Sr.ª Presidente,
Srs. Deputados,
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia,
Quero saudá-la pelo tema escolhido para a sua declaração política, que é, efetivamente, de grande atualidade.
Da declaração política do Partido Ecologista «Os Verdes» resulta a demonstração clara de um agravamento sem precedentes da pobreza no nosso País. Ao contrário do exercício a que assistimos há bem pouco tempo, quer da maioria PSD/CDS, quer do Sr. Ministro, de enfiarem literalmente a cabeça na areia e não reconhecerem este facto, a verdade é que temos 24,7% da nossa população, 2600 milhões de portugueses, em risco de pobreza.
A pobreza severa aumenta, 40% dos desempregados estão em risco de pobreza, mas mesmo nos empregados, nas pessoas que trabalham, mais de 10% aumentou o risco de pobreza. Temos 1400 milhões de trabalhadores desempregados dos quais apenas 376 000 recebem subsídio de desemprego.
A maioria PSD e CDS/PP faz de conta que não tem nada a ver com o assunto, quando são os principais responsáveis pela situação desgraçada que se vive.
A minha pergunta tem a ver, precisamente, com o outro lado da moeda: é que se, por um lado, a pobreza aumenta de uma forma significativa, como é que a Sr.ª Deputada justifica que nos anos de 2012 e de 2013, em que a pobreza aumenta de uma forma tão significativa, os grandes grupos económicos e os milionários vejam os seus lucros aumentarem? Aumentaram o seus lucros a EDP, 1005 milhões de euros; a Portucel, 210 milhões; o BES, 517 milhões; a GALP, 310 milhões; a Sonae,319 milhões; a Jerónimo Martins, 382 milhões. E mesmo as fortunas pessoais dos milionários e dos multimilionários, no nosso País, cresceram 17%!
Então, a pergunta é esta: há ou não riqueza no nosso País? Há! Ela está, efetivamente, a ser bem distribuída? Não está! E os dados comprovam-no.
Muito sinteticamente, a pergunta é perceber se é ou não uma intenção deliberada deste Governo promover um projeto de concentração de riqueza em meia dúzia de pessoas e de grupos económicos. É que para criar um rico são precisos milhões de pobres. Pergunto se não é exatamente o que o Governo está a fazer de uma forma deliberada.