Intervenção

Moção de censura - Intervenção de José Soeiro na AR

 

Moção de censura ao XVII Governo Constitucional

 

Sr. Presidente,

Sr. Primeiro-Ministro,

O que tenho na mão não é um folheto do PCP, é um alerta sério da Igreja Católica portuguesa pelo alargamento preocupante da pobreza que resulta da política deste Governo! Está aqui, à vista!

O Sr. Primeiro-Ministro sabe o que é viver com 200 € ou 400 €/mês? Sabe o que é pagar as despesas da casa, a alimentação e o vestuário com estes rendimentos?

O Sr. Primeiro-Ministro sabe o que é, para um idoso, ir de madrugada para a porta de centro de saúde para conseguir uma consulta? E sabe o que é chegar à farmácia e não poder comprar os medicamentos de que carece porque os 300 € não dão para pagá-los?

O Sr. Primeiro-Ministro sabe o que significa a sua «crucial reforma da segurança social», de que o Partido Socialista se deveria envergonhar porque dá exemplos como o que aqui foi referido de Viana do Castelo ou como o que vou passar a referir?! É o caso de um trabalhador com 44 anos de carreira contributiva que deveria ter uma reforma de 452 € e que, com a média ponderada da sua «crucial reforma da segurança social», vai receber uma reforma de 363 €, isto é, 88 € a menos!

É uma vergonha, Sr. Primeiro-Ministro! Acho que o Partido Socialista se deveria envergonhar desta política! Não foi isto, efectivamente, que o PS prometeu aos portugueses! Não foi isto! E o Sr. Primeiro-Ministro já teve a ousadia de dizer, nesta Casa, que na verdade o Partido Socialista tinha a vantagem de fazer aquilo que a direita não era capaz de fazer!

Não somos nós que vos acusamos de terem uma política de direita! São os senhores que a praticam e que a assumem nesta Casa! E deveriam envergonhar-se por estarem a praticá-la, porque não foi isso que os senhores disseram aos portugueses aquando das eleições!

Os senhores prometeram uma coisa e fazem outra! Por isso, esta moção de censura não é apenas

oportuna e necessária! É um imperativo democrático de um partido que, de facto, tem orgulho em estar sempre com os trabalhadores, em ser coerente e conservador nessa sua política, ao contrário do Partido Socialista que age como uma «esquerda moderna», uma espécie de «feijão-frade», que quando está na oposição fala à esquerda e quando está no Governo faz pior do que a direita!

  • Assembleia da República