No âmbito do acompanhamento pela CADRP dos incêndios florestais, realizou-se no dia 17, um encontro no Centro de Educação Ambiental do Vidoeiro/Gerês, com diversas entidades do PNPG, que contou com a presença do Director Dr. Lagido Domingos. Entre as várias intervenções feitas, os deputados da Comissão de Agricultura, ouviram a proferida pelo Presidente da Junta de Freguesia de Germil, Ponte da Barca, sobre o incêndio ocorrido na freguesia entre os dias 10 e 13 de Agosto.
E foi de forma incrédula que o Deputado do GP do PCP, ouviu a descrição do sucedido durante os dias em que durou o incêndio.
3ª Feira/10 Agosto
Vindo de Vilarinho das Furnas o fogo atingiu o território da freguesia de Germil, durante a tarde. O Presidente da Junta e outras pessoas da freguesia, ligaram telefonicamente para a Delegação da ANPC de Viana do Castelo, a dar conta do incêndio. Sem qualquer resultado, em termos de intervenção da ANPC. O fogo lavrou durante toda a noite.
4ª Feira/11 Agosto
O incêndio progrediu sem qualquer intervenção. Ligação para o Quartel de Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca, revelou-se também infrutífero. Alegação da falta de meios. Durante o dia apareceu um Helicóptero e a população da freguesia, julgou que era a resposta aos seus pedidos de socorro. Engano! O Heli foi despejar água noutra frente do incêndio, que não aquela que se aproximava, rodeando a freguesia.
5ª Feira/12 Agosto
Durante a manhã, o incêndio continuou a progredir, sem que aparecesse qualquer força para apoiar a intervenção da população. Em desespero de causa, o Presidente da Junta, entrou em contacto com um órgão da comunicação social, tendo sido dadas notícias sobre o incêndio de Germil às 13 horas. O que finalmente, determinou o aparecimento de um Heli, viaturas e elementos dos Bombeiros Voluntários de Ponte da Barca e uma equipa de militares. Ao fim da tarde o fogo cercava a freguesia. Com o aproximar da noite, os meios aéreos foram-se embora. Depois o fogo acalmou, e as restantes forças foram-se embora cerca das 6 horas da manhã.
6ª Feira/13 Agosto
O fogo reacendeu-se cerca das 13/14 horas. Pediram novamente apoio, o que não teve resposta. E foi a população que, com a aldeia cercada, acabou por travar o incêndio às portas das suas casas.
Registo: sem a intervenção decidida da população da freguesia, o incêndio poderia ter atingido as habitações e causado danos de muita maior gravidade.
Outros factos estranhos neste incêndio:
(i) Nunca constou do mapa diário de incêndios da ANPC, embora respondesse aos quesitos para a sua sinalização;
(ii) No Relatório Provisório dos Incêndios Florestais nº 6/2010, respeitante ao período entre 1 de Janeiro e 15 de Agosto da ANF, divulgado a 17 de Agosto, na listagem dos grandes incêndios (mais de 100 hectares de área ardida) consta o de Germil, sinalizando-se uma área ardida de 100 hectares de matos e zero de povoamentos. Ora foi atingida uma área bastante superior – cerca de 2/3 da área da freguesia, ou seja, seguramente mais de 500 hectares – e ficou quase totalmente reduzida a cinzas a importante mancha de carvalhos á volta da freguesia. Terão sobrado cerca de 30% do carvalhal!
Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que, por intermédio do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1. Porque não foi dada nenhuma resposta atempada pela ANPC/Viana do Castelo aos pedidos da população e junta de Freguesia de Germil, quer nos dois primeiros dias (10 e 11) quer após o reacendimento (13)? Porque não houve um contacto de alguém com responsabilidades na Protecção Civil, do CDOS, municipal, ou no âmbito do PNPG, com a Junta de Freguesia, sobre o que estava a acontecer (nem que fosse para simplesmente dizer, que estavam a acompanhar o incêndio, e logo que existissem disponibilidades de meios, acorreriam)? Que conhecimento tinha a CDOS/ANPC/Viana do Castelo da dimensão do incêndio?
2. Que grandes incêndios ocorriam na “vizinhança” durante o período 10/13 de Agosto, que impediram a deslocação de forças para defender o aglomerado urbano de Germil?
3. Porque razão, não foi sinalizado o incêndio de Germil, face à sua duração/dimensão, no mapa diário da ANPC?
4. Solicitava, que logo que estivesse disponível, nos fosse enviado o Relatório da ocorrência;
5. Qual a base/fonte da informação da AFN, que originou uma contabilização tão grosseira da dimensão e efeitos do incêndio em Germil, no seu último Relatório estatístico? Quem avalizou/certificou aqueles dados? Não considera a AFN, que semelhante informação põe em causa a fiabilidade dos dados inscritos e descredibiliza o próprio Relatório?