Porque haveria a UE de criar um instrumento financeiro para a promoção da democracia e dos direitos humanos no mundo, quando ela mesma é cada vez mais um atentado à democracia, aos direitos políticos e democráticos, aos direitos laborais e sociais, às liberdades e garantias dos cidadãos? Existe a intenção de utilizar valores e conquistas universais que traduzem o progresso da humanidade para alterar o seu sentido libertador, instrumentalizando-os através de processos de ingerência externa. Trata-se de um mecanismo claramente vocacionado para ingerir lá - onde existirem países e povos que afirmem e defendam a sua soberania, os seus interesses e aspirações - promovendo "oposições" colaboracionistas sobre a forma de ONG, fundações, partidos políticos e os chamados defensores dos direitos humanos. Este instrumento é igualmente hipócrita porque a UE continuará a apoiar regimes ditatoriais, como o fez, por exemplo, no Egipto e na Tunísia, enquanto estes lhe forem úteis, enquanto puderem continuar a sacar os seus recursos e a explorar a sua força de trabalho. E retirar-lhes-á o apoio quando os povos se revoltarem. Porque o objectivo fundamental é impedir o direito à livre determinação dos povos e impedi-los de exercerem os seus direitos humanos e escolherem o caminho democrático mais consentâneo com as suas aspirações.