Sr.ª Presidente,
Sr. Deputado Pedro Pinto,
Durante a sua intervenção, por momentos, pensei que estava num comício em Sintra e que só lhe faltou mesmo distribuir umas queijadas pelos Deputados. Mas, ao contrário dos seus comícios em Sintra, o Sr. Deputado, aqui, tem que responder a perguntas e sujeitar-se ao contraditório.
Vamos, então, à parte da sua intervenção em que não fez campanha eleitoral por Sintra. Essa parte da sua intervenção insere-se numa campanha que se desenrola há já algumas semanas e que está a ser levada a cabo pelo seu partido, o PSD, e também pelo CDS e pelo Governo, uma campanha de mistificação e de desinformação em que tenta fazer crer aos portugueses que se encerrou um ciclo e que um novo ciclo está a iniciar-se, um ciclo de crescimento económico, de criação de emprego e de prosperidade.
O Sr. Deputado teve mesmo a ousadia de falar, aqui, no regresso ao crescimento económico
e isso resulta de uma manipulação e de uma análise fora do contexto de um conjunto de dados estatísticos.
O Sr. Deputado sabe, com certeza, que do 2.º trimestre de 2012 para o 2.º trimestre de 2013 houve uma recessão de 2%. Ou seja, nesse ano, a economia decresceu 2%. Os dados agregados dos dois primeiros semestres deste ano permitem concluir que este ano haverá uma recessão.
Além disso, Sr. Deputado, no próprio Orçamento do Estado prevê-se, para este ano, uma recessão de 2,3%.
Portanto, o Sr. Deputado isolou um dado estatístico, esqueceu-se de todos os outros e tentou, aqui, criar uma ideia completamente falsa.
Este ano, 2013, será o terceiro ano consecutivo de recessão e o PIB, no final do ano, terá regressado aos níveis de 2000.
Por isso, com esta política, com este Governo, o País não avança, o País regride, e regride, em termos de PIB, 13 anos.
Relativamente ao desemprego, coloca-se a mesma questão.
O Sr. Deputado sabe também que do 2.º trimestre de 2012 para o 2.º trimestre de 2013 a inflação passou de 15% para 16,4%, ou seja, agravou-se, Sr. Deputado. Foram para o desemprego mais 600 000 portugueses — isto em termos restritos — e destruídos 180 000 postos de trabalho, sem esquecermos todos aqueles portugueses que, perdendo a esperança num futuro melhor neste País, com a vossa política, foram forçados a emigrar, a procurar um futuro noutro país.
Esta campanha de mistificação, de desinformação, que o Sr. Deputado aqui protagonizou, tem apenas um objetivo: esconder dos portugueses, neste período de campanha eleitoral, aquilo que o Governo está a preparar para o dia 30 de setembro, após a contagem dos votos.
Adiaram, igualmente, a avaliação da troica apenas para comunicarem as conclusões dessa avaliação após as eleições autárquicas.
Para concluir, lançava um desafio ao Sr. Deputado, ao seu partido, o PSD, ao CDS e ao Governo: falem verdade aos portugueses e informem-nos agora e não no dia 30 de setembro, após as eleições autárquicas, sobre as medidas de austeridade que os senhores têm na manga para aplicar no próximo ano, medidas que serão anunciadas depois das eleições autárquicas, que irão esmagar ainda mais os portugueses, a economia nacional e levar a um empobrecimento ainda maior dos portugueses.
É este o desafio que lhe lanço aqui: ponha as cartas na mesa, diga claramente aos portugueses, para eles estarem informados quando, no dia 29 de setembro, votarem, quais são as perspetivas, quais são os planos que os senhores — o Governo, o PSD e o CDS — têm para o futuro deste País.