Jornais da Prisão

Jornais da Prisão

Nota introdutória

O conjunto dos jornais manuscritos feitos clandestinamente por presos políticos comunistas, num período que vai de 1934 a 1945, nas prisões de Peniche, Caxias, Penitenciária de Lisboa, Cadeia de Monsanto, Aljube, Angra do Heroísmo e Tarrafal e que a partir de agora, na continuação de outras iniciativas, o Partido Comunista Português torna possível a sua consulta pelo público em geral, constitui mais um importante contributo para o aprofundamento do conhecimento da resistência à ditadura fascista e em particular a desenvolvida pelos comunistas no interior das cadeias fascistas.

Os 18 títulos, abrangendo 64 números, constitui o espólio preservado dos cerca de 200 números que terão sido feitos durante este período de 11 anos, mas não encontrados até hoje.

Este conjunto de jornais manuscritos clandestinos feitos nas cadeias fascistas, tem um valor histórico, político e cultural inquestionável.

Pela sua natureza, pelo facto de se terem publicado durante um tão longo período - só possível porque os presos conseguiram resolver problemas tão complexos, como arranjar papel e tinta, produzi-los, fazê-los circular pelos presos e defendê-los da permanente vigilância dos carcereiros - por serem uma prática extensiva à generalidade das cadeias e pela sua qualidade gráfica, estes documentos são considerados únicos no movimento revolucionário.

Os jornais da prisão foram escritos por comunistas, para comunistas. São jornais de presos de organizações partidárias específicas como é o exemplo de “O Carril Vermelho”, órgão dos presos comunistas da Carris; “Potenkin”, órgão dos presos comunistas ex-marinheiros; “Pavel” órgão dos jovens comunistas presos em Peniche, mas são também jornais cuja função fundamental é a formação ideológica dos quadros como é o caso do “Reduto Teórico” do Tarrafal.

Estes jornais foram feitos num período muito particular da vida política nacional e internacional. O período do ascenso do nazi-fascismo, da intensificação da repressão fascista, da abertura do Campo de Concentração do Tarrafal, da Guerra Civil de Espanha, do desencadear da 2ª Guerra Mundial, mas também o período do reagrupamento das forças antifascistas e do esforço do PCP para erguer uma sólida organização clandestina e encabeçar, com a classe operária, a resistência ao fascismo.

As centenas de páginas que constituem estes jornais reflectem o quadro político geral do país e do mundo naquela época e como era visto pelos comunistas presos.

Neles encontramos a abordagem de questões cadentes como a natureza do fascismo e os seus destinos, a constituição das Frentes Populares, o problema da unidade antifascista, as causas e as consequências da guerra, sobre a Revolução de Outubro e o papel da União Soviética no combate ao nazi-fascismo.

Para além do objectivo da formação política e ideológica dos quadros estes jornais tinham também a função de serem instrumentos de organização, de luta, denunciando a repressão fascista, as precárias e degradantes condições prisionais, de elevação da moral, coesão e combatividade dos presos, quebrando o isolamento a que estavam sujeitos, informando-os do desenrolar dos acontecimentos e incentivando-os a prosseguir a luta na cadeia e também quando postos em liberdade.

Estes jornais manuscritos feitos nas cadeias fascistas, pese embora a sua especificidade, são parte integrante do património da resistência do nosso povo contra o fascismo, da luta pela liberdade e pela democracia, luta na qual a imprensa clandestina do PCP, desempenhou papel fundamental.

A sua divulgação é também um tributo a todas as vítimas da repressão fascista que com o seu sacrifício contribuíram para a conquista da liberdade em 25 de Abril de 1974.

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