Declaração de Jerónimo de Sousa
Secretário-Geral do PCP
O nome de Lénine é extremamente caro a centenas de milhões de pessoas, conhecido em cada canto do mundo, referência inspiradora para a luta incessante dos povos por um futuro melhor, por uma vida livre e feliz, pela paz, a independência nacional, o progresso social, a democracia, pelo socialismo e pelo comunismo.
Lénine, uma vida e obra inteiramente dedicada à realização de um grande objectivo — a libertação da classe operária e do povo trabalhador da exploração e da opressão, pela transformação da sociedade com base em princípios comunistas.
- nasce Vladímir Ilitch Uliánov (Lénine) na cidade de Simbirsk. A infância e a adolescência de Lénine decorreram nas cidades de Simbirsk, Kazán e Samara, na extensa região do Volga
- é fundada a primeira organização marxista russa, o Grupo Emancipação do Trabalho
- a luta dos operários de Chicago pelas 8h é violentamente reprimida pelas forças policiais
- é executado Alexandr Uliánov,irmão de Lénine, por participar na preparação de um atentado contra o tsar Alexandr III
- Lénine termina o Secundário com êxito e entra na Faculdade de Direito da Universidade de Kazán
- Lénine é expulso da Universidade de Kazán, detido por participação activa numa reunião de estudantes é posteriormente desterrado para a aldeia de Kokúchkino, da província de Kazán, onde fica sob a vigilância da polícia.
- após ano e meio de estudo, em regime livre, do programa completo dos quatro anos do curso universitário, Lénine faz os seus exames na Faculdade de Direito da Universidade de Petersburgo e forma-se com as mais altas classificações.
- Lénine começa a exercer a advocacia no tribunal da região de Samara, dedicando-se a defender principalmente os camponeses pobres.
- Lénine organiza, em Samara, o primeiro círculo marxista, cujos membros, para além do estudo das obras de Marx e Engels, realizavam uma intensa propaganda do marxismo
- Lénine sai de Samara para se dirigir a Petersburgo, um dos centros operários mais importantes do país.
- Lénine escreve Que São os «Amigos do Povo» e como Lutam contra os Sociais-Democratas
- Lénine conhece Nadiejda Krúpskaia, professora de uma escola operária.
- Lénine parte para o estrangeiro para estabelecer contacto com o grupo Emancipação do Trabalho, de Plekhánov
- falece aos 74 anos, em Londres, Friedrich Engels
- regresso de Lénine à Rússia
- aglutina os círculos marxistas de Petersburgo na União de Luta pela Emancipação da Classe Operária
- é detida uma grande parte dos membros da União de Luta, entre eles Lénine. A polícia apodera-se também do primeiro número do jornal A Causa Operária. Lénine fica 14 meses detido e incomunicável na prisão de Petersburgo
- sob a direcção da União de Luta, foi declarada a célebre greve de mais de 30000 operários e operárias têxteis de Petersburgo
- é comunicada a Lénine a sentença de três anos de desterro na Sibéria Oriental
- chegada de Lénine ao seu lugar de desterro, a aldeia de Chúchenskoie, do distrito de Minussinsk (província do Ienisséi). Um ano depois é permitido a Nadiejda Krúpskaia, sua noiva — também ela detida e desterrada — juntar-se-lhe no desterro
- realiza-se em Minsk o I Congresso do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR) que proclamou a sua fundação. Lénine, deportado na Sibéria, soube da realização do Congresso por N. Krúpskaia, e solidarizou-se com as teses fundamentais do manifesto publicado pelo Congresso.
- é publicado O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia, obra de Lénine sob o pseudónimo de «Vladímir Iline»
- Lénine e a sua família abandonam a aldeia de Chúchenskoie, depois de terminada a deportação
- Lénine parte para o estrangeiro, nomeadamente para a Alemanha
- preparou-se a publicação do primeiro número do Iskra(A Centelha), o jornal revolucionário para toda a Rússia, a partir de Munique, onde se instala também Lénine
- Vladímir Ilitch começou a assinar alguns trabalhos seus com o nome de Lénine
- sai o livro de Lénine Que Fazer?, que desempenhou logo um imenso papel na estruturação do Partido Operário Social-Democrata da Rússia
- Lénine muda-se para Londres, porque em princípios de 1902, os espiões da polícia descobriram o rasto da Iskra.
- Lénine parte para Genebra, onde tinha passado a imprimir-se a Iskra
- inaugura-se o II Congresso do POSDR, reunido de início em Bruxelas, os trabalhos seriam transferidos para Londres, por perseguição da polícia belga. A sua importância histórica consiste em haver constituído, de facto, o Partido proletário de novo tipo, o Partido Bolchevique leninista.
- Lénine publica Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás
- Continuar 1905-1916
Lénine, difusor do marxismo
Lénine foi o grande continuador da causa e da doutrina dos fundadores do comunismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels. A sua actividade teórica e política marcou uma nova época no desenvolvimento do marxismo, do movimento internacional de libertação dos trabalhadores. Na sua actividade, Lénine apoiava-se na teoria e no método de Marx e de Engels. Repudiando decididamente todas as tentativas de rever o marxismo acusando-o de «dogmatismo» e de declará-lo «insuficiente e ultrapassado», ele defendeu sempre ao mesmo tempo uma abordagem criativa da teoria e da prática do movimento revolucionário, indicando que os problemas actuais devem ser estudados seguindo os princípios e métodos do marxismo.
Nas obras Karl Marx (Breve Nota Biográfica com Uma Exposição do Marxismo), Friedrich Engels, As Três Fontes e as Três Partes Constitutivas do Marxismo, Marxismo e Revisionismo, Lénine dá a conhecer a essência da grande doutrina revolucionária de Marx, a magnífica coerência das suas concepções, «que, no seu conjunto, constituem o materialismo moderno e o socialismo científico moderno, como teoria e programa do movimento operário de todos os países civilizados». Nestes artigos reflecte-se a luta de Lénine pela pureza da teoria marxista contra as inúmeras tentativas da sua deturpação e falsificação pelos revisionistas e oportunistas, a sua constante preocupação com a necessidade do desenvolvimento e da aplicação criadora do marxismo.
O marxismo não é um dogma mas um guia para a acção, costumava dizer Lénine, repetindo esta advertência de Marx e Engels. Toda a sua actividade teórica e organizativa constitui a concretização deste pensamento. As suas obras imortais estão impregnadas da compreensão criadora do marxismo como doutrina sempre viva e em desenvolvimento, que exige fidelidade aos princípios mas não aceita quaisquer chavões ou dogmas, que exige sempre a consideração da situação histórica concreta, a consideração objectivamente verificada da correlação das forças de classe. «A análise concreta de uma situação concreta», tal era para Lénine a própria essência, a alma viva do marxismo.
O marxismo não é um dogma mas um guia para a acção, costumava dizer Lénine, repetindo esta advertência de Marx e Engels.
Pensador genial e grande revolucionário, Lénine defendeu, numa luta aguda contra a ideologia burguesa, contra os oportunistas e revisionistas de direita e de «esquerda», os princípios revolucionários da teoria marxista, desenvolveu o marxismo de acordo com as novas condições históricas, elevando-o a um grau superior.
Nas obras Que Fazer? Problemas Candentes do Nosso Movimento, Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás (A Crise no Nosso Partido), Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução Democrática, revela-se o grandioso significado da teoria do comunismo científico na luta libertadora do proletariado e das massas trabalhadoras, expõe-se a doutrina leninista sobre o partido como força dirigente de vanguarda do movimento operário.
É extraordinariamente grande a importância do que de novo Lénine trouxe à doutrina de Marx e Engels — a filosofia marxista, a economia política, a teoria e a prática do comunismo científico.
A fase superior do capitalismo
- foi metralhada em Petersburgo, por ordem do tsar, uma procissão pacífica de trabalhadores que iam com suas mulheres e filhos vê-lo, a fim de lhe exporem as suas necessidades. Este crime sangrento do tsar provocou a indignação e o ódio de todo o povo. Nessa mesma tarde, nos bairros operários da capital, começaram a levantar-se barricadas.
- realiza-se em Londres o III Congresso do POSDR celebra-se em Abril de 1905, em Londres. Foi este o primeiro Congresso bolchevique. Os mencheviques recusaram-se a participar nos respectivos trabalhos, embora convidados, e convocaram uma conferência sua em Genebra.
- No primeiro plenário do CC, Lénine foi nomeado chefe de redacção do Proletari (O Proletário), órgão central do Partido
- têm lugar grandes greves em diversos centros industriais. Cresce a vaga de movimentos camponeses, que chegou a abarcar a quinta parte dos distritos do país
- estala uma sublevação de marinheiros no couraçado Potiómkine, da frota do mar Negro
- é publicada a obra de Lénine Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução Democrática, dedicada à importância do III Congresso e das suas resoluções
- desencadeia-se uma greve política geral, pararam as fábricas, os Correios e Telégrafos, ficou paralisada toda a vida do país
- o tsar publica um manifesto em que prometia ao povo a inviolabilidade da pessoa, a liberdade de palavra, de imprensa, de reunião e outras liberdades cívicas
- Lénine chega a Petersburgo, de onde começa a dirigir, já no próprio terreno, a actuação do Partido, do órgão bolchevique legal, Nóvaia Jizn (Vida Nova) e a luta revolucionária
- insurreição armada dos operários de Moscovo, durante nove dias, vários milhares de operários mantiveram uma heróica luta armada contra as forças da polícia e as tropas do tsar enviadas de Petersburgo
- Lénine parte para Estocolmo, a fim de participar nos trabalhos do IV Congresso (de Unificação) do POSDR
- inaugurado o IV Congresso do POSDR, onde se concordou na fusão dos partidos sociais-democratas das diversas nacionalidades da Rússia
- Lénine parte para Londres, onde se realiza o V Congresso do POSDR que confirma a justeza da linha bolchevique na revolução
- Lénine regressa de Londres e domicilia-se na Finlândia. A revolução tinha sido derrotada. O Governo do tsar passara à ofensiva; começava a reacção
- Lénine volta a Genebra onde começa por reorganizar o Proletari, que se passou a editar em Paris em finais desse ano
- o Governo tsarista persegue as massas populares, dezenas de milhares de revolucionários são enviados para os presídios e alguns milhares executados.
- recomeça a saída do Proletari nas duras condições da reacção, o Partido enfrentava a clandestinidade
- O Proletari passou a editar-se em Paris, centro da emigração russa na época. Por esse motivo, Lénine e Krúpskaia transferiram a sua residência para a capital francesa
- pouco depois da chegada de Lénine a Paris, convocou-se para esta cidade uma Conferência geral do Partido, em que as maiores organizações estiveram representadas por bolcheviques
- é publicada em Moscovo, sob o pseudónimo de «Vl. Iline», o livro de Lénine Materialismo e Empiriocriticismo
- - inicia-se na Rússia a reanimação do movimento operário, com grandes greves, manifestações, comícios e outras acções políticas
- os bolcheviques organizaram em Petersburgo a publicação do jornal Zvezdá [A Estrela], e, em Moscovo, da revista Misl [O Pensamento], que publicaram mais de 50 artigos e notas de Lénine. Sob a sua direcção, o Zvezdá tornou-se um verdadeiro e combativo jornal marxista
- - Lénine cria uma escola do Partido em Longjumeau, perto de Paris. Destinava-se a ser frequentada por operários dedicados ao trabalho clandestino, designados pelas organizações mais importantes do Partido
- Lénine pronuncia em Paris um discurso em nome do POSDR, nos funerais de Paul Lafargue e de sua mulher, Laura, filha de Karl Marx
- Lénine dirige-se de Paris para Praga. Aqui, na Casa do Povo, sede do jornal social-democrata checo, realizou-se secretamente a conferência que ficou na história do Partido sob o nome de Conferência de Praga
- por iniciativa dos operários de Petersburgo, secundada com entusiasmo por Lénine, fundou-se o diário bolchevique legal Pravda. O seu primeiro número saiu em Petersburgo no dia 22 de Abril (5 de Maio).
- A fim de se encontrar mais perto da Rússia Lénine mudou-se de Paris para Cracóvia (Polónia). Esta parte da Polónia pertencia nessa data ao Império Austro-Húngaro. Viveu ali mais de dois anos, até começar a primeira guerra imperialista mundial; passava o Inverno em Cracóvia e o Verão na aldeia de Poronin.
- efectuam-se as eleições para a IV Duma de Estado. Lénine considerava que a participação na campanha eleitoral devia ajudar o Partido a consolidar as suas ligações com as massas e activar o trabalho das suas organizações
- tomaram parte nas greves na Rússia cerca de milhão e meio de operários
- inicia-se a I Guerra Mundial, chocam-se na guerra dois grupos de Estados imperialistas: Alemanha e Áustria-Hungria, por um lado, Inglaterra, França e Rússia, por outro. Posteriormente, entraram no conflito os Estados Unidos da América, o Japão e outros Estados
- baseando-se numa denúncia falsa as autoridades austríacas detêm Lenine, acusando-o de espionagem a favor do Governo tsarista, depois de mantê-lo duas semanas preso, as autoridades militares austríacas viram-se forçadas a pô-lo em liberdade
- em Berna, apresenta um relatório numa reunião de bolcheviques que viviam nesta cidade, onde falou da atitude a adoptar perante a guerra e comunicou-lhes as suas teses As tarefas da social-democracia na guerra europeia.
- no n.º 33 da Sotsial Demokrat, órgão central do Partido, publica-se o Manifesto do CC do POSDR, A guerra e a social-democracia da Rússia
- em Berna, realiza-se uma Conferência das organizações bolcheviques no estrangeiro, em que Lénine apresentou o relatório A guerra e as tarefas do Partido.
- dissolve-se a II Internacional, Lénine procura agrupar e unir os partidários do internacionalismo proletário nos partidos da Europa ocidental, tendo em vista a criação, de uma Internacional Comunista, a III Internacional
- Continuar 1917
No fim do século XIX e princípio do século XX, o capitalismo mundial entrou na sua última fase de desenvolvimento, a fase imperialista. A livre concorrência na sociedade capitalista foi substituída pelo domínio dos monopólios e do capital financeiro. Intensificaram-se acentuadamente a exploração dos trabalhadores e a desigualdade social. Nos países capitalistas observou-se uma viragem para a reacção em toda a linha — na política interna e externa, na ideologia e na cultura burguesas. Iniciou-se a divisão do mundo entre os cartéis, os trusts, os consórcios internacionais, concluiu-se a partilha do território do globo pelos principais países capitalistas, formou-se o sistema colonial do imperialismo. Paralelamente às formas declaradas de exploração colonial dos países privados da autonomia política e estatal, surgiram diversas formas de dependência semi-colonial e de subjugação financeira de dezenas de países e povos pelas potências imperialistas.
Agudizaram-se em extremo as contradições do capitalismo — entre o trabalho e o capital, entre as colónias e os países dependentes, por um lado, e as metrópoles, por outro lado. O reforço da desigualdade do desenvolvimento económico das principais potências capitalistas agudizou a luta entre elas pelos mercados e fontes de matérias-primas, pela esfera da exportação de capitais, pela partilha do saque. Tornaram-se mais frequentes os conflitos e os choques armados, iniciaram-se as guerras imperialistas da época do capitalismo monopolista.
Já nas suas primeiras obras escritas nos anos da guerra imperialista 1914-1918, Lénine deu uma definição científica do imperialismo como fase superior e última do capitalismo. Apoiando-se no estudo profundo da nova época, Lénine descobriu a lei da desigualdade do desenvolvimento económico e político do capitalismo na época do imperialismo. Daí tirou a conclusão da impossibilidade da vitória simultânea da revolução socialista em todos os países e da possibilidade da vitória do socialismo inicialmente num só ou em vários países. Lénine formulou pela primeira vez a sua genial descoberta em Agosto de 1915 no artigo Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa. Era uma nova teoria da revolução socialista, que deu à classe operária internacional uma clara perspectiva de luta, libertou a energia e a iniciativa dos proletários de cada país para a ofensiva contra a sua burguesia nacional e armou-os com a confiança na vitória cientificamente fundamentada.
A doutrina de Lénine sobre a possibilidade da vitória do socialismo num só país tornou-se o princípio orientador do Partido Comunista da União Soviética na sua luta pelo triunfo da revolução socialista e pela construção do socialismo na URSS.
O resultado do titânico esforço de Lénine no estudo do imperialismo foi a sua genial obra O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo. Neste trabalho, Lénine fez um balanço do desenvolvimento do capitalismo mundial no meio século decorrido desde o aparecimento de O Capital de Karl Marx. Apoiando-se nas leis do nascimento, desenvolvimento e decadência do capitalismo, descobertas por Marx e Engels, Lénine, pela primeira vez, fez uma profunda análise científica da essência económica e política do imperialismo. Sintetizando os novos fenómenos da economia do capitalismo mundial, Lénine demonstrou a inevitabilidade da agudização no imperialismo de todas as contradições inerentes à sociedade capitalista.
Caracteriza o imperialismo como o capitalismo parasitário, moribundo, em estado de putrefacção, e revela as condições do seu perecimento, a inevitabilidade e a necessidade da substituição do capitalismo por um regime social novo e progressivo — o socialismo; fundamenta a tese de que o imperialismo representa a véspera da revolução socialista. «Isto — escrevia em 1920, no prefácio às edições francesa e alemã do seu livro — foi confirmado à escala mundial desde 1917».
Já nas suas primeiras obras escritas nos anos da guerra imperialista 1914-1918, Lénine deu uma definição científica do imperialismo
A obra de Lénine O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, dirigida contra os ideólogos burgueses e pequeno-burgueses, contra os reformistas e revisionistas, é uma arma de combate na luta contra as modernas «teorias» dos defensores do imperialismo.
O caminho para a revolução socialista
- ao comemorar-se o aniversário do «Domingo Sangrento», realizou-se uma poderosa manifestação contra a guerra. Verificaram-se manifestações análogas em Moscovo, Bakú e Njni Nóvgorod
- respondendo ao apelo do Partido bolchevique, os operários de Petrogrado organizaram uma greve geral política, em que tomaram parte mais de 200 000 operários e operárias. Os soldados passaram-se para o lado dos operários insurrectos e, juntamente com eles, apontaram as armas contra o tsarismo. Foi derrubada a autocracia que durante séculos e séculos tinha oprimido os povos da Rússia
- retoma-se a publicação da Pravda
- o tsar Nicolau II é forçado a abdicar.
- O Partido bolchevique emergiu da clandestinidade nos primeiros dias da Revolução de Fevereiro e começou a reunir forças.
- é publicada a obra Imperialismo, fase superior do capitalismo
- após cerca de dez anos de exílio, Lénine chega a Petrogrado. Milhares de operários e de operárias acorreram à estação da Finlândia com bandeiras vermelhas. Destacamentos revolucionários de soldados e marinheiros fizeram-lhe uma guarda de honra
- 4 de Abril, participa numa reunião de bolcheviques, onde leu as teses Sobre as tarefas do proletariado na presente revolução , as quais entraram na história sob o nome de Teses de Abril
- Lénine fica à frente do Comité Central do Partido, da redacção da Pravda e da actividade da organização bolchevique de Petrogrado
- Realiza-se a Conferência geral da cidade de Petrogrado e a VII Conferência (dita de Abril) do POSDR, sendo esta a primeira conferência legal dos bolcheviques na Rússia
- Ao intervir no I Congresso nacional de deputados camponeses, Lénine exortou as massas a apoderarem-se imediatamente das terras dos latifundiários e expôs a necessidade de uma organização independente de assalariados agrícolas e camponeses pobres
- ao saberem das baixas sofridas na frente, em consequência de uma malograda tentativa de ofensiva, os operários e soldados saíram para as ruas de Petrogrado, reivindicando a entrega de todo o poder aos Sovietes. O Governo Provisório arremete contra a manifestação com a força armada. Volta a correr sangue do povo nas ruas da capital.
- à noite, os kadetes (democratas-constitucinalistas) destroçam a redacção da Pravda. Lénine, que saíra de lá meia hora antes, salva-se por casualidade.
- O Governo Provisório declarou Lénine fora da lei e ordenou a sua detenção, adoptando todas as medidas para capturá-lo e assassiná-lo. Kérenski, chefe do Governo Provisório, prometeu avultadas somas a quem o entregasse às autoridades
- Por decisão do Comité Central, Vladímir Ilitch passa à clandestinidade. Vive e milita mais de três meses e meio nestas rigorosas condições
- Durante vários dias, Lénine oculta-se em casas de operários de Petrogrado. Depois, vive numa cabana nas margens do lago Razliv, próximo da capital, fazendo-se passar por um ceifeiro finlandês
- na clandestinidade Lénine dirige os trabalhos do VI Congresso do Partido, em Petrogrado, semilegalmente, porquanto a burguesia intensificara a perseguição dos bolcheviques e ameaçava proibir o Congresso
- Serviram de base ao relatório político do CC e ao relatório sobre a situação política, apresentados por Stáline no Congresso, as seguintes obras de Lénine: A situação política, A propósito das palavras de ordem, As lições da revolução
- por inspiração dos imperialistas russos e estrangeiros, eclode uma sublevação contra-revolucionária, chefiada pelo general Kornílov, que fez avançar as suas tropas sobre Petrogrado. Kornílov pensava sufocar a revolução pela força das armas e fazer-se ditador militar. O Partido bolchevique encabeçou a luta das massas populares contra a intentona de Kornílov, que foi liquidada em poucos dias
- fazendo-se passar por um fogueiro, Lénine passa numa locomotiva para a Finlândia. A princípio, ocultou-se em casa de uns operários finlandeses, numa aldeia próxima de Helsingfors, instalando-se mais tarde nesta cidade (hoje Helsínquia).
- Na Finlândia escreve as importantes obras O Estado e a Revolução, A catástrofe que nos ameaça e como combatê-la.
- «»as massas populares fazem uma viragem decidida: nas novas eleições para os Sovietes, os bolcheviques obtém a maioria. Os Sovietes de Petrogrado e Moscovo tornam-se bolcheviques
- ainda forçado a permanecer oculto na Finlândia, Lénine envia de lá duas cartas históricas: Os bolcheviques devem tomar o poder (Carta ao Comité Central, aos Comités de Petrogrado e de Moscovo do POSDR(b))e O marxismo e a insurreição (Carta ao Comité Central do POSDR(b)), em que fundamenta a necessidade da imediata preparação prática da insurreição armada.
- Lénine muda-se de Helsingfors para Víborg, a fim de estar mais próximo de Petrogrado. Escreve a obra Conservarão os bolcheviques o poder de Estado? e no dia 1 de Outubro, numa carta ao Comité Central, aos comités de Moscovo, de Petrogrado e aos bolcheviques dos Sovietes das duas capitais, Lénine insiste em que não se podia retardar a insurreição, «que se devia ir imediatamente para a insurreição»
- Lénine muda-se clandestinamente de Víborg para Petrogrado a fim de dirigir pessoalmente os preparativos da insurreição armada e a sua realização. No mesmo dia, envia uma carta a uma conferência dos bolcheviques de Petrogrado
- em carta aos delegados ao Congresso dos Sovietes da Região do Norte, acentua ter chegado o momento das acções decisivas: «a demora equivale à morte».
- examina-se numa reunião do Comité Central do Partido a questão da insurreição armada. Lénine apresenta um relatório em que demonstra ter chegado o momento de os operários e os camponeses pobres tomarem o poder. O CC adopta a histórica resolução de Lénine acerca da organização da insurreição armada.
- Lénine apresenta novo relatório numa reunião ampliada do CC com representantes das organizações operárias. No final da reunião elege-se o Centro Militar Revolucionário.
- Lénine exige categoricamente que se inicie a insurreição armada antes da abertura do II Congresso dos Sovietes, convocado para 25 de Outubro.
- por sua proposta, a insurreição inicia-se. Às primeiras horas da manhã, quando o Governo Provisório tentou encerrar o Rabotchi Put, o órgão central do Partido, combatentes da Guarda Vermelha e soldados, por ordem do Centro Militar Revolucionário, tomaram a seu cargo a defesa das instalações do jornal e a protecção do Instituto Smólny, sede do estado-maior da insurreição
- correndo o perigo de cair nas mãos das patrulhas de cossacos e cadetes que esquadrinhavam as ruas, Lénine chegou ao palácio do Smólny e pôs-se pessoalmente à frente da insurreição
- as centrais de telégrafos e telefones, a emissora de rádio, as pontes do Neva, as estações ferroviárias e as instituições mais importantes da capital achavam-se nas mãos dos operários, soldados e marinheiros em armas.
- o Comité Militar Revolucionário do Soviete de deputados operários e soldados de Petrogrado publicou a mensagem, redigida por Lénine, Aos cidadãos da Rússia, a qual anunciava que o Governo Provisório fora derrubado, que o poder passara às mãos dos Sovietes e que a causa por que o povo lutara estava assegurada.
- abre-se a histórica reunião do Soviete de Petrogrado, cujos participantes saudaram com indescritível entusiasmo a entrada de Vladímir Ilitch na sala.
- inaugura-se no Smólny o II Congresso dos Sovietes. Participam 650 delegados de todas as partes do país, dos quais cerca de 400 eram bolcheviques.
- Por iniciativa de Lénine, o Congresso aprova o Decreto sobre a Paz, o problema mais candente que preocupava milhões de operários e camponeses. Foi este o primeiro acto da política externa de paz do poder soviético.
- O Decreto sobre a Terra aboliu para sempre, sem indemnização, a propriedade latifundiária e entregava a terra ao povo. No total, passaram para as mãos dos camponeses mais de 150 milhões de hectares.
- Lénine mandou tomar de assalto, imediatamente, o Palácio de Inverno, onde se achavam os ministros do Governo Provisório. Serviu de sinal para o ataque o histórico disparo do cruzador Aurora. As unidades revolucionárias tomaram o Palácio de Inverno, último baluarte do Governo burguês
- Declaração dos direitos do povo trabalhador e explorado, da qual Lénine foi autor, serviu de base à primeira Constituição Soviética
- Continuar 1918-1924
A nova época colocou novos problemas do desenvolvimento social e do movimento internacional de libertação, de cuja solução dependia o destino da humanidade. Os dirigentes da II Internacional, alheios ao espírito revolucionário e criador do marxismo, mostraram-se incapazes de resolver esses problemas. Os partidos sociais-democratas da Europa ocidental eram dominados por oportunistas que tomaram o caminho da revisão da doutrina de Marx e Engels, negando a necessidade da luta revolucionária contra o capitalismo. O maior mérito de Lénine consiste em que ele deu resposta às questões essenciais colocadas pela nova época revolucionária, elaborou os problemas filosóficos, económicos e políticos fundamentais da teoria revolucionária e a estratégia e a táctica do proletariado internacional.
Os ideólogos burgueses, os sociais-reformistas e revisionistas afirmam que o surgimento e o conteúdo do leninismo seriam determinados pelas condições «específicas», «particulares», da realidade russa, pelo «atraso económico e cultural» da Rússia. Os factos históricos desmentem inteiramente essas invenções.
A Rússia era um país com um nível médio de desenvolvimento do capitalismo, que se desenvolvia intensamente para passar à fase monopolista. Lenine observou que a Rússia se encontrava no quarto lugar entre os países do mundo quanto à produção industrial e incluía-a no mesmo grupo que a França e o Japão, quanto ao nível de desenvolvimento e ao papel desempenhado na política mundial. Na Rússia havia uma indústria altamente concentrada e estava a formar-se uma forte classe operária. O proletariado russo fora temperado por longos anos de luta de classe. Aumentava constantemente a sua consciência. E na Rússia, escreveu Lenine em 1890, «[…] vemos os mesmos processo fundamentais de desenvolvimento do capitalismo, as mesmas tarefas fundamentais dos socialistas e da classe operária». O movimento operário elevou-se a um novo degrau quando os marxistas revolucionários, com Lénine à frente, criaram na Rússia o partido proletário.
Lénine aplicou magistralmente o marxismo à solução das questões que se colocavam ao proletariado russo, e isso não só não permite reduzir a importância do leninismo ao quadro da Rússia como, pelo contrário, confirma o seu carácter internacional.
As principais leis do processo revolucionário mundial revelaram-se com a maior evidência nas três revoluções russas.
A revolução de 1905-1907 foi a primeira revolução popular da época do imperialismo, democrática burguesa pelo seu conteúdo social e económico e, ao mesmo tempo, proletária tanto pelo facto de que a força dirigente era a classe operária como pelos meios de luta. Ela teve uma grande influência no movimento revolucionário mundial. A revolução de Fevereiro de 1917 levou ao derrubamento do tsarismo, um dos principais baluartes da reacção internacional. O breve período entre Fevereiro e Outubro de 1917 deu-nos o primeiro exemplo da história de passagem da revolução democrática burguesa para a revolução socialista. A Grande Revolução Socialista de Outubro abriu uma nova era na história da humanidade, iniciou a época da passagem do capitalismo para o socialismo à escala mundial. «Etapas como as de Outubro de 1905 e Fevereiro e Outubro de 1917 têm uma importância histórica universal», escreveu Lénine.
Os problemas colocados pelo movimento operário e pelas revoluções na Rússia eram, ao mesmo tempo, problemas essenciais da revolução mundial. Por isso o estudo por Lénine das questões do desenvolvimento social e político da Rússia adquiria importância mundial.
A Grande Revolução Socialista de Outubro abriu uma nova era na história da humanidade, iniciou a época da passagem do capitalismo para o socialismo à escala mundial.
Na Rússia anterior à revolução existiam as mais diversas estruturas socioeconómicas: «o imperialismo capitalista moderno», segundo a definição de Lénine, combinava-se com fortes sobrevivências da servidão feudal, as regiões de capitalismo mais ou menos desenvolvido coexistiam com regiões de relações sociais pré-capitalista, semifeudais, e alguns povos encontravam-se ao nível do regime patriarcal. No fundo, pode dizer-se que nas vésperas de Outubro a Rússia era como que um «modelo» gigantesco de todo o sistema capitalista. Lénine escreveu que em nenhum outro país se encontrava uma tão rica concentração de formas, traços e métodos de luta de todas as classes da sociedade contemporânea como na Rússia e sublinhava o grande significado da experiência do bolchevismo, considerando seu dever tornar essa experiência património dos marxistas de todos os países.
Em vésperas do combate decisivo contra a autocracia, Lénine, desenvolvendo a teoria marxista, determinou a táctica do partido na revolução e as suas perspectivas. Desenvolveu as questões relativas à hegemonia do proletariado, à aliança da classe operária com o campesinato, à insurreição armada, à ditadura democrática revolucionária do proletariado e do campesinato. Lénine formulou uma teoria coerente da transformação da revolução democrático-burguesa em revolução socialista.
Em Março de 1917, ainda na emigração, V. I. Lénine definiu nas Cartas de Longe o carácter e as forças motoras da Revolução de Fevereiro na Rússia. Ao definir as tarefas da classe operária e do seu partido, Lénine escrevia que tinha acabado apenas a primeira etapa da revolução. Ele apelou para que a classe operária desse provas de heroísmo e conseguisse a vitória na segunda etapa da revolução, isto é, na etapa da sua transformação em revolução socialista.
Documentos programáticos — como as famosas Teses de Abril, esse notável documento programático do partido bolchevique apresentado por V. I. Léniné em 4 (17) de Abril, ou seja, no dia seguinte ao seu regresso do estrangeiro, o artigo As Tarefas do Proletariado na Nossa Revolução (Projecto de plataforma do partido proletário), os relatórios e discursos de Lénine e as resoluções redigidas por ele da VII Conferência (de Abril) de Toda a Rússia dos bolcheviques — armaram o partido e a classe operária da Rússia com um plano cientificamente fundamentado de transição da revolução democrática burguesa para a revolução socialista. A Conferência de Abril aprovou unanimemente a linha leninista para a revolução socialista e a conquista do poder político pela classe operária e pelo campesinato pobre através dos Sovietes de deputados operários, soldados e camponeses. O Partido Comunista, após a Conferência de Abril, lançou-se ao trabalho para concretizar as resoluções desta, para mobilizar revolucionariamente as massas, para as esclarecer politicamente.
Os acontecimentos de Julho, isto é, o metralhamento da manifestação pacífica dos operários e soldados em Petrogrado a 4 (17) de Julho de 1917 pelo Governo Provisório, foram o momento de viragem no desenvolvimento da revolução. Acabou a dualidade de poderes. O poder no país passou para as mãos do Governo Provisório burguês.
A nova situação política no país exigiu do partido que modificasse a sua táctica, que substituísse as suas palavras de ordem tácticas. Nas teses A Situação Política e no artigo A Propósito das Palavras de Ordem, Lénine explica que o período pacífico da revolução acabou, formula indicações sobre a acumulação de forças para preparar a insurreição armada, fundamenta a necessidade de retirar por algum tempo a palavra de ordem «Todo o Poder aos Sovietes!».
Estas e outras obras de Lénine constituíram a base das resoluções do VI Congresso do POSDR (b), o qual se realizou em Petrogrado de 26 de Julho a 3 de Agosto (8-16 de Agosto) de 1917. Lénine dirigiu os trabalhos do Congresso a partir da clandestinidade, donde orientava as actividades do partido, dava indicações a propósito de todas as questões fundamentais da revolução. As resoluções adoptadas pelo VI Congresso estavam subordinadas ao objectivo principal, que era preparar o proletariado e o campesinato pobre para a insurreição armada, para a vitória da revolução socialista.
Durante os 110 dias da sua vida na clandestinidade, V. I. Lénine escreveu mais de 65 artigos e cartas. Entre esses, figuram obras tão importantes como A Catástrofe Que Nos Ameaça e como Combatê-la, O Estado e a Revolução, Conservarão os Bolcheviques o Poder de Estado?. Nelas Lénine desenvolveu a doutrina marxista sobre o Estado e a ditadura do proletariado, fundamentou em todos os aspectos a necessidade histórica da revolução socialista e a sua inevitabilidade na Rússia, pôs em evidência as suas tarefas primordiais.
O metralhamento da manifestação pacífica dos operários e soldados em Petrogrado a 4 (17) de Julho de 1917 pelo Governo Provisório, foram o momento de viragem no desenvolvimento da revolução
Em meados de Setembro de 1917 V. I. Lénine escreveu ao Comité Central, aos Comités de Petrogrado e de Moscovo do partido a carta Os Bolcheviques Devem Tomar o Poder, e a carta ao Comité Central O Marxismo e a Insurreição, nas quais, baseando-se numa análise profunda e multilateral da situação internacional e da situação interna do país, coloca perante o partido a tarefa da preparação e da organização da insurreição armada. Na carta O Marxismo e a Insurreição e no artigo Conselhos de Um Ausente, Lénine desenvolveu e generalizou num sistema harmonioso as concepções de Marx e Engels sobre a insurreição como uma arte. Nestas obras, Lénine elaborou um plano aproximado da organização da insurreição.
A decisão do CC sobre a insurreição tornou-se uma directriz para as organizações do partido de todo o país sobre a imediata preparação da insurreição armada. Nas cartas aos Membros do Partido dos Bolcheviques e ao Comité Central do POSDR (b), Lénine desmascara a conduta antipartido de Zinóviev e de Kámenev, que se pronunciaram contra a decisão do CC sobre a insurreição armada. Em 18 (31) de Outubro, Kámenev publicou, em seu próprio nome e em nome de Zinóviev, no jornal semimenchevique Nóvaia Jizn, uma declaração dizendo não estarem de acordo com a decisão do CC sobre a insurreição. Deste modo Zinóviev e Kámenev denunciaram ao inimigo a decisão secreta do partido sobre a insurreição. Lénine estigmatizou-os como fura-greves da revolução e exigiu que fossem expulsos das fileiras do partido.
Lénine insistia em que a insurreição fosse iniciada antes do II Congresso dos Sovietes, a fim de ultrapassar os inimigos, que esperavam a acção armada para o dia da inauguração do Congresso. Na carta aos membros do CC escrita em 24 de Outubro (6 de Novembro), propôs que a acção fosse iniciada imediatamente: «A história não perdoará a demora aos revolucionários, que podem vencer hoje (e seguramente vencerão hoje), arriscando-se a perder muito amanhã, arriscando-se a perder tudo».
Por proposta de Lénine, a insurreição foi iniciada a 24 de Outubro (6 de Novembro). A altas horas da noite, Lénine chegou ao Palácio Smólni e encabeçou a direcção da insurreição. O plano da insurreição armada por ele elaborado foi realizado com êxito pelos operários e soldados insurrectos. Foi através do histórico apelo escrito por Lénine, Aos Cidadãos da Rússia!, que, na manhã de 25 de Outubro (7 de Novembro), o Comité Revolucionário Militar informou os povos da Rússia sobre o derrubamento do Governo Provisório e sobre a passagem do poder de Estado para as mãos dos Sovietes.
O II Congresso dos Sovietes de Deputados Operários e Soldados de Toda a Rússia, que se inaugurou na noite de 25 de Outubro (7 de Novembro), aprovou unanimemente o apelo escrito por Lénine Aos Operários, Soldados, e Camponeses!, ratificou os decretos de Lénine sobre a paz e sobre a terra, formou o Governo soviético com V. I. Lénine à cabeça.
Lénine conduziu sabiamente o partido bolchevique, o proletariado e todos os trabalhadores da Rússia através do cadinho de três revoluções. Ele foi o primeiro dirigente marxista da história, guia da classe operária, que dirigiu uma revolução socialista vitoriosa e esteve ao leme do Estado proletário. Sob a direcção de Lénine foram lançados os fundamentos do novo regime social e iniciou-se a concretização do plano de edificação do socialismo.
Depois da revolução de Outubro
Neste período, expressa-se a gigantesca actividade de V. I. Lénine no que respeita à construção do primeiro Estado socialista soviético do mundo, à consolidação da ditadura do proletariado, à sua luta pela unidade das fileiras do Partido Comunista.
A República Soviética não podia considerar sólida a sua situação enquanto o país estivesse em estado de guerra. A Inglaterra, a França e os EUA recusavam-se a negociar a paz. O Governo soviético viu-se obrigado a realizar negociações de paz separadas com a Alemanha. Os imperialistas alemães estiveram de acordo em realizar negociações de paz, mas apresentaram condições de paz espoliadoras. Lénine fundamentou em várias obras a tese de que a saída da Rússia soviética da guerra e a obtenção de uma trégua eram vitalmente necessárias para o saneamento económico do país, para o fortalecimento da sua capacidade defensiva, para a criação dum exército capaz de defender o país contra os invasores imperialistas.
Vários documentos reflectem a luta consequente e implacável travada por Lénine contra Trótski e o grupo dos «comunistas de esquerda» (Bukhárine, Búbnov, Lómov, Ossínski e outros), os quais se pronunciavam contra a conclusão da paz e punham dessa maneira em perigo a própria existência da República socialista. O VII Congresso do Partido, realizado de 6 a 8 de Março de 1918, em Petrogrado, confirmou a justeza da linha leninista na questão da paz e reconheceu a necessidade de ratificar o tratado de paz com a Alemanha assinado pelo Governo soviético.
Nesse período, Lénine elabora teses fundamentais do plano científico da construção do socialismo na Rússia, traça as medidas práticas da construção socialista — a organização do registo e do controlo à escala nacional, a elevação da produtividade do trabalho, o desenvolvimento da emulação socialista, a formação de uma nova disciplina, a disciplina proletária — e elabora os princípios da gestão económica soviética.
Os «comunistas de esquerda» conduziram uma luta contra o plano leninista de construção do socialismo. A posição tomada por eles conduzia de facto à defesa do elemento pequeno-burguês e ao desleixo anarquista. Criticando energicamente os «comunistas de esquerda», Lénine mostrou que eles exprimiam os interesses da pequena burguesia.
Criticando energicamente os «comunistas de esquerda», Lénine mostrou que eles exprimiam os interesses da pequena burguesia.
Nas Teses sobre a Situação Política Actual, escritas em Maio de 1918, e na carta aos operários de Petrogrado Sobre a fome, Lénine colocou a tarefa de organizar uma campanha de massas dos operários avançados no sentido de ir para o campo prestar ajuda ao campesinato pobre na sua luta contra os kulaques. Muitos milhares de operários responderam ao apelo do Partido. Em Julho de 1918 foram criados os comités de camponeses pobres, os quais realizaram um grande trabalho para combater os kulaques, para abastecer de cereais a população das cidades e o exército. A sua organização teve uma grande importância para o desenvolvimento da revolução socialista e a consolidação do Poder Soviético no campo.
No começo do Verão de 1918, a República Soviética encontrou-se dentro do cerco de fogo das frentes. Os imperialistas americanos, ingleses, franceses e japoneses lançaram uma guerra contra a República dos Sovietes. Agindo em aliança com as classes exploradoras derrubadas, os latifundiários e capitalistas, gozando do apoio dos mencheviques e socialistas-revolucionários, procuravam restabelecer na Rússia a velha ordem e escravizar os seus povos. Um dos organizadores principais e participantes activos na intervenção anti-soviética foram os Estados Unidos da América. Na Carta aos Operários Americanos, Lénine revelou a verdadeira face dos imperialistas dos EUA, que acumularam centenas de milhares de milhões de dólares à custa da desgraça e das calamidades sofridas pelos povos. Sublinhou que o imperialismo anglo-americano se desmascarou a si próprio perante as massas trabalhadoras de todos os países como opressor dos povos e carrasco do movimento revolucionário. Na carta, Lénine exprimiu urna confiança profunda na vitória da República Soviética e apontou as fontes da sua força e invencibilidade.
Entre Outubro de 1918 e Março de 1923, V. I. Lénine desenvolveu as teses fundamentais da teoria marxista, esclareceu as questões da defesa do país, elaborou o plano da construção do socialismo, fundamentou os princípios da política externa do Estado Soviético, considerou os problemas do movimento mundial, demonstrando a actividade gigantesca do Partido Comunista e do seu Comité Central para organizar a derrota dos intervencionistas e dos guardas brancos.
Depois do fim da guerra civil, o país dos Sovietes entrou numa nova fase do seu desenvolvimento quando, perante o povo soviético, que defendeu as conquistas da Revolução de Outubro e a existência da República dos Sovietes, se colocaram em primeiro plano as tarefas da construção socialista. Em artigos, relatórios apresentados nos congressos do Partido e cartas relativas a esse período, Lénine, generalizando a experiência dos primeiros anos do Poder Soviético, esclarece de forma multifacetada e profunda tanto as questões gerais como as questões concretas da criação da nova sociedade, a sociedade socialista, os problemas da construção estatal, económica e cultural. Deve-se sublinhar especialmente a significação dos últimos artigos e cartas de Lénine, aos quais se chama com razão o seu testamento político. Estas obras constituíram a etapa final na elaboração por Lénine do plano de construção do socialismo na URSS. Nelas Lénine expôs de forma generalizada o programa de transformação socialista do país à luz das perspectivas gerais do movimento mundial de libertação.
O internacionalismo proletário
- o exército alemão retoma a ofensiva
- Lénine, em nome do Conselho de Comissários do Povo, dirige-se ao povo com um veemente apelo: A pátria socialista está em perigo!
- inaugurou-se em Petrogrado o VII Congresso do Partido, o primeiro realizado depois da Grande Revolução Socialista de Outubro. Lénine dirigiu todos os seus trabalhos e interveio 18 vezes. Por maioria de votos, o VII Congresso aprovou a linha leninista. Adoptou-se uma resolução Sobre a guerra e a paz.
- o Governo transfere-se para Moscovo, que passou a ser a capital do Estado soviético. O Conselho de Comissários do Povo e o Comité Executivo Central de toda a Rússia instalaram-se no Krémlin, onde também se alojou Lénine.
- O IV Congresso Extraordinário dos Sovietes de Toda a Rússia, reunido em Moscovo aprova uma resolução redigida por Lénine que ratificava o tratado de paz com a Alemanha, Áustria-Hungria, Turquia e Bulgária (Tratado Brest-Litovsk), a despeito da feroz resistência dos socialistas-revolucionários de esquerda.
- as tropas norte-americanas, britânicas e francesas apoderaram-se de Múrmansk. Soldados japoneses, britânicos e, posteriormente, também norte-americanos, desembarcaram em Vladivostok.
- numa sessão do Comité Executivo Central de toda a Rússia, Lénine apresenta um relatório sobre as tarefas imediatas do poder soviético
- em vários países — Alemanha, Áustria, Finlândia, Hungria e Polónia — fundaram-se partidos comunistas.
- o V Congresso dos Sovietes aprova a primeira Constituição da República Russa, que consagrava legislativamente as conquistas da revolução socialista.
- Os guardas brancos e outros contra-revolucionários, com o concurso dos intervencionistas estrangeiros, desencadearam a guerra civil
- a socialista-revolucionária Kaplán atentou criminosamente contra Lénine, ferindo-o gravemente com balas envenenadas disparadas à queima-roupa
- o Exército Vermelho libertou a cidade de Simbirsk, expulsando os guardas brancos
- é publicado o livro A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky.
- produz-se a revolução na Alemanha e o tratado de paz espoliador é denunciado
- reacendeu-se mais encarniçadamente a luta em todas as frentes. Os imperialistas dos Estados Unidos, Inglaterra, França e Japão invadiram com mais de um milhão de soldados armados a Rússia dos Sovietes
- Lénine dirige aos operários da Europa e da América, propondo-lhes a fundação da III Internacional.
- realiza-se em Moscovo o I Congresso da Internacional Comunista [Komintern], a III Internacional
- Lénine aplaude a formação dos Sovietes na Hungria e na Baviera e presta o seu apoio a Béla Kun, dirigente da revolução húngara
- os intervencionistas e os guardas brancos intensificam os ataques à República dos Sovietes. Nas frentes da guerra civil travam-se combates decisivos contra as forças conjugadas dos intervencionistas estrangeiros e dos guardas brancos. Os imperialistas dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha e Japão lançam na ofensiva contra o povo soviético os exércitos brancos dos generais Deníkine e Iudénitch, além do resto das unidades derrotadas de Koltchak.
- Lénine participa na direcção dos trabalhos do II Congresso da Internacional Comunista
- Com o objectivo de fornecer aos jovens partidos comunistas dos diversos países a experiência dos comunistas russos, Lénine escreve em 1920 o livro A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo.
- IX Congresso do Partido é inaugurado no Teatro Bolchói de Moscovo. Os trabalhos duraram oito dias e Vladímir Ilitch usou da palavra seis vezes. No relatório político do CC, colocou perante o Partido a tarefa do restabelecimento da economia do país.
- Lénine participa pessoalmente no sábado comunista organizado no Krémlin.
- é fundado o Partido Comunista Português
- Realiza-se o X Congresso do Partido bolchevique, que teve uma importância imensa. É aprovada a proposta de Lénine de passagem à nova política económica (NEP).
- Realiza-se o III Congresso da Internacional Comunista, Lénine dirige os trabalhos.
- por razões de saúde e insistência dos médicos, Lénine tem de interromper com frequência o trabalho, a fim de se tratar e descansar
- Piora consideravelmente o estado de saúde de Lénine
- Lénine fala no XI Congresso do Partido. No relatório político do CC faz um balanço do primeiro ano de aplicação da nova política económica.
- Vladímir Ilitch instalou-se na povoação de Gorki, nas imediações de Moscovo, para passar o Verão. Em fins de Maio agrava-se o seu estado de saúde
- Lénine volta ao trabalho. Preside ao Conselho dos Comissários do Povo, participa na actividade do CC do Partido e pronuncia discursos
- no IV Congresso da Internacional Comunista, Lénine apresenta o relatório Cinco anos da revolução russa e as perspectivas da revolução mundial
- Lénine pronuncia um discurso no Plenário do Soviete de Moscovo
- escreve aos membros do Bureau Político do CC do PC (b) da Rússia as cartas Sobre a formação da URSS e Sobre a questão das nacionalidades ou da «autonomização», em que expôs as bases da unificação das repúblicas: criação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, união voluntária de nações iguais em direitos e independentes, fundada nos princípios do internacionalismo proletário.
- o I Congresso dos Sovietes da União delibera constituir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Lénine, doente, não assiste ao Congresso. Mas todos os trabalhos deste, a Declaração e o Tratado federal de formação da URSS foram uma encarnação das suas indicações.
- Lénine é eleito Presidente do Conselho dos Comissários do Povo da URSS
- a doença de Vladímir Ilitch agravou-se, mas em Janeiro e Fevereiro de 1923 experimentou algumas melhoras
- Neste período ditou os seus bem conhecidos e últimos artigos: Carta ao Congresso, Páginas do diário, Sobre a cooperação, Sobre a nossa revolução, Como devemos reorganizar a Inspecção Operária e Camponesa? e É melhor menos, mas melhor.
- a saúde de Lénine piora bruscamente.
- Lénine volta a instalar-se em Gorki.
- sobreveio uma certa melhoria.
- Lénine esteve em Moscovo.
- ao anoitecer, às 18 horas e 50 minutos, Lénine sucumbiu a um derrame cerebral.
Guia do proletariado russo, Lénine era um grande internacionalista. Ele considerava a classe operária da Rússia e o seu partido como um destacamento do exército mundial do trabalho, do movimento operário e comunista internacional. As questões essenciais da revolução e da construção do socialismo na Rússia eram encaradas por Lénine a partir dos interesses do movimento internacional de libertação dos trabalhadores.
É especialmente importante sublinhar que o leninismo surgiu e se desenvolveu como generalização da experiência não apenas do movimento operário russo mas de todo o mundo, bem como da experiência dos movimentos democrático e de libertação nacional.
Nas obras de Lénine encontramos uma profunda análise do desenvolvimento económico, social e político e do movimento revolucionário de países como a França, a Alemanha, a Itália, a Inglaterra, os Estados Unidos da América, o Japão. Muitas páginas dos seus trabalhos são dedicadas ao movimento revolucionário e de libertação nacional na China, na Índia, na Indonésia, no Irão, na Turquia, no Próximo Oriente, nos países da América Latina e na África. Em várias das suas obras Lénine estudou as leis gerais do desenvolvimento social e do movimento de libertação dos trabalhadores na época do imperialismo e das revoluções socialistas, da passagem do capitalismo para o socialismo. Os problemas do processo revolucionário mundial ocupam também um lugar importante nos trabalhos de Lénine consagrados no essencial à Rússia, ao movimento revolucionário russo, à edificação do socialismo na URSS.
Ele considerava a classe operária da Rússia e o seu partido como um destacamento do exército mundial do trabalho,
Lénine desmascarou incansavelmente o oportunismo de direita, o social-reformismo e o revisionismo como inimigo principal no movimento operário. Ao mesmo tempo, Lénine pronunciou-se resolutamente contra o oportunismo «de esquerda», contra o dogmatismo e o sectarismo nos partidos comunistas, que os arrastavam para o caminho funesto do isolamento das massas operárias. Ele assinalou por mais de uma vez que o dogmatismo na teoria e na política faz o jogo do revisionismo e sublinhou a necessidade de desenvolver de forma criadora a teoria marxista em relação à nova situação histórica, de partir da essência do marxismo, e de fazer nessa base uma análise concreta da situação concreta.
A destacada obra do marxismo revolucionário A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo submeteu a uma crítica demolidora o «doutrinarismo de esquerda» e, generalizando a experiência do movimento revolucionário na Rússia e em outros países, esclareceu as questões fundamentais da estratégia e da táctica dos partidos comunistas.
Nas Teses e Relatório Sobre a Democracia Burguesa e a Ditadura do Proletariado apresentadas ao I Congresso da Internacional Comunista, nas Teses para o II Congresso da Internacional Comunista e nas intervenções no Congresso, nas Observações sobre os Projectos de Teses Sobre Táctica Para o III Congresso da Internacional Comunista. Carta a G. E. Zinóviev, assim como no Discurso em Defesa da Táctica da lnternacional Comunista no congresso, nos artigos Para o Décimo Aniversário do «Pravda» e É Melhor Menos, Mas Melhor, Lénine faz a análise das forças motrizes e das perspectivas do processo revolucionário mundial depois da divisão do mundo em dois sistemas — socialista e capitalista —, fundamenta os princípios programáticos, organizativos e tácticos do movimento comunista internacional.
Lénine foi um mestre e um guia do proletariado internacional, dos trabalhadores de todo o mundo. Fundador do partido proletário de novo tipo, ele surgiu, no princípio do século XX, como dirigente eminente do movimento socialista internacional. Lénine travou já então uma luta decidida contra o oportunismo na cena mundial, unindo as forças revolucionárias, verdadeiramente internacionalistas do movimento operário mundial. Foi, aliás, por sua iniciativa que os partidos comunistas fundaram em 1919 a III Internacional, a Internacional Comunista, organização internacional dos comunistas. Sob a direcção de Lénine foram formuladas as bases programáticas, a estratégia e os princípios da táctica do movimento comunista internacional.
O marxismo-leninismo, uma arma poderosa
Apoiando-se na doutrina de Marx e Engels e desenvolvendo-a, Lénine elevou-se a uma altura da qual podia observar todo o curso e as perspectivas do desenvolvimento social, revelar as correntes revolucionárias fundamentais da actualidade, determinar a distribuição de forças nas principais frentes de luta.
O leninismo é o marxismo da época do imperialismo e das revoluções proletárias, da época do desmoronamento do colonialismo e da vitória do movimento de libertação nacional, da época da passagem da humanidade do capitalismo para o socialismo e da edificação da sociedade comunista.
O mais importante traço do leninismo é a unidade indissolúvel da teoria e da prática revolucionárias.
«O objectivo das nossas concepções teóricas», dizia Lénine, «é dirigir-nos na nossa actividade revolucionária. O melhor lugar para pôr à prova as nossas concepções teóricas é o campo da actividade combatente. A verdadeira confirmação para um comunista é a sua compreensão de [como], onde e quando pôr o seu marxismo em acção». A actividade de Lénine era dirigida no sentido de aplicar na vida as conclusões da teoria revolucionária, de concretizar os ideais comunistas.
O maior mérito de Lénine perante a classe operária internacional foi a fundação do primeiro partido proletário de novo tipo do mundo, o partido comunista, bolchevique, que se tornou um modelo para os marxistas dos outros países. A vida e a actividade de Lénine são inseparáveis da história e da luta do partido. Como tão bem diz o poema de V. Maiakovski:
O partido e Lénine
são irmãos gémeos
Qual o mais querido
da mãe história?
Dizemos Lénine
pensamos
Partido,
Dizemos
Partido
pensamos
Lénine.
A riqueza verdadeiramente inestimável da herança ideológica de Lénine e a experiência da sua actividade prática tornaram-se e constituem um património e uma arma poderosa dos comunistas de todo o mundo. O leninismo arma os trabalhadores de todos os países com uma compreensão clara das vias da luta por um futuro radioso, com a confiança na vitória das forças da paz e do progresso e no triunfo inevitável do socialismo e do comunismo no mundo inteiro.
(Texto adaptado a partir de Obras Escolhidas de V. I. Lénine em 3 tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1977-1982, e de Lénine – Biografia, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1984)
Obra
Com vista a uma participação activa nessas comemorações, a Editorial «Avante!» elaborou uma listagem de obras que evocam a figura do grande revolucionário bolchevique e fundador do Estado soviético. Obras que destacam o seu extraordinário contributo para a luta de emancipação dos trabalhadores e dos povos, ao mesmo tempo que desenvolveram o corpo das ideias e método dialéctico do pensamento e acção revolucionários da nossa época, o marxismo-leninismo.
Livros de Lénine
A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo
ComprarO Imperialismo – Fase Superior do Capitalismo
ComprarQue Fazer?
ComprarTeses de Abril
ComprarO Estado e a Revolução
ComprarAos Pobres do Campo
ComprarMarx, Engels e o Desenvolvimento Histórico do Marxismo
ComprarA Grande Revolução Socialista de Outubro
ComprarObras Escolhidas de Lénine em três tomos – 1.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine em três tomos – 2.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine em três tomos – 3.º Tomo
ComprarMaterialismo e Empiriocriticismo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 1.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 2.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 3.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 4.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 5.º Tomo
ComprarObras Escolhidas de Lénine – 6.º Tomo
ComprarTextos sobre Portugal
ComprarLivros sobre Lénine e a Revolução de Outubro
V.I. Lénine – Pequena Biografia (Com o texto inédito de Álvaro Cunhal «O Que Devemos a Lénine»)
ComprarA Revolução de Outubro, Lénine e a URSS
ComprarA Questão do Estado, Questão Central de Cada Revolução
ComprarSobre Lénine e a Filosofia – A reivindicação de uma ontologia materialista dialéctica com projecto
ComprarSocialismo – Exigência da Actualidade e do Futuro
ComprarDez Dias que Abalaram o Mundo
ComprarLénine e a Revolução
ComprarOs Primeiros Passos do Poder Soviético
ComprarA Política Económica dos Sovietes nos Primeiros Anos da Revolução
ComprarO Triunfo do Socialismo na URSS
ComprarCitações
E com que arte magnífica sabe esta gente « intelectual» aproveitar a arma de semear o pânico! Pois isto tornou-se uma verdadeira arma na luta de classe da burguesia contra o proletariado.
V. I. Lénine, Os Resultados da Semana do Partido em Moscovo e as Nossas Tarefas, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1979, p.198.
O ponto de vista da vida, da prática, deve ser o ponto de vista primeiro e fundamental da teoria do conhecimento. […] Se aquilo que a nossa prática confirma é a única e última verdade objetiva, daí decorre o reconhecimento de que o único caminho para esta verdade é o caminho da ciência assente no ponto de vista materialista.
V. I. Lénine, Materialismo e Empiriocriticismo, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1982, p. 107.
[...] primeiro, estudar, segundo estudar e terceiro estudar [...].
Lénine, É Melhor Menos, mas Melhor, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1979, p. 671.
O proletariado, na sua luta pelo poder, não tem outra arma senão a organização.
V. I. Lénine, Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 369.
A doutrina de Marx e Engels não é um dogma que se aprenda de cor. Ela deve ser considerada como um guia para a acção.
V. I. Lénine, Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 4, 1986, p. 109.
Marx e Engels foram os primeiros a explicar, nas suas obras científicas, que o socialismo não é uma invenção de sonhadores mas o objectivo final e o resultado necessário do desenvolvimento das forças produtivas da sociedade actual.
V. I. Lénine, «Friedrich Engels», Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1984, p. 9
As transformações políticas numa direcção efectivamente democrática, e por maioria de razão as revoluções políticas, não podem em caso algum, nunca e em nenhumas condições, encobrir ou enfraquecer a palavra de ordem de revolução socialista.
V. I. Lénine, «Sobre a palavra de ordem dos Estados Unidos da Europa», in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 569.
Uma exigência incondicional da teoria marxista na análise de qualquer questão social é a sua colocação dentro de um quadro histórico determinado, e depois, se se tratar de um só país (por exemplo, do programa nacional para um dado país), a consideração das peculiaridades concretas que distinguem esse país dos outros nos limites de uma e mesma época histórica.
V. I. Lénine, «Sobre o direito das nações à autodeterminação», Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 515.
Os homens sempre foram em política vítimas ingénuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprenderem a descobrir por trás das frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou outra classe.
V. I. Lénine, «As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo», Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, pp. 38-39.
[...] numa sociedade baseada na luta de classes não pode haver ciência social “imparcial”.
V. I. Lénine, «As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo», in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 35.
A crítica — e a crítica mais áspera, implacável e intransigente — deve dirigir-se não contra o parlamentarismo ou a acção parlamentar., mas contra os chefes que não sabem — e mais ainda contra os que não querem — utilizar as eleições parlamentares e a tribuna parlamentar de uma maneira revolucionária, de uma maneira comunista.
V. I. Lénine, A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1979, p. 311.
[...] a tarefa consiste, como sempre, em saber aplicar os princípios gerais e fundamentais do comunismo àquela peculiaridade das relações entre as classes e os partidos, àquela peculiaridade do desenvolvimento objectivo para o comunismo que é própria de cada país e que é necessário saber estudar, descobrir e adivinhar.
V. I. Lénine, A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3,1979, p. 328.
É muitíssimo mais difícil — e muitíssimo mais valioso — saber ser revolucionário quando ainda não existem as condições para a luta directa, aberta, autenticamente de massas, autenticamente revolucionária, saber defender os interesses da revolução (mediante a propaganda, a agitação e a organização) em instituições não revolucionárias e muitas vezes francamente reaccionárias, numa situação não revolucionária, entre massas incapazes de compreender imediatamente a necessidade de um método revolucionário de acção.
V. I. Lénine, A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo, Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1979, p. 333.
Só podem recear as alianças temporárias, mesmo com elementos inseguros, aqueles que não têm confiança em si próprios; e nenhum partido político poderia existir sem essas alianças.
V. I. Lénine, Que Fazer?, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, t. 1, 1977, p. 91.
A tarefa de um partido verdadeiramente revolucionário não consiste em proclamar impossível a renúncia a quaisquer compromissos, mas em saber permanecer fiel, através de todos os compromissos, na medida em que eles são inevitáveis, aos seus princípios, à sua classe, à sua missão revolucionária, à sua tarefa de preparação da revolução e de educação das massas do povo para a vitória da revolução.
V. I. Lénine, Sobre os Compromissos, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 2, 1978, p. 155.
Sem teoria revolucionária não pode haver também movimento revolucionário.
V. I. Lénine, Que Fazer?, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, pp. 96-97.
Só o proletariado pode ser o combatente de vanguarda pela liberdade política e pelas instituições democráticas, pois, em 1.º lugar, é sobre o proletariado que a opressão política se reflecte mais fortemente […].
V. I. Lénine, As Tarefas dos Sociais-Democratas Russos, in Obras Completas (em russo), t. 2, pp. 454-455.
Nós mantemo-nos inteiramente no terreno da teoria de Marx: ela transformou pela primeira vez o socialismo de utopia em ciência, estabeleceu as bases sólidas dessa ciência e indicou a via que se deve seguir no desenvolvimento dessa ciência.
V. I. Lénine, O Nosso Programa, in Obras Completas (em russo), t. 4, p.182.
[...] devemos colocar como nosso objectivo imediato a organização de um órgão do partido que se publique regularmente e que esteja estreitamente ligado com todos os grupos locais
V. I. Lénine, A Nossa Tarefa Imediata, in Obras Completas (em russo), t. 4, p. 191.
O jornal não é só um propagandista colectivo e um agitador colectivo, mas também um organizador colectivo.
V. I. Lénine, Por onde Começar?, in Obras Completas (em russo), t. 5, p.11.
[...] só um partido guiado por uma teoria de vanguarda pode desempenhar o papel de combatente de vanguarda.
V. I. Lénine, Que Fazer?, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo t.1, 1977, p. 97.
[…] a nossa tarefa não consiste em advogar que o revolucionário seja rebaixado ao nível de artesão, mas elevar o artesão ao nível de revolucionário.
V. I. Lénine, Que Fazer?, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t.1, 1977, p.169.
Para um partido proletário não há erro mais perigoso do que fundar a sua táctica em desejos subjectivos, onde o que é preciso é organização.
V. I. Lénine, VII Conferência (de Abril) de Toda a Rússia do POSDR (b). «Relatório sobre o momento actual, 24 de Abril (7 de Maio)», in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 2, 1978, p. 59.
Quanto mais se amplia o movimento popular, tanto mais se revela a verdadeira natureza das diferentes classes, tanto mais premente é a tarefa do partido de dirigir a classe, de ser o seu organizadore de não se arrastar atrás dos acontecimentos.
V. I. Lénine, Novas Forças e Novas Tarefas, in Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1984, p. 141.
A história conhece a democracia burguesa, que vem substituir o feudalismo, e a democracia proletária, que vem substituir a burguesa.
V. I. Lénine, A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1979, p. 15.
É preciso saber unir a luta pela democracia e a luta pela revolução socialista, subordinando a primeira à segunda. Nisto está toda a dificuldade; nisto está toda a essência.
V. I. Lénine, Carta a I. F. Armand, 25 de Dezembro de 1916, in Obras Completas (em russo), t. 49, p. 347.
Estou convencido de que o partido precisa de um órgão político que se publique regularmente, que aplique firme e consequentemente uma linha de combate à desagregação e ao desânimo.
V. I. Lénine, Carta a A. M. Gorki, in Obras Completas (em russo), t. 47, p. 133.
O partido é a camada consciente e avançada da classe, a sua vanguarda. A força desta vanguarda é 10, 100 vezes maior que o seu número. Será isto possível? Poderá a força de cem superar a força de mil? Pode e supera, quando os cem estão organizados. A organização decuplica a força.
V. I. Lénine, Como V. Zassúlitch Mata o Liquidacionismo, in Obras Completas (em russo), t. 24, p. 34.
Abaixo toda a política colonial, abaixo toda a política de ingerência e de luta capitalista por terras estrangeiras, por populações estrangeiras, por novos privilégios, por novos mercados, estreitos, etc.!
V. I. Lénine, Os Acontecimentos nos Balcãs e na Pérsia, in Obras Completas (em russo), t. 17, p. 231.
O capital financeiro é uma força tão considerável, pode dizer-se tão decisiva, em todas as relações económicas e internacionais, que é capaz de subordinar, e subordina realmente, mesmo os Estados que gozam da independência política mais completa […].
V. I. Lénine, O Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo, Edições «Avante!», Lisboa, 1984, p. 84.
O fim das guerras, a paz entre os povos, o fim das pilhagens e violências – tal é o nosso ideal [...].
V. I. Lénine, A Questão da Paz, in Obras Completas (em russo), t. 26, p. 304.
A desigualdade do desenvolvimento económico e político é uma lei absoluta do capitalismo.
V. I. Lénine, Sobre a Palavra de Ordem dos Estados Unidos da Europa, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 571.
Todas as nações chegarão ao socialismo, isso é inevitável, mas chegarão todas de modo não exactamente idêntico, cada uma trará uma peculiaridade numa ou naquela forma de democracia, nesta ou naquela variedade de ditadura do proletariado, neste ou naquele ritmo das transformações socialistas dos diferentes aspectos da vida social.
V. I. Lénine, Sobre uma Caricatura do Marxismo e sobre o «Economismo Imperialista», in Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1985, p. 50
Sabemos que elas [as revoluções] não podem ser feitas nem por encomenda nem por acordo, que elas crescem onde dezenas de milhões de pessoas chegam à conclusão que não se pode continuar a viver assim.
V. I. Lénine, IV Conferência dos Sindicatos e Comités de Fábrica de Moscovo. Palavras Finais sobre o Relatório sobre o Momento Actual, in Obras Completas (em russo), t. 36, p. 457.
As máquinas e outros aperfeiçoamentos devem facilitar o trabalho de todos e não enriquecer uns poucos à custa de milhões e dezenas de milhões de pessoas. Esta sociedade nova e melhor chama-se sociedade socialista.
V. I. Lénine, Aos Pobres do Campo, Edições «Avante!», Lisboa, 1984, p. 10.
[...] o proletariado só pode tornar-se, e tornar-se-á inevitavelmente, uma força invencível quando a sua unidade·ideológica, baseada nos princípios do marxismo, é cimentada pela unidade material da organização que reúne milhões de trabalhadores num exército da classe operária.
V. I. Lénine, Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás, in Obras Escolhidas em três tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 1, 1977, p. 369.
Se queremos ser marxistas e aprender com a experiência das revoluções de todo o mundo, devemos esforçar-nos por compreender em e qual é a táctica que decorre das suas particularidades objectivas.
V. I. Lénine, Cartas de Longe, in Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 3, 1985, p. 101.
[...] a dialéctica exige que um fenómeno social seja estudado sob todos os seus aspectos, através do seu desenvolvimento, e que a aparência, o aspecto exterior seja reconduzido às forças motrizes essenciais, ao desenvolvimento das forças produtivas e à luta das classes.
V. I. Lénine, A Bancarrota da II Internacional, in Oeuvres, Éditions Sociales-Éditions du Progrès, Paris-Moscou, t. 21, 1960, p. 221.
A ausência de unidade nas questões do socialismo não exclui a unidade de vontade nas questões da democracia e na luta pela república.
V. I. Lénine, Duas Tácticas da Social-Democracia na Revolução Democrática, in Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, 1984, tomo 1, p. 228.
O proletariado não pode vencer senão através da democracia, isto é, realizando integralmente a democracia e ligando a cada passo da sua luta reivindicações democráticas formuladas da maneira mais decidida.[…] Enquanto existir o capitalismo, todas essas reivindicações só serão realizáveis como excepção e mesmo assim de maneira incompleta e deformada.
V. I. Lénine, O Proletariado Revolucionário e o Direito das Nações à Autodeterminação, in Obras Escolhidas em seis tomos, Edições «Avante!»-Edições Progresso, Lisboa-Moscovo, t. 2, 1984, p. 273