Ao receber o Prémio Pessoa 2002, o médico e investigador Sobrinho Simões refere, num texto de gratificante recorte humanista, o seu apego ao valor da memória e à memória dos valores. «O mundo», disse, «está também nas nossas cabeças, nas nossas ideias e nos nossos ideais. É essa dimensão sociocultural que, com a memória e a consciência, nos torna as pessoas que somos.» Em página ao lado no Expresso pode igualmente ler-se uma dissertação de João Carlos Espada. Sentencia: «No Iraque, a tirania de Saddam Hussein caiu como um castelo de cartas, refutando as catastróficas previsões dos pacifistas. A rede terrorista internacional sabe agora com o que conta: a firme decisão de restabelecer a lei e a ordem por parte das democracias - lideradas no terreno pelas democracias de língua inglesa.» Passando por cima do «baralho de cartas», eufemismo com o qual João Carlos Espada se deve estar a referir aos milhares de mortos e estropiados (e possivelmente sugerido pelo conceito «descartável»), é indispensável reconhecer que não foi apenas a «rede terrorista internacional» a ser informada à bomba. Em matéria de lei e ordem, também os conservadores de museus e bibliotecas foram devidamente esclarecidos. Esclarecimento, como muito bem lembra o autor, liderado no terreno pelas democracias de língua inglesa.