Permitam-me que diga que, em países como o meu, Portugal, a expressão "mobilidade laboral" é um eufemismo hábil do vocabulário da UE para se referir a uma dura realidade - a emigração. Foram cerca de 500 mil portugueses que emigraram nos últimos 4 anos, sobretudo jovens, à procura do emprego e de emprego minimamente digno que não encontram no seu país. Países como o meu investiram milhões em qualificar jovens que agora colocam os seus preciosos conhecimentos em países como o Reino Unido, a Alemanha, a Bélgica. Países que, muitas vezes, exploram a mão-de-obra que vem do meu país, mão-de-obra barata, trabalhadores em condições indignas mas que, ao menos, têm o emprego que não encontram no seu país. São vidas e famílias separadas, países condenados à dependência e a hipotecar as suas possibilidades de desenvolvimento. Por muita habilidade que a vossa retórica tenha, a realidade não muda. Queremos mais emprego e emprego com direitos nos nossos países. A mobilidade laboral chama-se emigração e exploração.