Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP

Contacto com os trabalhadores da EMEF

Áudio

Estamos a 35 horas do início da Greve Geral!

Uma greve justa e necessária e que será, estamos convictos, não apenas um momento alto da luta dos trabalhadores, mas um momento de afirmação da sua força e do seu querer que se projectará e contará na grande batalha que travamos pela construção de um país solidário e desenvolvido, com mais justiça social e assente na valorização do trabalho e dos trabalhadores. 

Inquietos e com medo da greve, os senhores do dinheiro, os seus fiéis, os seus comentadores e economistas de serviço falam dos custos da greve.

Falam dos custos da greve! Mas caiem na armadilha da sua própria argumentação. Afinal isto prova que a maior riqueza do país são os trabalhadores, são eles e não os senhores das finanças e do capital que criam e produzem riqueza!  Atacar os seus salários, os seus direitos é contra os interesses do país.

Quando os trabalhadores se unem e lutam são uma força imensa. Esse é o medo do governo, das finanças e do capital. Que os trabalhadores ganhem essa consciência.

Uma Greve Geral que é já uma vitória: - a vitória da coragem, da determinação, da insubmissão contra a resignação e a desistência que os grandes interesses e o seu poder político querem impor aos trabalhadores e ao país.

Por isso, daqui queremos mais uma vez saudar a corajosa decisão da sua convocação e saudar todos aqueles que já decidiram a sua adesão como acontece aqui na EMEF. 

A poucas horas do início da Greve Geral é também o momento de um forte apelo à integração de todos e de cada um nesta importante luta e de reafirmar não apenas a solidariedade dos comunistas portugueses, mas também a sua disponibilidade e o seu empenhamento visando o seu êxito, porque o sucesso da luta dos trabalhadores é o sucesso dos que se batem pelo direito ao emprego, a um salário justo, a uma vida melhor e digna para todos.  
 
Por todo lado os trabalhadores e os povos estão a travar importantes combates em defesa das suas condições de vida, fazendo frente à guerra declarada pelos grandes centros do capital económico e financeiro aos salários, aos direitos laborais, ao emprego, ao sistema de protecção social, aos serviços públicos e à soberania dos povos.

No nosso país a Greve Geral do próximo dia 24 é, no imediato, a grande resposta dos trabalhadores portugueses a essa ofensiva que tem nos programas de austeridade e nos PEC acordados entre PS e PSD para aplicar até 2013, os instrumentos políticos de espoliação das classes trabalhadoras e do nosso povo.

É a resposta necessária aos que empurram para cima das costas dos trabalhadores e das populações o fardo da crise com o seu Orçamento de Estado de retrocesso, injustiça e de ruína nacional.

São fortes as razões da luta dos trabalhadores. São bem concretas as razões de luta do nosso povo!

São razões de justiça social: porque as medidas de austeridade dos PEC ao Orçamento que aí está já para 2011, atingem duramente os rendimentos do trabalho, todas as reformas e pensões, sem excepção, mesmos as mais baixas, mas também os rendimentos das camadas intermédias da população.

Medidas de austeridade que promovem o roubo descarado dos salários de forma directa e indirectamente através do aumento dos impostos e dos preços. Que cortam de forma cega nos apoios às camadas da população mais desprotegidas e mais carenciadas, nomeadamente os desempregados e aos que caiem na pobreza e na exclusão social. Que impõe novos cortes no abono de família e nas comparticipações nos medicamentos. Que ataca o sistema de protecção social e corta nas funções sociais do Estado, nos sectores da saúde, da educação, da segurança social.

São razões de justiça fiscal: porque o que aí está são novos aumentos dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, nomeadamente do IRS. Novos aumentos de imposto sobre o consumo das camadas populares com o IVA. E em contraponto a redução do contributo dos rendimentos do capital no bolo dos impostos, a manutenção de isenções, benefícios e mordomias para os grandes interesses económicos e financeiros e novos meios para cobrir os desmandos do sector financeiro e os buracos negros de milhões que deixaram os seus obscuros negócios.

São razões económicas: porque as medidas de austeridade propostas e previstas vão acrescentar mais crise à crise existente, arrastando o país para uma nova recessão, o agravamento do desemprego, vão pôr em causa a sobrevivência de milhares de micro, pequenas e médias empresas, designadamente as que trabalham para o mercado interno, com a penalização do consumo popular e a quebra brutal do investimento público e com o novo banquete de privatizações a favor do grande capital.

São fortes razões nacionais: porque o que está em causa é o próprio desenvolvimento do país. É o definhamento nacional que os programas de austeridade, o Orçamento e as políticas que o suportam vão contribuir para uma nova vaga destruidora da nossa capacidade produtiva, acentuar o endividamento e a dependência do país, agravando todos os problemas nacionais e a sua submissão às grandes potências e às garras dos especuladores.

Veja-se o exemplo da Irlanda. Sacrificaram os trabalhadores e o povo e não resolvem nada. Salvam a banca mas comprometem o país por muitos anos.

São as razões de combate à chantagem sistemática: a Greve Geral é a resposta aos que se preparam e defendem novas e mais insidiosas investidas para levar mais longe o ataque aos rendimentos e condições do trabalho. É a resposta às pretensões das organizações do grande patronato nacional e da Comissão Europeia que exigem em nome da competitividade, novas alterações da legislação laboral, mais tempo de trabalho e redução dos salários e da contribuição para a segurança social, pondo em causa o seu financiamento. 

Mas são também as razões da recusa de uma política que tem conduzido ao desemprego em crescendo e em alta, aos despedimentos colectivos, ao aumento da precariedade, à desvalorização dos rendimentos do trabalho, à destruição de direitos sociais e laborais, aos baixos salários, ao encerramento de empresas, bem como à degradação dos serviços públicos.

São as razões da exigência de uma mudança de política!

A Greve Geral é, por tudo isto, a resposta dos que não aceitam ficar de braços cruzados perante a ofensiva sem precedentes que aí está!

É a resposta dos que afirmam que é preciso dizer basta de impor mais sacrifícios para os trabalhadores e para o povo.

É a resposta dos que não aceitam pactuar com aqueles que querem fazer deste país, um país do “come e cala”, disposto a aceitar tudo, sem luta e sem esperança!

Nós temos confiança que os trabalhadores e o povo darão a resposta que se impõe no próximo dia 24!

Nós confiamos que é possível erguer uma grande Greve Geral!

 

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