O voto de congratula??o apresentado pelo CDS-PP n?o visa assinalar o fim do muro de Berlim, a livre circula??o de pessoas entre as duas Alemanhas e o processo de democratiza??o pol?tica ent?o desenhado na RDA, acontecimentos de ineg?vel import?ncia hist?rica, cuja evoca??o, por si s?s, n?o nos mereceria reserva, acontecimentos que n?o consideramos incompat?veis com o esfor?o de uma profunda e necess?ria restrutura??o e renova??o socialistas. O voto de congratula??o apresentado pelo CDS-PP, pelo partido da extrema direita em Portugal, numa linguagem trauliteira e provocat?ria, usa o 10? anivers?rio da queda do muro de Berlim como um pretexto para celebrar, sob outras palavras, um ilus?rio "fim da hist?ria", mas tamb?m e sobretudo para proceder a uma mesquinha, rancorosa e insolente criminaliza??o de ideais humanistas de progresso e transforma??o sociais que, ao longo deste s?culo, batalharam pela supress?o do capitalismo com a justa ambi??o da constru??o de novas sociedades.N?s, comunistas portugueses, entendemos que o que foi derrotado n?o foi o comunismo ou o ideal comunista e o seu projecto de transforma??o da sociedade. O que foi derrotado - e a queda do muro de Berlim ? de facto um dos seus momentos simbolicamente expressivos - foi um modelo em que a democracia pol?tica foi substitu?da pelo autoritarismo do Estado menosprezando o valor intr?nseco da liberdade e da democracia.N?s, comunistas portugueses, vinculamos o socialismo ? liberdade e ? democracia pol?tica, econ?mica, social e cultural, e consideramos que a democracia pol?tica possui um valor intr?nseco e ? um elemento integrante e inalien?vel da sociedade portuguesa e do socialismo.E continuamos a pensar neste fim de s?culo que a guerra no mundo, que a fome e a mis?ria que atingem milh?es e milh?es de seres humanos por todo o mundo em paralelo com uma concentra??o da riqueza sem precedentes, que a acentua??o das desigualdades em m?ltiplas vertentes da vida humana e das sociedades, s? podem ter supera??o com o socialismo e n?o no capitalismo que as gera e que delas se alimenta.Por isso,reiterando um profundo distanciamento e activa rejei??o pelos comunistas portugueses dos crimes, ofensas ? dignidade humana e pervers?es que, afrontando os ideais comunistas, desfiguraram os nobres objectivos emancipadores de experi?ncias de constru??o do socialismo;e n?o esquecendo as conquistas e as mudan?as e influ?ncias positivas que essas experi?ncias, apesar de tudo, trouxeram ? marcha do mundo neste s?culo (da derrota do nazi- fascismo ao ruir do sistema colonial, de importantes avan?os no plano social, econ?mico e cultural ?s conquistas sociais e direitos dos trabalhadores ganhos nos pr?prios pa?ses capitalistas);o Grupo Parlamentar do PCP vota contra um "voto de congratula??o" apresentado e apoiado por quem, sendo defensor do capitalismo, n?o aceita considerar-se c?mplice ou co-respons?vel dos extensos crimes, trag?dias, ditaduras e agress?es a pa?ses soberanos que a hist?ria do capitalismo integra, mas j? pretende, absurda e preconceituosamente, arvorar-se em tribunal da Hist?ria, criminalizar outras ideias e corresponsabilizar os comunistas de Portugal e de outros pa?ses em todo o mundo por aquilo que n?o cometeram.