Declaração de Rui Fernandes,l, Membro da Comissão Política do PCP

«Não à guerra! Sim à paz! Por um mundo livre de armas nucleares»

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Lembrar o horror nuclear de 6 e 9 de Agosto de 1945, em Hiroxima e Nagasáqui, é para o Partido Comunista Português um dever de memória e um momento de reafirmação, ano após ano, do firme empenho dos comunistas portugueses na luta por um mundo de paz e amizade entre os povos, liberto da ameaça das armas nucleares, onde os imensos recursos desperdiçados em armamento sejam canalizados para a promoção do progresso social e o combate à fome, à doença, ao subdesenvolvimento e a outros graves problemas que afectam a grande maioria da Humanidade.

No momento em que o imperialismo fomenta a tensão nas relações internacionais, com expressão na escalada de guerra e de confrontação na Europa e noutras regiões do mundo, como na Ásia-Pacífico, com os sérios perigos que uma tal escalada comporta para o mundo, e na qual se insere a provocatória visita de Nancy Pelosi a Taiwan, mais necessário se torna recordar o que foi e o que significou o criminoso lançamento pelos EUA da bomba atómica sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáqui, que provocou mais de 200 mil vítimas.

Para o sucesso da luta para que o horror nuclear jamais se repita é necessário não deixar cair no esquecimento o lançamento da bomba atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui, nem permitir a falsificação das circunstâncias e objectivos que o rodearam.

Falsamente apresentada como indispensável para derrotar o Japão e pôr fim à Segunda Guerra Mundial no Pacífico, pois na verdade o militarismo japonês já se encontrava derrotado, a utilização da arma atómica pelos EUA, único país que então a possuía, constituiu uma afirmação de força do imperialismo norte-americano e da sua desmedida ambição de hegemonia mundial, visando particularmente a URSS e o ímpeto de luta libertador que então despontava no mundo.

Tratou-se na realidade de uma expressão extrema da natureza militarista e agressiva do imperialismo que, limitada pela luta dos trabalhadores e dos povos e pela existência da URSS e do campo socialista, se tornou ainda mais violento com o desaparecimento do poderoso contrapeso que estes países e a sua política em defesa da paz e do desarmamento representavam. O constante aumento das despesas militares, a produção de armas cada vez mais sofisticadas, o constante reforço e alargamento da NATO, o abandono de importantes acordos de desarmamento, nomeadamente quanto ao armamento nuclear, o sistemático desrespeito dos princípios da Carta da ONU e do direito internacional, a multiplicação dos actos de ingerência e agressão contra povos e países por parte do imperialismo, encerra perigos gravíssimos para o próprio destino da Humanidade.

Ao evocar Hiroxima e Nagasáqui, o PCP apela ao povo português, e particularmente à juventude, para que intensifique a luta pela paz e o desarmamento, desde logo para que os EUA, a NATO e a UE ponham fim à sua estratégia de confrontação e cessem de instigar a guerra na Ucrânia, bem como à Rússia e a todos os outros intervenientes para que se encete com urgência o caminho da negociação visando alcançar uma solução política para o conflito, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.

O PCP alerta que a política externa e de defesa de sucessivos governos de PS, PSD e CDS tem comprometido a soberania e independência nacionais e está a envolver perigosamente Portugal na estratégia militarista agressiva do imperialismo. O PCP sublinha que a Constituição da República Portuguesa obriga o Estado português a uma política de paz e cooperação internacional, envolvendo nomeadamente a dissolução dos blocos político-militares, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, naturalmente, incluindo a abolição das armas nucleares e demais armas de destruição em massa. Neste sentido, é particularmente significativo que o Governo português continue a recusar subscrever o Tratado sobre a proibição de armas nucleares.

O PCP considera que a luta contra a política militarista do imperialismo, pela paz e o desarmamento é inseparável da luta contra a exploração e pelos direitos sociais e políticos dos trabalhadores e dos povos.

Veja-se como a instigação da guerra e a deriva de sanções impostas pelos EUA, a UE e a NATO arrastam o mundo para uma ainda mais grave situação económica e social, com a desenfreada especulação, o vertiginoso aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade, o ataque às condições de vida e o agravamento da pobreza e da fome no plano mundial, para gáudio dos grandes grupos económicos e financeiros que acumulam colossais aumentos de lucros.

O PCP fará tudo o que estiver ao seu alcance para promover a convergência e unidade de quantos, independentemente de diferenças de opinião, têm em comum a aspiração a um mundo de liberdade, paz e justiça social.

Perante a complexa e perigosa situação internacional que hoje vivemos, é necessário e urgente dar mais força à luta pela paz e o desarmamento.

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