Intervenção de Alma Rivera na Assembleia de República

No concreto, entre Governo e Iniciativa Liberal, é muito mais o que vos une do que aquilo que vos separa

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Senhor Primeiro-Ministro. A questão que a todos devia preocupar aqui hoje é se efetivamente o Governo está a dar resposta e a estar concentrado a dar resposta aos problemas do país ou se, pelo contrário, como aqui fez, continua a insistir em negá-los e, ao negá-los, está também agravá-los, e toma opções que não servem o povo português. Quando nos faz um discurso alheio e alheado da realidade que se vive no nosso país, já está a agravar os problemas.

O resultado está à vista. Quando se exigia e quando se exige aumentos reais de salários e pensões, o Governo faz é concentrar riqueza nos grupos económicos e continua a sacrificar o poder de compra das famílias, continua a promover a precariedade. Nada disto muda. Quando se exigia e exige com tanta urgência o controlo dos preços (tomar a parte do povo de quem paga as contas e não dos lucros especulativos) o Governo escolheu exactamente o lado oposto àquele que devia ter escolhido. Veja-se o maior aumento dos últimos 20 anos em benefício das concessionárias das autoestradas e das pontes. Quando se exigem medidas urgentes para salvar o Serviço Nacional de Saúde, o Governo continua a desvalorizar os profissionais e a patrocinar, a patrocinar o negócio da doença. Quando se exige uma atuação para valorizar a escola pública, dar condições aos seus profissionais, dar condições para ensinar e para aprender o Governo insiste na precariedade e na degradação. Quando o que exigia para a TAP era uma gestão realmente pública, o Governo vai em sentido oposto na sua privatização. Não sei se estamos a ver efetivamente todos a mesma realidade. Quantas pessoas este mês não vão conseguir pagar a renda ou a prestação ao banco? Senhor Primeiro-Ministro, nas opções concretas, o que nós vemos é uma total coincidência com as opções do Iniciativa Liberal e afinal, concluímos é que é muito mais aquilo que vos une do que aquilo que vos separa.

Mas a questão a fazer é sobretudo esta e termino: o que têm a dizer aos trabalhadores, aos reformados que todos os dias perdem poder de compra, aos enfermeiros, aos professores, aos utentes dos serviços públicos? Está tudo bem? Não vai fazer nada para combater as injustiças e as desigualdades que se agravam e que se aprofundam? Vai dar resposta com soluções que nós temos repetidamente trazido ou assume que este governo só queria mesmo a maioria absoluta era para beneficiar os grupos económicos?