A administração Bush acaba de registar mais uma derrota reveladora simultaneamente do seu carácter, mas também da significativa e diversificada oposição que está a enfrentar.
Justifica-se, de resto, a consulta ao site da American Civil Liberties Union - www.aclu.org - para ter uma ideia da dimensão e variedade deste movimento.
Mas o mais recente episódio derivou até de uma sentença judiciária: a maioria republicana viu novamente ser derrotada em tribunal a legislação que fez aprovar no sentido de facilitar a já inquietante concentração da propriedade de meios de comunicação social nos Estados Unidos.
Este debate deveria ser seguido com mais atenção na Europa por duas excelentes razões: a primeira é a evidência que a questão igualmente se coloca deste lado do Atlântico (e Portugal até é um caso significativo); a segunda a de que, à semelhança de muitas outras situações, as características e argumentos em debate se virão por cá a reproduzir.
Os riscos do processo tão caro à direita e ao grande capital são por demais evidentes: o afunilamento político e ideológico da informação, o crescimento exponencial das possibilidades de manipulação, o esmagamento das opiniões alternativas. Mas o mais interessante é a linha de argumentação que pretende justificar o monopólio mediante a evolução tecnológica.
A questão não se coloca assim apenas aos militantes das liberdades: é um dever cívico dos cientistas e técnicos das novas tecnologias.