Por ocasião dos Centenários da fundação do Partido Comunista da China e do Partido Comunista Português, que se assinalam em 2021, Song Tao, Ministro do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, concedeu uma entrevista ao Avante!, onde aborda, entre outras questões, o conceito da governança da China e da administração do PCC, incluindo as suas tarefas actuais.
A entrevista foi realizada no quadro das relações entre o PCC e o PCP, contribuindo para aprofundar o conhecimento mútuo entre os dois partidos e as suas tradicionais relações de amizade, no interesse dos respectivos povos e países.
- Quando se aproxima a comemoração do seu 100.º aniversário, o Partido Comunista da China (PCC) realizou recentemente uma reunião do seu Comité Central que adoptou importantes decisões relativas ao desenvolvimento da República Popular da China (RPC) a curto, médio e longo prazo e à sua política de relações internacionais. Que aspectos aponta como mais relevantes para informação dos leitores do Avante!?
Celebramos este ano o 100.º aniversário da fundação do Partido Comunista da China. Ao longo dos últimos 100 anos, sobretudo desde a fundação da Nova China, o PCC unido com o povo chinês conquistou notáveis sucessos de desenvolvimento. Uma das experiências relevantes do Partido é que atribui grande importância ao planeamento e à implementação das tarefas que se perspectivam a prazo. Em outubro de 2020, o PCC realizou a 5ª Sessão Plenária do 19.º Comité Central, uma relevante e significativa reunião, que teve lugar num novo ponto de partida histórico. O resultado mais importante desta Sessão foi a deliberação e aprovação da Proposta do Comité Central do PCC sobre a Formulação do 14.º Plano Quinquenal para a Economia Nacional e Desenvolvimento Social e os Objectivos de Longo Prazo até 2035, onde se resumiram de forma sistemática as conquistas cruciais alcançadas pela China na construção de uma sociedade moderadamente próspera durante o período do 13.º Plano Quinquenal, e se estabeleceram as orientações políticas, princípios básicos, objectivos principais e missões relevantes para o desenvolvimento da China no período do 14.º Plano Quinquenal. O princípio nuclear desta Proposta, incorporado nos três chamados «novos», ou seja novo estágio, novo conceito e novo paradigma do desenvolvimento, não só aponta a direcção e as linhas fundamentais do desenvolvimento da China durante o Período do 14.º Plano Quinquenal, como terá também importantes repercussões nas relações entre a China e o mundo.
O facto de a China ter entrado num novo estágio de desenvolvimento revela a sua actual posição histórica. A China irá construir uma sociedade moderadamente próspera e abrangente, embarcando numa nova etapa para a construção de um país socialista moderno, avançando em direcção à meta do segundo centenário [Nota do Avante!: em 2049 assinalam-se os 100 anos da criação da República Popular da China]. Esta é uma significativa jornada no processo de desenvolvimento da China e constitui um grande salto no processo histórico para o grande rejuvenescimento da nação chinesa. Durante o período do 13.º Plano Quinquenal respondemos aos vários riscos e desafios e lutámos firmemente nas três batalhas, de prevenção e resolução dos grandes riscos [financeiros], eliminação com eficácia da pobreza e prevenção da poluição, alcançando objectivos estratégicos no combate à Covid-19, tendo o desenvolvimento económico da China [em 2020] se situado na dianteira mundial. Em 2020, o PIB chinês ultrapassou os 100 biliões de yuans, foi estabelecido o maior sistema de segurança social do mundo e os seguros básicos de saúde e previdência cobriram, respectivamente, mais de 1300 milhões e quase 1000 milhões de pessoas. Foram alcançadas grandes conquistas históricas na construção de uma sociedade próspera e abrangente, demonstrando a vitalidade do caminho, teoria, sistema e da cultura do socialismo com características chinesas, em conformidade com a realidade da China. Estamos confiantes e sentimo-nos capazes de alcançar os objectivos de longo prazo até ao ano de 2035 e promover a causa do socialismo com características chinesas.
O novo conceito de desenvolvimento em que a China insiste trará contribuições positivas para a promoção do desenvolvimento mundial e o progresso civilizacional. Desde o 18.º Congresso Nacional [2012], o Partido Comunista da China seguiu a orientação do Pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas da nova era, definindo o novo conceito de desenvolvimento, inovador, coordenado, verde, aberto e compartilhado, e registando um sucesso histórico no desenvolvimento da China, com «duas façanhas» invulgares no mundo: o rápido desenvolvimento económico e a estabilidade social de longo prazo. A série de importantes medidas da China no âmbito do novo conceito de desenvolvimento não só contribui para a resolução de problemas comuns de desenvolvimento de diversos países, como também fornece o conhecimento e experiência da China sobre desenvolvimento rápido e qualificado aos países em desenvolvimento. No período do 14.º Plano Quinquenal, continuaremos de forma inabalável a implementação do novo conceito de desenvolvimento, promovendo um desenvolvimento económico e social de alta qualidade, ao mesmo tempo que desempenharemos um papel activo na recuperação do desenvolvimento da economia mundial e na melhoria da governança global.
O estabelecimento de um novo paradigma de desenvolvimento injectará mais força motriz ao desenvolvimento económico da China e do mundo. O Secretário-Geral Xi Jinping destacou que, em face das mudanças do ambiente político e económico do mundo, a China irá persistir no completar das suas próprias tarefas, e colocar o seu ponto de apoio no desenvolvimento do país, estabelecendo a «Dupla Circulação», um novo paradigma de desenvolvimento, em que os mercados interno e externo se reforçam mutuamente, tendo o mercado interno como esteio. É preciso salientar que o novo paradigma de desenvolvimento constitui uma opção da China diante da nova situação, em que constrói uma dupla vinculação doméstica e internacional, em vez de uma circulação doméstica fechada. No contexto das actuais contrariedades da globalização económica e do severo impacto da pandemia da Covid-19 na economia mundial, o novo paradigma de desenvolvimento não ajudará somente a China a enfrentar efectivamente os riscos e desafios internacionais, fortalecendo a resiliência da economia e a elevação do nível de desenvolvimento económico, como será favorável a uma participação mais profunda da China na circulação internacional, aprofundando o seu nível de abertura e proporcionando mais força motriz e maiores contribuições para o desenvolvimento e a estabilidade da economia mundial.
- O impetuoso desenvolvimento económico e social da China tendo permitido a melhoria das condições de vida do povo chinês, e em particular a concretização do objectivo da erradicação da pobreza extrema, foi também, como o PCC aponta, acompanhado por desequilíbrios e outros fenómenos negativos. Como está o PCC a considerar esta questão?
Do ponto de vista marxista, a sociedade é um sistema complexo acompanhado por contradições, que se encontra sempre num estado contraditório de movimento de mudança e desenvolvimento. Este estado do movimento contraditório, de equilíbrio para desequilíbrio até um novo equilíbrio, reflecte o equilíbrio dinâmico da sociedade e a tendência geral de desenvolvimento social. O Partido Comunista da China sempre aderiu aos princípios básicos do Marxismo do desenvolvimento social. Durante a sua governação, o PCC tem transformado as principais contradições sociais de acordo com os diferentes níveis de produtividade e etapas do desenvolvimento social. À medida que o socialismo com características chinesas entra numa nova era, o 19.º Congresso Nacional do PCC definiu que as principais contradições da sociedade chinesa se transformaram na contradição entre as crescentes necessidades do povo em procura de uma vida melhor e o carácter desequilibrado e inadequado do desenvolvimento. Reconhecemos que o desequilíbrio é um estado normal e uma importante força motriz para o desenvolvimento social, e prestamos grande atenção ao [problema do] desequilíbrio social do desenvolvimento, que deverá ser resolvido gradualmente no processo da modernização.
Como um partido político marxista, o PCC, desde a sua fundação, tem como objetivo inabalável melhorar a vida do povo, concretizar a prosperidade comum, persistindo com empenho na importante missão de erradicação da pobreza. A eliminação da pobreza é um ideal comum da humanidade e requisito essencial do socialismo. O Partido Comunista da China dedicou-se à erradicação da pobreza e promoveu consecutivamente a causa da redução da pobreza, respondendo à situação concreta do país. Desde o 18.º Congresso Nacional do PCC, o Comité Central do Partido, tendo o camarada Xi Jinping como núcleo, trata a eliminação da pobreza como uma tarefa fundamental da construção de uma sociedade moderadamente próspera e abrangente, organizando uma grande batalha popular contra a pobreza. No dia 25 de fevereiro de 2021, o Secretário-Geral Xi Jinping declarou solenemente que a China conquistou uma vitória completa na luta contra a pobreza. De acordo com os padrões actuais, 98,99 milhões de habitantes rurais, 832 freguesias e 128 mil aldeias foram retirados da pobreza. O líder do Partido salientou que a pobreza regional foi resolvida, e que a tarefa da erradicação da pobreza extrema foi concluída. A redução da pobreza pela China constitui tanto uma façanha histórica para a humanidade, como uma conquista que contribui significativamente para o mundo.
O Partido Comunista Português, tal como muitos outros partidos políticos do mundo, valoriza as conquistas da China na erradicação da pobreza, dando atenção às soluções próprias adoptadas pela China. Neste caso, gostaria de aproveitar esta oportunidade para partilhar convosco algumas experiências. A garantia fundamental, definida pelo PCC para realizar a redução da pobreza, é a liderança do Partido. Ou seja, a direção centralizada e unificada do Partido fortalece de forma abrangente o processo de eliminação da pobreza, aproveitando as vantagens políticas do Socialismo e o papel de liderança dos comités partidários regionais, a todos os níveis, na coordenação e direção geral partidária, assegurando uma forte garantia política no combate à pobreza. O caminho fundamental definido pelo PCC para a eliminação da pobreza é o desenvolvimento. Do ponto de vista do nosso Partido, o desenvolvimento desequilibrado e insuficiente é a raiz e origem da pobreza. Por isso, o nosso Partido considera o desenvolvimento como a prioridade da sua governança e do rejuvenescimento nacional, implementando políticas de benefício e reforma nas regiões pobres, elevando o papel da economia regional, eliminando a pobreza a partir de uma base sólida de desenvolvimento. A força fundamental definida pelo PCC para o combate à pobreza reside no povo. As comunidades pobres não são apenas os alvos da redução da pobreza, mas também um dos principais grupos interessados na procura de uma vida digna. O Partido Comunista da China insiste na filosofia de ter o povo como o centro no seu objectivo de erradicação da pobreza, um objectivo «para o povo», «dependente do povo» e «compartilhado com o povo». Na sua acção, o Partido valoriza o entusiasmo, a iniciativa e a criatividade dos habitantes que estão na pobreza, promovendo o empenho das comunidades na procura de uma vida digna e do suporte do trabalho no combate à pobreza. A estratégia de erradicação da pobreza definida com precisão pelo PCC é a ferramenta fundamental do combate à pobreza. A chave da erradicação da pobreza está na eficiência e precisão do processo. Estabelecemos um Sistema Informático Nacional com Registos Arquivados com o qual podemos atribuir recursos e implementar medidas para eliminar a pobreza com precisão e eficiência, garantindo a adopção de soluções acertadas, permitindo que a raiz da pobreza tenha sido realmente eliminada. A cooperação internacional para a redução da pobreza definida pelo PCC é uma causa nobre para a eliminação da pobreza no mundo. A eliminação da pobreza na China pelo PCC representa uma contribuição na batalha dos países em desenvolvimento, sobretudo dos países menos desenvolvidos, para reduzir e eliminar a pobreza, uma contribuição positiva para a causa da redução da pobreza no plano mundial. Actualmente, o processo global de erradicação da pobreza recuou devido a factores como os desastres naturais, guerras, desenvolvimento desequilibrado e injusta distribuição da riqueza. Atingida, em particular, pelos impactos da pandemia da Covid-19, a população extremamente pobre está a aumentar no mundo. É urgente que a comunidade internacional fortaleça a cooperação para reduzir a pobreza. A China está disposta a trabalhar em conjunto com outros países do mundo para aprofundar a troca de experiências, chegar a consenso, aumentar a confiança e contribuir com sabedoria e vigor para acelerar o processo global de redução da pobreza.
- O PCC avançou recentemente com o conceito de «dupla circulação», envolvendo simultaneamente a valorização do mercado interno (que se torna predominante) e externo. Que importância tem este novo conceito no processo de construção do «socialismo com características chinesas»?
A aceleração do estabelecimento do novo paradigma de desenvolvimento, em que os mercados interno e externo se reforçam mutuamente, tendo o mercado interno como esteio, foi uma decisão estratégica tomada pelo Comité Central do PCC, tendo o camarada Xi Jinping como núcleo, conforme ao novo estágio de desenvolvimento, às novas tarefas históricas e às novas condições da China. O novo paradigma de desenvolvimento, constituindo um grande alcance teórico do pensamento económico de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas na nova era, tem um impacto profundo na concretização do desenvolvimento com alta qualidade na China e na recuperação e crescimento da economia mundial.
O estabelecimento do novo paradigma de desenvolvimento mudará profundamente o modelo de desenvolvimento da China. Como demonstrado pela história, um país forte deverá desenvolver a sua economia de escala baseada na circulação interna e incentivar a inovação da parte principal do mercado, a fim de consolidar a base industrial para a participação na divisão de trabalho na economia internacional, participando profundamente na circulação internacional e alcançando assim um desenvolvimento ainda maior. Durante um longo período, depois da reforma e abertura da China, o nível de rendimento per capita da China foi relativamente baixo. Aproveitámos, entre outras, as vantagens de baixo custo da força laboral e a importante oportunidade da globalização económica, criando um modelo de desenvolvimento, com que procurámos o mercado e os recursos no exterior, concretizando um crescimento económico de alta rapidez. Entretanto, a estrutura da procura na China testemunha grandes mudanças, enquanto a circulação interna do sistema produtivo é condicionada e a oferta e a procura desarticuladas, sendo por isso, necessário que o crescimento económico da China se transforme, deixando de ser principalmente dependente da mão-de-obra barata e de um amplo investimento nos elementos de produção, para passar a depender mais do progresso científico e tecnológico e da inovação, e do incentivo do investimento económico pelo consumo, elevando continuamente a qualidade e o nível de fornecimento dos produtos e serviços. O estabelecimento do novo paradigma de desenvolvimento promoverá efectivamente a transformação profunda do modelo de desenvolvimento, promovendo um desenvolvimento económico da China mais equilibrado e com qualidade.
O estabelecimento do novo paradigma do desenvolvimento incentivará um desenvolvimento económico mais sustentável. Nos 40 anos decorrentes da reforma e abertura, a economia chinesa cresceu rapidamente e o PIB per capita ultrapassou os 10.000 dólares norte-americanos, tornando-se o mercado com maior potencial do mundo, com a mais completa estrutura industrial e a maior capacidade complementar, incorporando 130 milhões de participantes no mercado e mais de 170 milhões de pessoas com ensino superior e habilitações profissionais diversas. Em termos de oferta e procura, a China já tem condições para concretizar a grande circulação interna e promover a dupla circulação interna e externa. Especialmente, nos últimos anos, alguns países praticaram vigorosamente o unilateralismo, o proteccionismo e o populismo, o que originou dificuldades na globalização económica. Atingida pela pandemia da Covid-19, a cadeia global de abastecimento industrial sofreu grandes dificuldades, originando um aumento dos riscos económicos operacionais e a incerteza na economia mundial. Através da construção do novo paradigma de desenvolvimento, a China irá desenvolver a circulação internacional, e ao mesmo tempo, desbloquear a circulação interna, aproveitando os efeitos aglomerados da escala da economia, aumentando a autonomia, a sustentabilidade do desenvolvimento económico, visando responder melhor às mudanças do ambiente externo e manter a estabilidade e saúde do desenvolvimento económico.
O estabelecimento do novo paradigma de desenvolvimento pela China trará novas e importantes oportunidades para incentivar a cooperação entre a China e os outros países do mundo. O novo paradigma de desenvolvimento não significa de forma alguma fechar a «porta» na construção do país. Muito pelo contrário, a «porta» da China não será fechada, mas cada vez mais aberta. A China, com sua população de 1400 milhões e mais de 400 milhões de habitantes com rendimento médio, é o mais promissor grande mercado do mundo. Nos próximos 10 anos, estima-se que o volume acumulado de importação de bens irá ultrapassar 22 biliões de dólares norte-americanos. O novo paradigma de desenvolvimento fará com que o mercado interno da China se torne a fonte principal da procura final. O ciclo económico doméstico atrairá recursos globais e fornecerá maior procura, mercado e oportunidades na China para todos os países do mundo. Sendo duas economias importantes no mundo, a cooperação China-UE cresceu mesmo no contexto da pandemia em 2020. O Presidente Xi Jinping e os líderes europeus anunciaram em conjunto a conclusão das negociações do Acordo de Investimento China-UE, quando a China se tornou, pela primeira vez, o maior parceiro comercial da UE. A cooperação China-UE não é apenas uma cooperação bilateral, pois tem um significado global. Neste sentido, a China continuará a defender a sua filosofia de abertura, cooperação, unidade e benefícios mútuos, e expandirá inabalavelmente a abertura de uma maneira geral, tornando o mercado da China um mercado mundial, compartilhado e de todos, criando oportunidades aos amigos europeus, resolvendo problemas difíceis através da cooperação e alcançando de mãos dadas um desenvolvimento comum e a prosperidade compartilhada.
- Na análise realizada pelo XXI Congresso do PCP, ao mesmo tempo que se sublinha o desenvolvimento da China e o seu papel no plano internacional, expressa-se grande preocupação pela política do imperialismo, em especial dos EUA, que aponta a RPC como seu «inimigo estratégico». Que considerações lhe suscita esta questão?
O Secretário-Geral Xi Jinping salienta que, há mais de cinquenta anos, a restauração e a evolução do relacionamento China-EUA constituem uma das questões mais importantes em termos das relações internacionais. Apesar das vicissitudes e dificuldades neste período, as relações China-EUA mantêm um ritmo de desenvolvimento contínuo e têm alcançado resultados frutíferos, beneficiando os dois povos e promovendo a paz, a estabilidade e a prosperidade no mundo. A cooperação entre a China e os EUA traz benefícios mútuos, enquanto os conflitos somente resultam em prejuízos. Portanto, a cooperação é a única escolha correcta para ambas as partes. Tanto para os dois países, como para o mundo inteiro, a cooperação torna possíveis muitas coisas significativas, enquanto o confronto é, sem dúvida, um desastre.
A parte chinesa acredita que, em vez de serem adversários, o relacionamento China-EUA deve ser cooperativo e construtivo. Os EUA devem primeiro ponderar sobre as seguintes questões: se o seu país consegue aceitar o desenvolvimento de outros países que têm uma história, cultura e sistema político diferentes e conviver com estes; e se os EUA podem respeitar o legítimo direito do povo chinês a almejar uma vida melhor – eis questões fundamentais. Existem várias diferenças, até divergências objectivas, entre a China e os EUA, as quais, entretanto, não devem constituir motivo de oposição e confrontação, mas sim motivo de cooperação. Como afirmou o Presidente Xi Jinping no Evento Virtual da Agenda de Davos do Fórum Económico Mundial, «defendemos a competição com base na justiça e equidade, bem como uma corrida em que todos ficam melhor mediante a competição, e não procuramos uma luta de gladiadores em que alguns matam outros para sobreviver. A China e os EUA podem competir e deviam ser parceiros em vez de rivais». A longo prazo, a cooperação sino-americana é a única escolha certa, que não só responde ao bem-estar dos dois povos, como também corresponde aos interesses comuns de todos os países do mundo, incluindo Portugal.
Actualmente, as relações China-EUA encontram-se numa fase crítica, ao mesmo tempo que os dois povos e a comunidade internacional dão muita atenção ao sentido do desenvolvimento das relações entre os dois países. O governo chinês mantém sempre uma alta estabilidade e continuidade nas suas políticas relativas aos EUA. Na carta de felicitações do Presidente Xi Jinping dirigida ao Presidente dos EUA, Joe Biden, Xi afirmou que a China espera que as duas partes adiram aos princípios de não conflito, não confrontação, respeito mútuo e cooperação com benefícios mútuos, no sentido de fazer avançar o relacionamento China-EUA de forma saudável e estável, e impulsionar de mãos dadas, com os diversos países e a comunidade internacional, a causa nobre da paz e o desenvolvimento mundial. Na véspera do Ano Novo Chinês deste ano, o Presidente Xi Jinping manteve uma conversa telefónica com o seu homólogo dos EUA, Joe Biden, e os dois chegaram a um importante consenso sobre o diálogo franco, controlo das divergências e amplificação da cooperação, indicando o caminho a seguir nas relações China-EUA. Esperamos que os dois lados se possam empenhar juntos e avançar neste sentido.
De forma semelhante às políticas relativas aos EUA, a política externa do governo chinês também se mantém altamente estável e contínua. A China segue firmemente a política diplomática pacífica de independência e autonomia. São elementos essenciais da diplomacia chinesa o desenvolvimento pacífico, bem como os intercâmbios de ganhos compartilhados. A China defende firmemente os princípios básicos das relações internacionais, assim como a equidade e justiça nos assuntos internacionais, e respeita plenamente os direitos dos povos de todos os países a escolherem de forma independente os seus próprios caminhos de desenvolvimento. A China opõe-se à imposição da vontade de uns aos outros ou à ingerência nos assuntos internos dos outros países e está contra a política de intimidação dos fracos pelos fortes. Jamais a China se irá fortalecer à custa dos interesses dos outros países, nem desistir dos seus legítimos interesses próprios. Ninguém deve ter a ilusão de que a China engula algum fruto amargo que prejudique os seus interesses próprios. O desenvolvimento da China não constitui nenhuma ameaça para qualquer país. A China nunca buscará a hegemonia, nem a expansão dos territórios, independente dos níveis do seu desenvolvimento. Seja qual for a conjuntura internacional, a China persistirá em erguer alta a bandeira da paz, do desenvolvimento, da cooperação e ganhos compartilhados, na adesão aos princípios da política diplomática de defesa da paz mundial e promoção do desenvolvimento comum, e defenderá inabalavelmente o intercâmbio e a amizade com todos os países, com base nos Cinco Princípios de Coexistência Pacífica, promovendo a construção dum novo estilo das relações internacionais de respeito mútuo, justiça e equidade, cooperação de ganhos compartilhados.
A China e Portugal são países tradicionalmente amistosos, cuja amizade tem uma longa história. Apesar da distância geográfica, os dois países mantêm boas relações políticas, uma cooperação económica e comercial estreitas, intercâmbios culturais e interpessoais frequentes e um enorme potencial de cooperação. Em dezembro de 2018, o Presidente Xi Jinping efectuou uma visita de Estado a Portugal, injectando um novo impulso à Parceria Estratégica Global China-Portugal. Actualmente, as relações sino-portuguesas enfrentam novas oportunidades de desenvolvimento. A China está disposta a trabalhar, juntamente com Portugal, para levar a Parceria Estratégica Global entre os dois países a um novo patamar.
- Quais as principais tarefas do PCC no momento em que comemora o seu 100º aniversário?
No ano corrente, realizaremos uma série de importantes actividades comemorativas em torno do centenário da fundação do PCC. Ao mesmo tempo, o PCC vai posicionar-se num novo ponto de partida histórico, continuará a defender o princípio de ter o povo como centro, manterá sempre a aspiração original e a missão de trazer felicidade ao povo e realizar a revitalização da nação chinesa, combinará os princípios básicos do marxismo com a realidade específica da China na nova era. Sob a forte liderança do Comité Central do Partido, que tem o camarada Xi Jinping como núcleo, o PCC reúne e lidera o povo numa grande luta para construir grandes projectos, promover grandes empreendimentos, realizar grandes sonhos e avançar em direção à meta da grande revitalização da nação chinesa.
O PCC persiste em ter o povo como centro, e empenha-se em tornar realidade a aspiração do povo chinês a uma vida melhor. O Secretário-Geral do PCC, Xi Jinping, anunciou que o desenvolvimento em que estamos empenhados é para beneficiar o povo, enquanto a prosperidade que desejamos é a prosperidade comum para todos. A avaliação da reforma e desenvolvimento depende de se o povo desfruta dos seus frutos. O PCC vai sempre ter como ponto de partida e objectivo a satisfação das expectativas do povo de uma bela vida, persistir em garantir e melhorar o bem-estar do povo ao longo do desenvolvimento e promover a equidade e justiça social, no sentido de distribuir o fruto do desenvolvimento a todos de forma mais justa, aumentando sem cessar o sentido de ganho, de felicidade e de segurança do povo.
O PCC continuará a promover o desenvolvimento socio-económico. Este ano é o primeiro ano do 14.º Plano Quinquenal para a Economia Nacional e Desenvolvimento Social da China. É muito importante dar um bom primeiro passo. Sob a orientação do Pensamento Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era, o PCC vai implementar, com foco no novo período de desenvolvimento, o novo conceito de desenvolvimento, criar um novo padrão de desenvolvimento, persistir no conceito holístico, consolidar e ampliar os resultados da prevenção e controlo da pandemia e o desenvolvimento socio-económico, e promover o desenvolvimento económico de alta qualidade, garantindo um bom início do 14.º Plano Quinquenal.
O PCC continuará a reforçar a construção partidária. A prática tem demonstrado que, nos grandes momentos históricos e perante testes significativos, o poder da liderança é o factor mais essencial, ao mesmo tempo que os poderes de juízo, de decisão e de acção do Comité Central do Partido desempenham um papel decisivo. Continuaremos a fortalecer as «Quatro Consciências» (Consciências da ideologia, do panorama, do núcleo e do alinhamento), a ter sempre em mente as «Quatro Confianças» (Confianças do caminho, da teoria, do sistema e da cultura), a concretizar as «Duas Salvaguardas» (Salvaguarda do papel do Secretário-Geral Xi Jinping como núcleo do Comité Central do PCC e do Partido como um todo e a salvaguarda da autoridade e liderança centralizada e unificada do Comité Central do PCC) e a melhorar continuamente o juízo político, a percepção política e a capacidade executiva política dos quadros dirigentes do Partido, de forma a construir um Partido mais forte. Também organizaremos, no seio do Partido, o estudo e ensino da história partidária, reforçaremos a convicção e uniremos forças com a tradição gloriosa e o bom estilo de trabalho do Partido. Vamos ganhar inspiração e refinar o carácter com a criação prática e as experiências históricas do Partido, e encorajaremos os militantes a manterem um espírito positivo e confiante na vida e no trabalho, celebrando com excelentes resultados o Centenário da fundação do Partido.
O PCC continuará a promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade. O Secretário-Geral Xi Jinping destaca que «O PCC é um partido que traz felicidade ao povo chinês e também é um partido que luta pela causa do progresso humano». No contexto de grandes transformações seculares e da pandemia global, como um grande país responsável, a China continuará a participar activamente na cooperação internacional no combate à pandemia, especialmente na prevenção e controlo conjunto internacional e na cooperação no âmbito das vacinas, com o fim de derrotar o vírus, inimigo comum da humanidade. A China continuará a erguer a bandeira do multilateralismo, a promover a construção de uma economia mundial aberta, a tomar medidas activas na cooperação internacional em termos das mudanças climáticas, a empenhar-se em reformar e melhorar o sistema da governança global, a continuar a defender a equidade e justiça nos assuntos internacionais e a salvaguardar a paz e a estabilidade mundiais. O PCC está disposto a reforçar continuamente os contactos e a estreitar a cooperação com partidos políticos, organizações políticas e forças progressistas de todo o mundo, incluindo com o PCP, para estabelecer e aprofundar um novo estilo das relações partidárias, caracterizado pelo respeito recíproco, aprendizagem mútua e busca da convergência, deixando de lado as diferenças, de forma a corresponder conjuntamente aos desafios globais e promover o desenvolvimento comum e a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.
O PCC comemora o centenário da sua fundação no momento em que o Partido Comunista Português também comemora o seu centenário. Em nome do Departamento Internacional do Comité Central do PCC, gostaria de manifestar ao PCP as nossas saudações calorosas. Como uma força política que tem características próprias na política europeia, o PCP tem uma convicção firme no comunismo e defende firmemente os direitos da classe operária e dos trabalhadores, dando contributos positivos ao desenvolvimento socio-económico de Portugal, ao bem-estar do povo, à promoção da paz, do progresso e do desenvolvimento mundial, e à oposição ao hegemonismo e à política pela força. O PCP, como um bom amigo e parceiro do PCC e do povo chinês, tem uma longa amizade com a China e tem dedicado importantes contributos para a amizade entre os dois povos e para a promoção do desenvolvimento das relações sino-portuguesas. O PCC valoriza as relações tradicionais de amizade com o PCP, e está disposto a reforçar ainda mais o intercâmbio e cooperação em vários domínios entre os nossos dois partidos, e a trabalhar em conjunto para promover o relacionamento sino-português e a amizade entre os dois povos, para salvaguardar a paz e o desenvolvimento mundial, e promover a construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.