Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

"Não há nenhuma saída limpa enquanto se mantiver esta política e este governo"

No debate em torno das políticas da troika, Paula Santos afirmou que o governo continua a falar em saídas limpas da troika, mas a realidade mostra que o prosseguimento das mesmas políticas só nos leva a mais do mesmo, empobrecimento, desemprego, destruição da escola pública, a entrega aos privados dos serviços públicos.
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Balanço do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), avaliação da ação da troica em Portugal e da transição para o período pós-troica
(interpelação n.º 15/XII/3.ª)

Sr.ª Presidente,
Sr. Vice-Primeiro-Ministro,
O senhor vem falar-nos da saída limpa do programa da troica e dizer-nos que no próximo dia 18 de maio tudo será diferente no nosso País.
O Sr. Vice-Primeiro-Ministro, autor do guião da reforma do Estado, insiste exatamente no prosseguimento da mesma política que conduziu os portugueses ao empobrecimento e ao aumento das desigualdades e da exclusão social.
Então, diga-nos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, como é que compatibiliza a dita «saída limpa» do programa da troica com as opções contidas no guião da reforma do Estado.
Explique-nos qual é a saída limpa, quando pretende impor mais constrangimentos orçamentais nas funções sociais do Estado para 2015.
Diga-nos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, qual é a saída limpa que perspetiva para os utentes do Serviço Nacional de Saúde, quando o que propõe é exatamente a sua privatização, com custos mais elevados para os utentes. O que quer é: o Estado financia e os grupos económicos e financeiros lucram.
Diga-nos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, qual é a saída limpa, quando a ânsia de destruição da escola pública é tão grande que inclusivamente propõe que as escolas possam ser da propriedade dos professores. E diz ainda que isso «significa uma verdadeira devolução das escolas aos professores». Sr. Vice-Primeiro-Ministro, não há palavras para descrever a desfaçatez desta declaração.
Qual é a saída limpa, quando se prepara para destruir a solidariedade da segurança social, com a introdução do plafonamento das contribuições para as futuras pensões?
Qual é a saída limpa que propõe, quando apresenta aos portugueses mais precariedade na Administração Pública, com a redução do emprego público e dos serviços públicos, afastando o Estado das populações?
Assuma efetivamente as verdadeiras opções deste Governo!
E para que fique bem claro, hoje, neste debate, devo dizer: não há nenhuma saída limpa, enquanto se mantiver esta política e este Governo!

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