Intervenção de Paula Santos na Assembleia de República

Linhas aéreas de muito alta tensão

Petições solicitando que se tomem as medidas necessárias no sentido da alteração do traçado das linhas de muito alta tensão Portimão/Tunes, entre Santo Estêvão e Gavião de Baixo, concelho de Silves e que se proceda à alteração do traçado da linha de muito alta tensão da REN
no concelho de Almada

Sr.ª Presidente,
Srs. Deputados:
O PCP saúda os subscritores das duas petições sobre o traçado de uma linha aérea de muito alta tensão entre a subestação de Fernão Ferro e da Trafaria, no concelho de Almada, e o traçado de uma linha de muito alta tensão Portimão/Tunes entre Santo Estevão e Gavião de Baixo, no concelho de Silves, reivindicando ambas a alteração do traçado que menorize o impacto destas infra-estruturas na qualidade de vida e no bem-estar das populações.
O PCP manifesta a sua solidariedade com as preocupações que ambas as petições nos colocam.
No concelho de Almada, a REN não considerou os pareceres e estudos do município e as opiniões decorrentes do processo de discussão pública, numa atitude de desvalorização dessas mesmas sugestões e dos contributos para a alteração do traçado. Mas, actualmente, a instalação da linha de muito alta tensão está parada em resultado de decisão judicial.
No concelho de Silves, na sequência da contestação das populações, a REN recuou e acordou um traçado alternativo apresentado em Fevereiro de 2009. Contudo, numa atitude de prepotência, e por motivos economicistas, a REN pretende impor um traçado que não corresponde ao que foi acordado e que mais uma vez colide com o bem-estar das populações.
O PCP propõe hoje, aqui, que o Governo intervenha junto da REN para retomar o traçado apresentado no estudo de impacte ambiental de Fevereiro de 2009, traçado esse que foi consensualizado com as populações e com as autarquias. A Assembleia da República pode dar um contributo essencial para a resolução deste problema com a aprovação desta proposta do PCP.
Já discutimos diversas situações semelhantes de contestação de populações aos traçados de linhas de muito alta tensão propostos pela REN. Em todos eles a REN, uma empresa de capitais públicos e que anualmente apresenta vultuosos lucros, não tem em consideração preocupações das populações e das entidades locais, tentando sempre impor as suas soluções por motivos exclusivamente economicistas.
O PCP entende que, na instalação e na manutenção de redes de transporte de electricidade em alta e muito alta tensão, têm de se conciliar as necessidades de desenvolvimento e electrificação do País, o ordenamento do território, ambiental e urbanístico, mas sobretudo a segurança das populações. O princípio da precaução e da prevenção deve estar sempre presente e defendemos a regulamentação de limites máximos de exposição humana às radiações electromagnéticas que respeitem as recomendações da Organização Mundial de Saúde e que estejam de acordo com as melhores práticas de países da União Europeia.
Quer na situação de Almada quer na de Silves, o PCP entende que a REN deve proceder à alteração dos traçados, atendendo às preocupações das populações e aos contributos das autarquias locais, num amplo processo de discussão pública. O Governo sempre se colocou à margem destes processos, recusando-se a intervir junto da REN, e nunca se disponibilizou para resolver definitivamente critérios e limites para a instalação das redes de transporte de electricidade em alta e muito alta tensão que respeite o ordenamento do território e a qualidade de vida das populações.

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