Intervenção de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

É necessário encontrar soluções de mitigação dos efeitos da seca

Em Portugal, se considerarmos os últimos 10 anos, só em 2014 é que não se registava situação de seca no final do mês de setembro.
No final do passado mês de maio, 35% do território estava em situação de seca severa e extrema.
Os cenários desenvolvidos para Portugal no que respeita às condições climáticas, confirmando preocupações crescentes das populações e dos agricultores, apontam para o aumento da frequência e agravamento de situações de seca meteorológica, particularmente na região sul do país, podendo mesmo intensificar-se no futuro. Isto implica um aumento do risco e da vulnerabilidade a estes fenómenos, com importantes impactos ao nível das disponibilidades hídricas e consequentemente ao nível do sector agrícola e nos planos económico e social.
A prevalência no tempo e a maior frequência de ocorrência de condições de seca traduzem-se em menores volumes de armazenamento das albufeiras e na escassez de água para diferentes utilizações.
Os pequenos agricultores, que produzem de forma mais sustentável e respeitadora da natureza, confrontam-se com os aumentos de custos dos insumos e lutam também contra a falta de recursos hídricos para a rega. E não há inovação e agricultura de precisão que nos valha se a água não existir...
É, pois, necessário adotar medidas estruturais para assegurar uma maior e mais eficaz retenção da água do inverno e de encontrar soluções de mitigação e de resposta às cada vez mais frequentes e acentuadas condições de seca.
é necessário reconhecer as dificuldades que as condições de seca representam na produção agrícola, e adotar as medidas necessárias para proteger as produções e garantir a continuidade das explorações.
E, no imediato, assegurar as condições aos agricultores e produtores pecuários para que não percam a totalidade das produções, para a salvaguarda dos animais e para assegurar os rendimentos necessários para manterem a atividade.
É imprescindível mudar o modo de produção, respeitando os limites da natureza, promovendo a biodiversidade e restaurando o que foi perdido. Somente assim garantiremos um futuro digno, onde a seca não seja uma sentença de morte no nosso país.

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