Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Macedo,
Gostava que ouvisse aquilo que lhe vou suscitar e que reflectisse.
Disse: este Governo é arrogante, está esgotado, é insensível, está em decomposição acelerada, arrasta-se penosamente nas cadeiras do poder, deixou de ser um factor de solução para ser o problema e é o culpado da situação que vivemos. Acrescentaria ainda: é um Governo sem norte, como disse o Sr. Deputado Luís Montenegro, ou, pior ainda, um Governo que impõe o terror aos portugueses, no que tem toda a razão. É que, na verdade, temos 700 000 desempregados, 200 000 dos quais sem direito a subsídio de desemprego, 2 milhões de pobres, 100 000 emigrantes por ano, e todos os outros aspectos, desde as dívidas das famílias, às dívidas das empresas, à dívida do País. Tudo certo!
Não lhe parece, Sr. Deputado, que, na verdade, a atitude do PSD, ao deixar arrastar esta situação por mais um ano, porque, ao fim e ao cabo, o PSD tem os olhos nas eleições que quer provocar depois das eleições presidenciais — a isto chama-se calculismo político! —,vai encaminhar o País para uma situação que diz condenar?!
Na verdade, está a jogar de forma calculista, pensando apenas nos interesses do PSD, não hesitando em manter um Governo que se arrasta e que está a provocar tanta malfeitoria aos portugueses e ao País.
E não venha com o «papão» das eleições, porque as eleições não são nada de antidemocrático e nem seriam necessárias. O que o PCP sempre defendeu foi uma mudança de política que o PS, mais uma vez, aqui rejeita com a sua atitude arrogante, procurando fazer crer à opinião pública que não há outro caminho, que não há outras soluções e que «depois deles, seria o dilúvio».
Há soluções democráticas, é possível arranjar soluções democráticas, desde que se ponham os olhos no povo, desde que se tenham os olhos no País. E é isso que nem o PS nem o PSD estão a fazer!