os falsos projectos de mudança do PSD que mais não são que a continuação também da sua política de direita de sempre.
Portugal não está condenado a escolher entre os Srs. Dupond & Dupond, entre os que, no essencial, conduzem a mesma política, chamem-se eles José ou Passos, como antes se chamavam Guterres e Barroso.
A solução dos problemas do país, há-de passar também pela ruptura com este círculo vicioso em que enredaram a democracia portuguesa. E isso passa antes de mais por fortalecer a luta e este Partido Comunista Português! O que lhe poderemos assegurar é que este Partido não dará tréguas ao combate para romper e inverter esta situação!
Diziam que este era um Orçamento necessário para acalmar os mercados, para conter a gula dos especuladores em relação à dívida do país. Justificaram todas estas medidas com tal objectivo. Mas o que é que aconteceu e está a acontecer?
Os juros da dívida não só não desceram, como subiram sucessivamente batendo novos recordes, confirmando o que o nosso Partido dizia: que não era pela redução do défice que pararíamos a especulação. Não era com a viabilização do Orçamento cá, como não é, nem foi com a chamada “ajuda externa” à Irlanda, ajuda que é como quem diz, imposição forçada pelas grandes potências da União Europeia para salvarem os seus mega bancos, com uma nova drenagem de fundos públicos para o sector financeiro.
Bela “ajuda” essa, que para cobrir os desmandos da jogatina financeira e dos seus negócios obscuros, provoca novos e mais pesados sacrifícios para o povo Irlandês e dá mais um golpe na soberania do Estado irlandês.
É essa ajuda que aqui também alguns desejam impingir, nomeadamente aqueles que, perante o fracasso e o isolamento do governo do PS, pensam num poder tutelado pelo FMI com a cobertura de toda a direita para aplicar um ainda mais gravoso e brutal programa de austeridade, sob a capa da inevitabilidade da imposição externa.
A travagem da especulação sobre a dívida pública, com as taxas de juro de agiotagem que estão a ser praticadas exigia uma solução política. Uma mudança de orientação do Directório das grandes potências, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu. Tal como exige também uma ruptura com as orientações políticas que conduziram o país a esta situação de grave dependência.
O PCP considera que a resposta a este saque aos recursos nacionais a que assistimos não está, nem em novas medidas ditas de austeridade ou cedências perante a agiotagem e os interesses do grande capital por parte do Governo português, nem no recurso ao FMI ou ao fundo de garantia da União Europeia.
Por mais que se reduza o défice, a especulação vai continuar. Os pretextos variam. Hoje é a dimensão da dívida, ontem era a teoria do contágio, amanhã especulam com a suposta incapacidade do país para fazer face aos compromissos de endividamento decorrentes da mais que certa recessão económica que a política de submissão à ditadura do défice impôs ao país e que este Orçamento hoje aprovado igualmente promove.
Especulam porque com as premissas da União Económica e Monetária e a política do BCE lhes permite altas vantagens, ganhar rios de dinheiro. Especulam porque encontram da parte do governo português a atitude obediente e servil, de quem está sempre pronto para ceder a nova chantagem, a impor mais sacrifícios aos trabalhadores e ao povo, a comprometer a situação do país.
O nosso Partido considera que a gravidade a que esta situação chegou, e os seus prováveis desenvolvimentos durante os próximos meses, reclama da parte do Governo português uma mudança radical de atitude no sentido da defesa dos interesses nacionais.
Da nossa parte, da parte do PCP consideramos que o Estado português deverá desenvolver de imediato as medidas adequadas visando a diversificação das suas fontes de financiamento, procurando outras fontes mais vantajosas fora daquelas que nos estão a ser impostas pelos “mega-bancos” da União Europeia e dos EUA.
Mas é preciso ao mesmo tempo, desenvolver uma política activa de emissão de Dívida Pública dirigida a investidores individuais nacionais – Certificados de Aforro e Certificados de Tesouro – remunerados a taxas convidativas à captação da poupança nacional.
Tal como é preciso uma intervenção firme do governo junto da União Europeia visando pôr fim aos instrumentos que permitem a actual especulação financeira, nomeadamente propondo e lutando por uma alteração dos estatutos e das actuais orientações e à falsa autonomia do Banco Central Europeu, é também necessária uma intervenção pela imediata suspensão do Pacto de Estabilidade e das políticas liberalizadoras e privatizadoras, e pôr fim aos paraísos fiscais, à livre circulação dos capitais e pela taxação dos movimentos de capitais especulativos.
Mas acima de tudo é preciso resolver a questão mais decisiva e estratégica que se coloca para responder ao problema do endividamento externo: - a decisiva questão do crescimento económico e o desenvolvimento de uma política de defesa e promoção da produção nacional, na indústria, na agricultura e nas pescas, capaz de adoptar uma política de Estado de produção nacional de produtos importados que permita que o país, em vez de produzir cada vez menos para dever cada vez mais, produza e exporte cada vez mais para dever cada vez menos.
É isso que é preciso fazer para resolver o problema do endividamento que não é novo e que só agora alguns parecem ter descoberto e que é o resultado e um dos mais graves sintomas da política de desastre nacional que PS, PSD e CDS, com o apoio do actual Presidente da República têm imposto ao país.
De facto, como há muito o PCP vem alertando, o problema central do país não era o défice público ou a dívida pública, mas sim a dívida externa global (pública e privada) em consequência de um processo de desindustrialização, de degradação e do abandono do aparelho produtivo, das privatizações, do domínio do capital estrangeiro sobre a economia nacional, da entrada de Portugal na União Económica e Monetária e de uma política monetária e cambial conduzida pelo Banco Central Europeu e pelos interesses da Alemanha.
Contrariar esta tendência e este rumo para o desastre exige uma política de ruptura com as actuais orientações e uma nova política patriótica e de esquerda que dê prioridade ao país e aos interesses dos portugueses e não aos do grande capital monopolista e latifundiário. Uma política patriótica de defesa da produção nacional, nomeadamente da nossa agricultura que tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento do país e desta região. Já se perdeu tempo demais para fazer o que tem que ser feito: - pôr com urgência PORTUGAL A PRODUZIR!
Desde logo, é preciso trabalhar para garantir a soberania alimentar que não está assegurada e que cada vez mais é posta em causa pela difícil, para não dizer dramática, crise que se arrasta no sector agrícola. Crise que tem como únicos responsáveis a política de direita e da PAC, conduzidas por responsáveis de sucessivos governos e que conduziu à desertificação e despovoamento crescente do mundo rural e de vastos territórios do país.
Há muito que o PCP clama e luta contra esta política, contra a destruição persistente da nossa produção agrícola, contra o crime da liquidação da Reforma Agrária, contra o empobrecimento dos pequenos e médios agricultores, a desertificação do mundo rural. E sempre essa luta, articulou o combate político para travar a violenta ofensiva contra a agricultura portuguesa, com a apresentação de medidas e propostas para a revitalização económica dos campos portugueses. E desde logo pela exigência de uma nova política agrícola para o país e de uma nova Reforma Agrária nos campos do Sul.
Uma Reforma Agrária que liquide a propriedade latifundiária e o absentismo, ponha fim à cultura do subsídio sem correspondência com a produção e entregue a terra a quem a trabalhe a título de propriedade ou de posse, a pequenos agricultores e rendeiros, a cooperativas de trabalhadores rurais ou de pequenos agricultores ou a outras forma de exploração da terra por trabalhadores.
Uma reforma que avance com a criação de um banco de terras do Estado que permita o acesso à terra a jovens agricultores, a trabalhadores e a pequenos agricultores com terra insuficiente. Propostas que asseguram apoios efectivos prioritariamente dirigidos à defesa e alargamento da produção nacional, à satisfação das necessidades do mercado interno, aos pequenos e médios agricultores.
Que responda à efectiva defesa dos agricultores/rendeiros com a suspensão e renovação da legislação de liberalização do mercado do arrendamento rural que PS com o apoio do PSD e CDS impuseram aos agricultores, para favorecer os grandes proprietários e os grupos económicos, como acontece na Herdade da Comporta. Uma saudação muito especial também à sua luta e o nosso apoio às suas justas reclamações de anulação da legislação e pela renovação dos contratos.
Uma reforma também da Política Agrícola Comum. Essa PAC que está agora em revisão e que continua a apontar num sentido da liberalização dos mercados o do fortalecimento do agro-negócio transnacional, ou seja na lógica neo-liberal imposta pela organização mundial de comércio, com os resultados que todos conhecemos. Essa PAC tem levado quer em Portugal quer no resto da Europa ao abandono da actividade de milhares de pequenos e médios agricultores e os que ainda resistem fazem-no em condições muito difíceis. Existem alternativas a esta politica e o PCP tem-nas.
Defendemos uma PAC que inverta as prioridades de apoio à grande agro-indústria para passar a apoiar a produção nacional, que respeite e apoie os agricultores produtores de alimentos, (nomeadamente as pequenas e médias explorações) que redistribua os apoios entre agricultores e países, que possua mecanismos de intervenção que garantam preços justos na produção, com apoios escalonados e plafonados, respeitadora do meio ambiente, que privilegie o abastecimento local e que acima de tudo respeite a soberania alimentar de cada país e o direito da populações a produzirem os seu próprio alimento, e só assim poderemos responder aos desafios do futuro.
É por uma alternativa que relance o país na senda do progresso e do desenvolvimento que continuamos o nosso combate, neste e noutros domínios, nomeadamente no plano do desenvolvimento industrial e do aproveitamento e valorização dos nossos recursos nacionais.
A situação a que nos conduziu a política de direita, os profundos problemas com que o País se debate, a gravíssima situação social, colocam com premência uma mudança de rumo na política nacional a que só o PCP pode dar resposta com o seu projecto, a sua força e capacidade de mobilização, a sua ligação e enraizamento nos trabalhadores, na juventude, no povo.
É no quadro da luta por uma alternativa, por um novo rumo para o país e perante a actual ofensiva que as eleições presidenciais assumem uma inegável importância na evolução da situação política nacional.
Uma importância que nos levou a promover e levar para frente a candidatura do nosso camarada Francisco Lopes. Uma candidatura que está hoje lançada e que avança com êxito por todo o país.
A única candidatura que os portugueses podem encontrar do lado dos trabalhadores, do nosso povo, sem ambiguidades, sem silêncios calculados e a única que está empenhada na grande batalha pela ruptura e pela mudança.
A única candidatura que não tem no seu percurso e projecto, nem comprometimentos, nem cumplicidades com a política de direita. A única que está liberta de apoios dos que são responsáveis pelo caminho de injustiças, exploração, retrocesso social e declínio económico na vida nacional.
A candidatura que se apresenta perante os trabalhadores e o povo com um projecto político claro, patriótico e de esquerda, capaz de enfrentar a gravidade da situação a que o País chegou e lançar Portugal no caminho do desenvolvimento, da justiça e do progresso social.
Estamos a menos de dois meses das eleições para a Presidência da República. Está na hora de irmos para a combate afirmando a distinta natureza da nossa candidatura e denunciando com clareza os projectos dos que têm como principal objectivo perpetuar a política da direita.
Desde logo, dando um decidido combate à candidatura de Cavaco Silva de enfeudamento aos grandes interesse económicos e financeiros e cuja reeleição significaria não uma contribuição para a superação dos problemas do país, mas para o seu agravamento. É ouvi-lo a apelar à aceitação resignada da vontade do mercado. É ouvi-lo a dizer que não vale a pena questionar nada, nem ninguém, porque o mercado é que manda! Cavaco Silva não é candidato como diz para servir os portugueses, mas o candidato ao serviço do mercado, ou melhor ao serviço daqueles que o controlam – os senhores do dinheiro!
Fala de uma “magistratura activa” para que Portugal encontre o seu rumo. Mas aonde esteve até hoje e que garantias pode dar um candidato que enquanto foi Presidente da República, não só cooperou com o pior que se fez em matéria de política económica e social e agravou todos os problemas do país, como esteve sempre solidário activo com as opções políticas fundamentais que conduziram o país para a crise em que se encontra.
Aonde estava o agora candidato Cavaco Silva e o que fazia com sua magistratura activa, quando o país definhava e se afundava na crise, ano após ano, do seu mandato? Estava aonde sempre esteve, ao lado dos executores da política de direita, fazendo coro com eles! A incentivar e dar força e cobertura à mais brutal das ofensivas contra os trabalhadores e os interesses populares, na ofensiva global de José Sócrates no primeiro mandato, no PEC da austeridade para o povo e no Orçamento do retrocesso social e da ruína do país que acaba de ser aprovado!
Desse candidato que dizia, em 2005, estar destinado a salvar o país, mas que acabado o seu mandato o deixa pior do que o encontrou! Agora que conhecemos o resultado das também suas decisões e da leviandade que foi, contra a nossa opinião, a adesão ao Euro, já não fala no Portugal do “pelotão da frente”, manda calar o país. Quer um país resignado e rendido à vontade da ditadura do mercado e à vontade das grandes potências. Quer um país rendido às orientações do neoliberalismo dominante, em relação ao qual se assume como um dos mais destacados e activos seguidores no nosso país.
O futuro do país com Cavaco Silva seria o de um país que se entrega sem luta e sem projecto! Cavaco Silva não é candidato da solução dos problemas do país, mas do seu agravamento. O candidato do “consenso da desgraça”, como o provou nestes anos que esteve à frente da Presidência da República!
A candidatura da dissimulação. Desse candidato que desde 1980, como ministro das finanças e depois como primeiro-ministro, tem assumido as mais altas responsabilidades políticas no país, mas que se coloca com todo o desplante acima de toda a gente, apontando o dedo a tudo e a todos, sem nunca assumir as suas responsabilidades e as consequências desastrosas dos seus actos ou das suas opções. Mas combate e denúncia também das candidaturas que ora dão uma no cravo outra na ferradura, que ora criticam as consequências da política de direita, ora são o seu amparo!
A batalha que temos pela frente exige de todos nós uma grande disponibilidade. Esta é uma batalha de todos e não apenas de um candidato. E a nossa disponibilidade é ainda mais necessária quando vemos os grandes interesses empenhados na recondução de Cavaco Silva, promovendo o ambiente propicio à desvalorização das eleições, para naturalizar a sua reeleição, fechando as portas ao debate sobre o futuro do país e do papel do Presidente da República, no sistema mediático que controlam. Não querem que Cavaco Silva seja confrontado com as suas próprias responsabilidades e do seu vazio de soluções para o país.
Portugal pode e deve vencer apoiando esta nossa candidatura, a candidatura de Francisco Lopes, a candidatura dos que não aceitam o Portugal das desigualdades sociais e das injustiças.
A candidatura que não desiste de Portugal e que com toda a determinação e confiança luta por um Portugal democrático, justo, solidário e desenvolvido.
Daqui dizemos e apelamos aos trabalhadores, ao povo português que contamos com o seu apoio, daqui lhe garantimos que podem também contar com esta força de luta, que continua a manter bem a bandeira da esperança e da confiança por uma vida melhor para os portugueses!
Temos convicção que todos juntos saberemos dar a resposta que se impõe aos desafios que temos pela frente!