Intervenção de

Hospital de São José, de Fafe - Intervenção de Bernardino Soares na AR

 

 

Petição solicitando a adopção de medidas que impeçam o encerramento do serviço de urgência do Hospital de São José, de Fafe

 

 

Sr. Presidente,

Em primeiro lugar, queria saudar os peticionários pela importante petição (petição n.º 258/X) que aqui nos apresentam. Tive oportunidade de visitar o hospital de Fafe há poucas semanas e verifiquei que este hospital desenvolve actividades da maior importância, tendo perspectivas de

desenvolvimento de especialização em algumas das suas áreas, o que é positivo para aquelas populações.

Também tive oportunidade de verificar a perplexidade manifestada naquele hospital e nos seus

profissionais quando, no primeiro relatório sobre as urgências, o Governo propunha o encerramento daquela urgência. Ora, isto não foi aqui dito pelo Sr. Deputado Ricardo Gonçalves! É que a primeira proposta era o encerramento e ninguém compreendia porque razão aquele hospital iria ficar sem urgências. Felizmente, essa questão foi corrigida.

Todavia, o que é espantoso é o hospital ter assumido que vai fazer mais do que aquilo que o Governo quer que faça. Isto é, o hospital entende que tem profissionais e meios suficientes para pôr mais especialistas do que aqueles que são exigidos para o serviço de urgência básica a fazer o serviço de urgência, o que só confirma a «esquizofrenia» desta política em relação ao encerramento de urgências deste Governo do Partido Socialista, que nem sequer aproveita aquilo que já está disponível e têm de ser os hospitais a estabelecer um patamar acima daquilo que o Governo quer que eles façam. Este hospital faz mais do que o Governo quer que ele faça.

Os utentes deste hospital têm, contudo, um outro problema. É que, com a criação do centro hospitalar, criou-se uma confusão em matéria de encaminhamento dos doentes que leva a que, por exemplo, quando os doentes não são considerados urgentes e são devolvidos ou remetidos para o centro de saúde, paguem duas vezes a taxa moderadora. Ou seja, pagam no hospital quando se dirigem à urgência e, depois, pagam outra vez no centro de saúde, porque o hospital entendeu, porventura por razões certas, que não devem ser atendidos ali mas, sim, no centro de saúde.

Ora, isto não está resolvido até agora. Isto é, há uma dupla taxa moderadora, taxa essa que nem sequer deveria existir, devido a esta organização que nada organiza, como se está bem a ver.

Para além disso, essas consultas para as quais são remetidos alguns destes utentes têm limitação nos centros de saúde. Por exemplo, os utentes do centro de saúde estão limitados, no período das 8 às 22 horas, a quatro consultas/hora. Efectivamente, isto muitas vezes não é suficiente para dar resposta a todas estas situações.

Por outro lado, aqueles que são enviados para o hospital de Guimarães, às vezes, são sujeitos a uma segunda triagem. Vejam bem a irracionalidade da questão: cria-se um centro hospitalar, os doentes vão ao hospital de Fafe, fazem uma triagem, o hospital entende que devem, pelas razões do seu caso, ser tratados no hospital de Guimarães e, depois, chegando ao hospital de Guimarães, fazem nova triagem, que já foi feita no hospital do mesmo centro hospitalar. É um absurdo que tem de ser corrigido.

Finalmente, foi colocada num parqueamento no hospital de Fafe uma ambulância da SIV, do INEM, que não coordena devidamente com os bombeiros a sua actividade. Inclusivamente já aconteceu, pelo menos uma vez, a ambulância SIV ter saído e, depois, o INEM ter mandado sair a ambulância dos bombeiros para ir à frente e indicar o caminho para uma povoação mais distante à ambulância SIV, porque os tripulantes da ambulância SIV não conheciam o território. Este é um bom exemplo da rede de emergência deste Governo do Partido Socialista.

 

 

 

  • Saúde
  • Assembleia da República
  • Intervenções