Luta total na Administração Pública

Por uma extraordinária e fortemente reivindicativa participação de mais de dez mil representantes e activistas da Frente Comum dos Sindicato da Administração Pública ficou marcado o seu plenário nacional, esta tarde, no Rossio, em Lisboa, seguido de um desfile até ao Ministério das Finanças. Demonstrando o profundo sentimento de revolta que está a causar a política do Governo PSD-CDS/PP, prosseguindo e aprofundando a executada pelo anterior Governo PS, representantes dos trabalhadores do Estado, provenientes de todo o País bloquearam o trânsito durante cerca de uma hora, à porta do Ministério, depois de um reivindicativo desfile. A acção só terminou depois de uma delegação sindical ter deixado ao ministro a moção aprovada no plenário, onde a Frente Comum, da CGTP-IN, anuncia uma manifestação nacional, a ter lugar na primeira quinzena de Novembro e reclama, do Governo, resposta positiva às reivindicações constantes na sua «Proposta Reivindicativa Comum para 2012». Até lá, a luta vai prosseguir, todos os dias, nos locais de trabalho, junto de todos os trabalhadores para garantir «a maior manifestação de sempre da Administração Pública e a maior Greve Geral de sempre, a 24 de Novembro», afiançou o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, antes de os participantes terem entoado, em coro, o Hino Nacional, dando por encerrada a acção, diante do Ministério das Finanças.
Antes, a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, garantiu que a forte indignação provocada pelo actual ataque aos trabalhadores e ao País vai ampliar-se se o Governo não arrepiar caminho nem mudar o rumo da sua política de direita. «Não aceitamos que nos tratem desta maneira», afirmou, lembrando os cortes salariais, nos subsídios de férias e de Natal, e os muitos ataques aos direitos de todos os trabalhadores do sector público e o desinvestimento público, em cada sector, constante na proposta do Orçamento do Estado para 2012, do Governo, para dar à banca.
No fim do plenário, no Rossio, também lembrou as consequências da política de direita para os trabalhadores do sector privado e toda a população apelando à participação de todos na greve geral, como forma de ampliar a luta, por considerarem ser a única forma de derrotar a política de destruição de direitos e alienação da soberania. Todos os intervenientes repudiaram a destruição de serviços públicos, de postos de trabalho e privatizações, lembrando que os trabalhadores não têm culpa da crise e acusando os governos PS, PSD e CDS/PP por favorecem a banca e o grande capital financeiro, pondo em causa a soberania nacional.
Fizeram um forte apelo à participação de todos os trabalhadores e populações em todas as lutas que pretendam contrariar a destruição de um futuro com direitos e condições de vida dignas para os trabalhadores e as suas famílias.
O desfile ficou marcado por fortes vaias à passagem pelas instituições bancárias, na Rua do Ouro, com especial reparo feito à passagem dos representantes sindicais e activistas pelas devolutas instalações do BPN, gritando a palavra de ordem, «Assim não pode ser, os bancos mais ricos e nós a perder».
Saudada e aplaudida por transeuntes, lojistas e trabalhadores das janelas de alguns edifícios, funcionários públicos da Administração Central e Local, professores, trabalhadores dos estabelecimentos fabris das Forças Armadas (destacando-se os da Base Naval do Alfeite) e enfermeiros lembraram que «A Greve Geral é fundamental» e que «O FMI não manda aqui». E foram exactamente as nefastas consequências da política do Governo e do PS, acordada com essa troika estrangeira e agravadas pelo Executivo de direita que foram duramente criticadas nas intervenções de Ana Avoila, de Mário Nogueira, do Presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, Francisco Braz, e do Secretário-Geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, que levou ao plenário a solidariedade e o incentivo à luta da central sindical de classe aos funcionários públicos.
Todos acusaram o Governo de estar a desprezar a democracia e o desenvolvimento conquistados com o empenho dos trabalhadores e do povo português desde a Revolução de 24 de Abril de 1974, destruindo os direitos e condições de vida de cada vez mais portugueses, principalmente dos funcionários públicos.
«Quando é a democracia que está em causa, todas as formas de resistência são legítimas», salientaram Francisco Braz no Rossio e Ana Avoila, no fim da acção.
Cantando o Hino da CGTP-IN, de punhos erguidos, diante de um dispositivo com cerca de 40 elementos da PSP, à frente do Ministério, os manifestantes sentaram-se no chão, para garantirem pacificamente o bloqueio viário, cantando «Grândola Vila Morena», antes e depois de gritarem «25 de Abril sempre, fascismo nunca mais», «Somos muito muito mil para fazer um novo Abril».

  • Trabalhadores
  • Central