Intervenção de Paulo Sá na Assembleia de República

O Memorando de Entendimento assinado com a tróica e os cortes na despesa

Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Mendes Bota,
Na sua intervenção, referiu-se à actividade do Governo nos primeiros 71 dias de acção, a qual foi caracterizada pela implementação do programa da tróica, que, em nossa opinião, é um programa extremamente negativo para os trabalhadores, para o povo e para o País. O Sr. Deputado não o referiu, mas há uma alternativa a este plano e à sua aplicação — apresentada aqui, na devida altura, pelo PCP —, que é a renegociação da dívida e a aposta na produção nacional.
O Sr. Deputado não referiu isto, disse que o PSD preferiu aquilo a que chamamos o caminho de submissão aos interesses do grande capital nacional e internacional. Neste sentido, estes 71 dias de Governo caracterizaram-se pela aplicação deste programa, um verdadeiro programa de
submissão e de agressão aos interesses nacionais.
Mas, Sr. Deputado, nas medidas que referiu terem sido aplicadas pelo Governo nestes primeiros 71 dias não mencionou nenhuma específica para o Algarve.
Sr. Deputado, gostava de lembrar-lhe que, como bem sabe, no Algarve existe uma grave crise económica e social, que se sobrepõe à crise nacional, devendo-se esta crise regional a um modelo errado de desenvolvimento executado e concebido pelo PSD, pelo CDS-PP e pelo PS em sucessivos governos, modelo de desenvolvimento que assenta quase exclusivamente no turismo e negligencia as actividades produtivas, na agricultura, nas pescas e na indústria. Em resultado deste errado modelo, o Algarve vive uma situação aflitiva nos planos económico e social, caracterizada, por exemplo, por uma taxa de desemprego bastante superior à média nacional.
Sr. Deputado, tendo o PSD tantas responsabilidades pela situação de profunda crise económica e social que se vive no Algarve, que medidas é que este Governo, do PSD e do CDS, pretende aplicar para fazer face a estes problemas? Nomeadamente, pretende alterar o modelo de desenvolvimento, deixando de apostar apenas no turismo, deixando de colocar todos os «ovos no cesto do turismo» e apostando também nas actividades produtivas, na agricultura, nas pescas e na indústria? E, em particular, para fazer aos problemas prementes, prevê o Governo aplicar, desde já, um programa de emergência social que possa acudir à situação aflitiva que se vive no Algarve?

  • Economia e Aparelho Produtivo
  • Assembleia da República
  • Intervenções