Sr. Presidente,
Sr.ª Deputada Ana Drago,
Estamos de acordo que cada dia deste Governo no exercício de funções é um dia a mais e que este Governo terá de cessar quanto antes estas funções.
A Sr.ª Deputada descreveu o enorme aumento de impostos, o corte na saúde e na educação, aliás, demonstrando que a tal mitigação mais não era do que um corte por duas vias, por um lado, através dos impostos e da diminuição de salários e, por outro, supostamente, na despesa, como lhe chamam, mas precisamente na despesa fundamental e essencial, que é a que é traduzida em serviços públicos. Portanto, corta-se de um lado e do outro, a pretexto da mitigação, e, tanto de um lado como do outro, castigam precisamente sempre o mesmo.
Pelo caminho, o CDS vai ensaiando estas discordâncias, sempre numa perspetiva tática de troca de protagonistas mas nunca numa perspetiva de alteração das políticas.
A pergunta que quero dirigir à Sr.ª Deputada centra-se precisamente na questão da alternativa política e não na da alternância dos protagonistas. Estamos fartos de ver a alternância entre o PS, PSD e CDS a trocarem as cadeiras do poder para praticarem sempre as mesmas medidas, no seguimento do pacto de agressão que todos subscreveram, pelo que é preciso ser claro no que toca à construção de uma alternativa política.
Por isso, pergunto qual é o entendimento do Bloco de Esquerda sobre aquelas questões que o PCP tem vindo a colocar como fundamentais para a rutura e para criação dessa alternativa, nomeadamente a dinamização da produção nacional como resposta fundamental para o crescimento económico, com a valorização do trabalho que lhe é inerente, a renegociação imediata da dívida em termos que favoreçam Portugal e uma perspetiva de defesa da nossa soberania e uma política fiscal e económica assente nos princípios da mais justa distribuição da riqueza.
Estes são pressupostos dos quais partimos para a crítica ao Governo, mas, ao mesmo tempo, para a alternativa política, que já se começa a construir nas lutas que todos os dias se vão fazendo sentir na rua, e à qual é preciso também dar uma resposta política.