Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral, Encontro Nacional do PCP «Não ao declínio nacional. Soluções para o País»

Há solução para os problemas do País e uma política alternativa que rompa com o rumo de desastre nacional

Ver vídeo

''

Quero saudar-vos e saudar todos os militantes e simpatizantes do PCP e da CDU, todos aqueles e aquelas que com a sua presença, reflexão e intervenção contribuíram para o êxito deste nosso Encontro Nacional e para a realização do seu grande objectivo - afirmar a existência de soluções para o País.

Uma saudação aos nossos parceiros de coligação do PEV e da ID e aos milhares de independentes que, com a nossa acção conjunta, permite que nos afirmemos como a grande força que transporta um caudal imenso de esperança de que sim, é possível uma vida melhor, de que é possível uma ruptura com a política de direita. E com certeza que nos acompanham numa saudação à população de Loures e à vitória da CDU nas eleições autárquicas.

Neste momento em que se perfila no horizonte uma importante batalha eleitoral e se abrem reais perspectivas de inverter o rumo de desastre a que o País foi conduzido, permitam-me uma saudação muito especial à luta dos trabalhadores e de todas as camadas do nosso povo. Essa luta intensa e valorosa que, rompendo o cerco da chantagem e das inevitabilidades impostas pelos partidos da troika nacional e pela troika estrangeira, fez frente ao seu programa comum de exploração e empobrecimento, firmado nos PEC's da austeridade punitiva e ampliado e prosseguido nesse Pacto de Agressão de destruição económica e devastação social que PS, PSD e CDS impuseram ao País. Luta que deu um contributo determinante no isolamento do actual governo de serviço do PSD/CDS e ao serviço do cumprimento escrupuloso desse sombrio programa de ruína nacional e de regressão social, e que hoje permite encarar com mais confiança a sua derrota definitiva na grande batalha que se aproxima. Luta que impediu que fosse ainda mais longe a sua acção destruidora, que foi capaz de obrigar a recuos, como nos salários roubados, no corte da CES aos reformados, em encerramentos de serviços de saúde e outros, mas também avanços reivindicativos, pequenas vitórias que trouxeram à luta novos lutadores e lutadores novos.

Um percurso que mostrou o valor próprio e insubstituível da participação e da luta dos trabalhadores, do povo na vida do País.

Luta que não pode conhecer tréguas e que aí está em desenvolvimento em várias frentes e sectores, e por todo o País, no próximo dia 7 de Março, a convocação da CGTP-IN, porque ela continua a ser não só necessária e decisiva para impedir o prosseguimento da ofensiva que se mantém contra os interesses populares, e pela recuperação das condições de vida e direitos extorquidos aos trabalhadores e ao povo, mas igualmente determinante para desbravar o caminho da concretização da alternativa política, patriótica e de esquerda, capaz de assegurar a necessária viragem na vida nacional, pondo fim à política de direita.

Daqui nos dirigimos aos trabalhadores e ao povo português para que confiem na sua luta, para que assumam a sua intervenção como protagonistas da história, juntos somos uma força imensa capaz de transformar a realidade e garantir um Portugal de justiça, soberano e de progresso.

Luta que conta, como sempre, com o incentivo, a mobilização, a militância generosa e combativa dos comunistas portugueses e do seu Partido. Deste Partido que, neste período negro da nossa vida democrática, mais uma vez e inquestionavelmente se afirmou como a grande força da resistência e da oposição ao projecto de afundamento do País protagonizado pelas forças que nos últimos 38 anos puseram em marcha um processo de recuperação capitalista e monopolista, contra Abril, os seus valores e as suas conquistas.

Desta força que nunca virou a cara à luta e que, sem vacilar, se demarcou e denunciou a ilegítima intervenção externa na vida do País e a inaceitável atitude de abdicação e submissão nacional dos partidos da troika nacional, tomada para garantir os interesses dos mega bancos, do sistema financeiro, dos grandes fundos de investimentos e dos especuladores.

Desta grande força nacional, com uma presença e influência crescentes no País, porque cada vez mais portugueses a reconhecem como a grande força protagonista da verdadeira mudança.

Por isso partimos para o combate que temos pela frente com confiança. A confiança de quem esteve sempre do lado certo, do lado dos interesses nacionais, na defesa da soberania e da independência nacionais, que rejeita a crescente submissão de Portugal à União Europeia e afirma o direito do povo português a decidir sobre o seu futuro.

A confiança de quem, como nenhuma outra força, apresenta um reconhecido percurso de intervenção e luta em defesa dos trabalhadores e do povo, que nunca deixou de marcar presença quando foi preciso afirmar direitos, combater injustiças, defender emprego e salários, e que deu um combate constante à obra destruidora do governo PSD/CDS.

A confiança de quem se apresenta de cara levantada que, na actual torrente de corrupção e actos ilícitos, pode apresentar um percurso de verdade, de reconhecido respeito pela palavra dada, de honestidade, trabalho e competência.

A confiança de quem tem apresentado uma política alternativa, com propostas e soluções para o País capazes de dar expressão a uma política patriótica e de esquerda identificada com as aspirações dos trabalhadores e do povo português a uma vida melhor, mais digna e justa.

A confiança de quem se bate pela unidade e convergência democráticas, que propõe de forma clara uma política patriótica e de esquerda a todos os democratas e patriotas que querem intervir e contribuir para uma ruptura na vida política nacional, disponível para o diálogo e acção no quadro do respeito mútuo e sem pretensões de hegemonia.

O debate que aqui realizámos revelou a extensão e gravidade dos problemas presentes na sociedade portuguesa: - o declínio económico, o brutal retrocesso social, a preocupante regressão nos planos da cultura e da ciência, as dificuldades no acesso à Justiça, o contínuo aprofundamento da dependência do País, em resultado da alienação de importantes e decisivas parcelas da soberania nacional.

Nunca como hoje se tornaram tão evidentes as nefastas consequências de anos consecutivos das políticas do rotativismo direitista da alternância sem alternativa do PS, PSD e CDS e dos seus governos que tomaram conta do País nas quase quatro últimas décadas e de 28 desastrosos anos de integração capitalista na União Europeia, as suas das imposições, com os seus instrumentos de dominação, como são o Tratado Orçamental, o Pacto de Estabilidade, a governação económica.

Uma política que foi paulatinamente empurrando e forçando o País a percorrer o caminho, ano após ano, em direcção ao precipício. Um percurso que tem como elementos centrais a restauração do capitalismo monopolista, o agravamento da exploração dos trabalhadores, a perversão do regime democrático, a crescente dominação do capital estrangeiro sobre a economia portuguesa e a limitação da soberania e independência nacionais.

Esta década e meia que nos separa do início do presente século e da entrada em circulação da moeda única espelha de forma crescente e indisfarçável o avolumar dos problemas e o patente fracasso dessa política de direita na resolução dos problemas nacionais. Problemas que assumem hoje uma dimensão trágica. Em resultado da contínua liquidação do aparelho produtivo e da privatização e destruição dos sectores estratégicos que tal política impôs, vimos o PIB estagnar e depois recuar para os níveis que hoje são os do início do século. Vimos, desde a mesma data e de forma sistemática, destruídos cerca de 700 mil empregos. Um trajecto marcado pela crescente divergência económica e social no seio da União Europeia, pela estagnação e recessão económica, o crescimento da dívida pública, do défice comercial, dos endividamentos externo, das empresas e das famílias, pelo avolumar das desigualdades sociais e regionais, pela fragilização e declínio do País.

Fragilização e declínio que se ampliou dramaticamente nos anos mais próximos com a crise do capitalismo internacional e com os seus programas ditos de “austeridade”, e «ajustamento financeiro», mas, de facto, violentos programas de rapina e de exploração das massas trabalhadoras, das camadas antimonopolistas, como foram os PEC's e o Pacto de Agressão em Portugal, concebidos para promover a transferência para o grande capital de recursos do povo e do País e cobrir os desmandos da especulação financeira e da corrupção.

Podem os responsáveis pela situação a que o País chegou, numa tentativa de sacudir a água do capote das suas responsabilidades, apontar, como faz hoje o PS, para passar uma esponja por cima do seu passado de comprometimento com o projecto de restauração do grande capital económico e financeiro e da sua política de concentração e centralização de riqueza, circunscrever as causas da crise e a sua solução apenas a razões e respostas externas. Podem Passos e Portas, nessa mesma vã tentativa de limpar o vasto rol de malfeitorias dos governos dos seus partidos e das opções políticas a favor do grande capital monopolista, apontar o dedo a um só governo, sempre o último como aconselham os manuais da mistificação, que nada pode apagar as suas comuns responsabilidades na situação que vivemos.

Podem uns e outros, empurrar cada um para o outro a responsabilidade pela entrega do País às mãos de uma troika estrangeira, que não há máscara, nem disfarce que possa iludir o seu comprometimento conjunto nessa decisão ilegítima, tomada nas costas do povo, dando seguimento às orientações do grande capital nacional e europeu.

Pode o governo do PSD/CDS, apresentar-se como uma espécie de força libertadora e freneticamente desfraldar a sua esfarrapada bandeira da defesa da dignidade e da soberania nacionais, que não apaga as suas assinaturas da subscrição, em conjunto com o PS, desse deplorável pacto de rendição e subordinação à banca, aos banqueiros, aos especuladores e ao directório das grandes potências europeias que foi o Pacto de Agressão, tal como a sua prática governativa de zeloso executor do projecto de exploração e empobrecimento nacional que tomou como seu.

Pode o governo do PSD/CDS, repisar que o “pior já passou”, que estão a “dar a volta” que a realidade do País está aí a desmenti-lo. Está aí na dívida sufocante e em crescimento permanente, como o demonstram os números desta semana do boletim do Banco de Portugal. Um aumento de mais 51 mil milhões de euros desde 2011 e um serviço da dívida colossal que não deixa o País respirar - 60 mil milhões de euros até ao final da década que nos ata de pés e mãos.
Está aí no crescimento económico rastejante de décimas, depois da enorme queda acumulada de 6,4% nestes anos de Pacto de Agressão.

Está aí a dramática situação da pobreza que nos últimos quatro anos conhece um brutal agravamento. Dois milhões e setecentos mil portugueses a viver abaixo do limiar da pobreza. Mais 629 mil portugueses lançados na pobreza nos últimos três anos! Em contraste os multimilionários e a sua riqueza que continua a aumentar desde 1980! Em 2013 e num só ano acrescentaram mais 10 mil milhões de euros às suas já colossais fortunas.

Está aí no desemprego que veio para ficar por muitos anos, a manter-se esta política, em níveis brutais e inaceitáveis. Mais de um milhão e duzentos mil portugueses, apesar das manipulações estatísticas, do empolamento das acções de formação e dos estágios, da emigração massiva que está a levar do País o seu melhor e principal recurso. Está aí nos 770 mil desempregados que não têm nenhum apoio!

Está aí na degradação brutal dos rendimentos do trabalho e na degradação das condições de milhões de portugueses com o trucidar permanente do valor do trabalho que caiu, em termos reais e em média, nos últimos quatro anos 18,4% e não pára, tornando ainda mais injusta a já brutalmente desequilibrada distribuição do rendimento nacional em desfavor do trabalho. Uma operação que se traduziu numa extorsão de 5 800 milhões de euros aos rendimentos do trabalho, a larga maioria para alimentar o lucro accionista.

Está aí na evolução desastrosa do investimento que caiu quase 30% com consequências imprevisíveis na capacidade produtiva do País, cada vez mais débil, mais fragilizada, com menos capacidade para inovar e criar emprego qualificado, com menos capacidade de renovação e segurança das infraestruturas e do próprio futuro do País! Futuro cada vez mais posto em causa por uma política de penúria para a ciência, com a redução drástica das bolsas de investigação e projectos, e o encerramento de um número significativo de unidades de investigação.

Está aí na fuga e exportação de capitais para o estrangeiro de montantes assombrosos e em prejuízo do desenvolvimento nacional, em juros, em dividendos, em brutais rendas fixas que a venda das empresas estratégicas do País passou a garantir aos seus novos donos de além fronteiras. Uma política criminosa de alienação do património do País que nos esvaziou de instrumentos de intervenção necessários ao nosso desenvolvimento. Que esvaziou o Estado nas suas funções económicas e socais e de soberania para deliberadamente deixar a mão livre ao capital monopolista nacional e estrangeiro na exploração dos nossos recursos e à custa do empobrecimento do nosso povo.

Está aí no afundamento metódico e calculado do Serviço Nacional de Saúde e no desespero de milhares e milhares de portugueses que vêem o seu acesso aos cuidados de saúde rebaixados e bloqueados!

Está aí na crescente elitização da educação e do ensino, na sua estudada e preparada degradação com a política de cortes de mais de dois mil e duzentos milhões de euros.

Está aí no esvaziamento do papel da Segurança Social pública na resposta às situações de adversidade no desemprego, na doença, na velhice, na infância, na pobreza extrema. Está aí nos drásticos cortes nas prestações sociais e no seu valor, fazendo da vida de centenas de milhar de portugueses um suplício.
Está aí no apodrecimento político que esta política e este governo também alimentaram, nas suas práticas de empobrecimento da democracia. Está na corrupção patente nos escândalos dos vistos Gold, na implosão do Grupo Espírito Santo com os dinheiros públicos, mais uma vez, a serem chamados a resolver os buracos das negociatas e das fraudes. Está na proliferação da grande fraude económica e financeira, na grande evasão e fraude fiscais e na fuga legal dos grandes grupos económicos, com a cobertura dos poderes lá fora e cá dentro, dos lux leaks e swiss leaks e dos perdões fiscais de milhões a preço de saldo, dois do governo anterior e um deste, limpando a folha dos traficantes de negociatas obscuras e dos golpes de asa dourados!

Há por aí quem diga “atingimos um ponto em que pior já não pode ser”. Mas os portugueses não se iludam, pode, pode!

A prosseguir este governo de Passos e Portas, a manter-se esta política das troikas sem troika pelas mãos do PSD e do CDS ou por outras que as tomem no essencial como suas, como vemos o PS, os portugueses só podem esperar o pior!

Só podem esperar o pior de uma coligação que não abandonou o seu projecto de exploração e empobrecimento nacional e que, por razões eleitorais, passaram a esconder os seus reais propósitos e a sua verdadeira agenda para uma governação futura.

Por trás da máscara do disfarce eleitoral - do pior já não fica, que agora, tudo é positivo, tudo é a somar - está essa agenda escondida, traduzida na língua de pau do economês dominante.

Essa agenda que se adivinha envolta no chavão das reformas estruturais que Passos Coelho e a Ministra das Finanças afirmam com todas as letras que “isto ainda vai a meio”!

Essa agenda de que faz parte a chamada reforma da Segurança Social para aumentar a idade da reforma, cortar nas pensões e reduzir a pó as prestações sociais e que agora meteram temporariamente na gaveta.

Essa agenda que a Ministra das Finanças chegou a anunciar e passou a calar de novas alterações às leis laborais, que serão como sempre, gravosas para quem trabalha e sempre aumentar a exploração, cortar nos direitos e no valor dos salários!

Essa agenda que se esconde embrulhada na dita Reforma do Estado que Paulo Portas garantia há dias será concretizada na próxima legislatura, para mudar o perfil da Administração Pública. Essa reforma que tem dotação prevista há muito – os 7 mil milhões de euros de novos cortes até 2019! Novos cortes e novas medidas de liquidação de direitos dos portugueses à saúde, à educação, à segurança social.

Uma agenda que visa eternizar a política de austeridade, exploração e confisco dos rendimentos das classes e camadas populares!

Semeiam a ilusão da mudança, de um novo ciclo com anunciada saída troika, mas a sua política é a mesma de sempre – a política assente na mentira, na exploração, no empobrecimento do povo e do País!

Ainda há dias os ouvíamos em eloquentes tiradas sobre o fim do vexame do protectorado e não tardou aí temos Bruxelas a anunciar que colocou Portugal sob vigilância apertada, deitando por terra a teoria da libertação do jugo das instituições imperiais e as milongas do sucesso em curso. Uma declaração da Comissão Europeia que significaria nos seus desenvolvimentos mais pancada com novas medidas punitivas para afundar e infernizar ainda mais a vida dos portugueses!

Os portugueses sabem hoje e por experiência própria quanto valem as palavras de Passos e Portas. Duram tanto como manteiga em focinho de cão.
A palavra desses mesmos que, à beira das eleições há quatro anos, afirmavam que não aumentariam os impostos se fossem governo, que juravam que não podiam ser as famílias a pagar a crise; que mais cortes nos salários da função pública não; que o desemprego não podia continuar a aumentar, nem os medicamentos; que não iriam massacrar mais quem já foi penalizado; que afirmavam que não podemos pôr pensionistas e reformados a pagar mais! Que diziam, como o disse Passos Coelho, que tirar o 13º. mês era um disparate; que o País não precisa de mais austeridade; que o IVA não é para subir, etc., etc.
Os portugueses precisam de pôr fim a esta política assente na mentira e no cinismo, de saque ao povo e ao País! Pudesse este governo continuar e poria em prática de forma nua e crua os objectivos dessa agenda escondida.

Hoje, mais do que em qualquer outro momento, os graves problemas do País apelam de forma incisiva a pôr um ponto final a esta política de desastre nacional!

Hoje, mais do que em qualquer outro momento, se coloca a urgência e actualidade da ruptura e da concretização de uma política que liberte o País simultaneamente da submissão externa e do domínio do capital monopolista e da sua posição determinante na estrutura e funcionamento da economia portuguesa e do País.

Impõe-se, perante a dimensão e gravidade dos problemas existentes, com inadiável premência, a concretização de uma política alternativa e de uma política alternativa, patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril.

Política de que o PCP é portador e parte insubstituível e indispensável da alternativa política.

Uma política dirigida à solução dos graves bloqueios que estão a fechar os caminhos do desenvolvimento do País e a limitar a sua decisão soberana, como são os constrangimentos resultantes da dimensão de uma dívida pública e externa insustentáveis, da integração monetária no euro, da dominação financeira da banca privada.

Três grandes constrangimentos na superação dos quais a política patriótica e de esquerda se apresenta com soluções concretas. Soluções não apenas justas, mas exequíveis e viáveis e que passam, em síntese, por uma solução integrada de renegociação da dívida, estudo e preparação do País para se libertar da submissão do euro e ainda a recuperação do controlo público da banca colocando-a ao serviço do País e dos portugueses.

Soluções que são um contributo fundamental para a recuperação por Portugal dos instrumentos essenciais que assegurem a sua soberania económica, orçamental, cambial e monetária.

Soluções que são parte integrante da libertação do País da sistemática ingerência externa com que se confronta, e vitais na afirmação patriótica de um projecto de desenvolvimento soberano ao serviço do nosso povo.

Libertação que nunca será o resultado de acto súbito, mas de um processo que na sua evolução não está isento de dificuldades. Um processo que encontrará pela frente a resistência não apenas das forças de dominação imperial sobre os povos e os directórios dos grandes empórios do capital económico e financeiro, mas também a resistência que é possível isolar e vencer dos que, como o governo português no “caso grego”, não a pensar nos interesses do seu povo, mas na sua própria sobrevivência e de uma política que fracassou, tomou nas suas mãos a bandeira alheia dos algozes dos povos, numa posição de humilhante submissão para fazer desse caso – da questão grega – uma vacina contra a mudança. Mas não há vacinas contra a mudança!

E se alguns pensam que já têm a fórmula de tal vacina, é bom que saibam e lhes digamos!

Que nesta batalha, nesta luta, neste processo de transformação social, alguns podem tombar, mas muitos outros se levantarão com os seus povos, forçando e assumindo com coragem a ruptura que se impõe!

Nos processos de libertação cada caso é um caso, não há receitas únicas, nem vias únicas e cada povo seguirá o seu caminho. Não esquecendo nunca a nossa solidariedade com outros povos, considerando que essa solidariedade será tanto mais sólida e realizadora quanto mais lutarmos no nosso País pela alternativa e concretizarmos as aspirações do nosso povo!

Em Portugal a construção da alternativa que urge concretizar é inseparável da ruptura com a política de direita e da ampliação da base social e política que dê suporte a uma política patriótica e de esquerda. Só uma política que rompa com os eixos e opções da política de direita, que abandone uma orientação determinada pelos interesses do grande capital e do favorecimento da exploração do trabalho, que enfrente com a mobilização e apoio populares os constrangimentos e condicionamentos da União Europeia, os seus instrumentos e objectivos de usurpação da soberania, pode concretizar essa alternativa.

Ruptura que, na sua concretização, exige firmeza, determinação e coerência, das forças patrióticas portadoras da mudança e do progresso, mas igualmente e, de forma determinante, a força e a vontade de cada povo e da sua luta.

Será no desenvolvimento da luta de massas e na ampliação da frente social, no alargamento da acção e convergência de todos os democratas e patriotas e no reforço do PCP e da sua influência que residem os factores cruciais e decisivos para essa alternativa.

Luta que não prescinde do contributo e da acção convergente e da mútua solidariedade entre os povos e da iniciativa das forças que, como o PCP, não abdicam de procurar as soluções para a crise e os processos de retrocesso económico e social que atingem de forma dramática a vida dos trabalhadores e dos povos. Foi nesse quadro de procura de soluções que o PCP propôs e vai continuar a lutar e a exigir a realização de uma conferência Intergovernamental para tratar da resolução do problema da dívida e dos constrangimentos impostos pelo Tratado Orçamental ao desenvolvimento de países como Portugal.

As eleições legislativas deste ano constituem um momento da maior importância na luta pela ruptura com a política de direita e a concretização de uma política patriótica e de esquerda.

Trata-se de uma batalha eleitoral exigente, um enorme desafio aos militantes e organizações do PCP e aos activistas da CDU. Um desafio tanto mais exigente quanto precisamos de construir uma campanha baseada numa mobilização confiante, numa acção de esclarecimento directo que permita não só dar a conhecer as soluções para o País, mas vencer resignações e conformismos, semeados para proteger o poder dominante e garantir intocáveis os mecanismos da reprodução da sua dominação. Mas um desafio exigente, porque é necessário igualmente confrontar e combater as novas e velhas ilusões das falsas saídas, daqueles que, falando de mudança, mais não visam do que perpetuar a mesma política que nos conduziu até aqui e esbater a verdadeira alternativa.
Daqueles, como o PS, que escolheram “fazer o papel de morto” para não clarificar ao que vêm e ficarem livres de justificar a mudança faz-de-conta que todas as suas posições e declarações pré-anunciam!

Uma campanha que, com ousadia aproxime, envolva e comprometa milhares de homens e mulheres sem filiação partidária, democratas e patriotas que reconhecem na CDU um património de trabalho, honestidade e competência, que sabem que reside na CDU e no seu reforço o elemento mais decisivo para a concretização de uma política alternativa.

Uma campanha que, como proclama a Resolução do nosso Encontro Nacional afirme:

- Sim, há solução para os problemas do País e uma política alternativa que coloque como objectivos os direitos e condições de vida dos trabalhadores e do povo;

- Sim, é possível, com a sua luta mas também com o seu voto, assegurar um outro caminho que rompa com o continuado rumo de desastre nacional;

- Sim, podem contar com o PCP para dar expressão à ruptura com a política de direita e abrir caminho a uma política patriótica e de esquerda ao serviço de Portugal e dos portugueses.

- Sim, há uma política alternativa, patriótica e de esquerda, capaz de responder aos problemas do País e às aspirações dos trabalhadores e do povo. Uma política baseada: na renegociação da dívida, nos seus montantes, juros e prazos; na promoção e valorização da produção nacional e na criação de emprego; na recuperação para o controlo público de sectores e empresas estratégicas, designadamente do sector financeiro; na valorização dos salários, pensões e rendimentos dos trabalhadores e do povo; na defesa dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, designadamente dos direitos à educação, à saúde e à protecção social; numa política fiscal que desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das micro, pequenas e médias empresas e tribute fortemente os rendimentos e o património do grande capital, os seus lucros e a especulação financeira; na rejeição da submissão às imposições do Euro e da União Europeia, recuperando para o País a sua soberania, económica, orçamental e monetária.

Sim, está nas mãos dos trabalhadores e do povo dar força, com o seu apoio ao PCP e o seu voto na CDU, à exigência de uma política que lhes devolva o direito à plena realização das suas vidas, que promova a melhoria das suas condições de vida e que faça a afirmação do seu direito soberano de decidir de acordo com os seus interesses e aspirações.

Sim, é dando mais força ao PCP e à CDU, alargando a sua influência política e eleitoral que a construção da alternativa e a concretização da política alternativa ficará mais próxima. Sim, é dando mais força ao PCP e à CDU, que mais solidamente estarão garantidas as condições para defender, promover e afirmar os direitos do povo português.

Sim, esta é a força segura capaz de libertar das grilhetas das inevitabilidades e das impossibilidades um País aprisionado!

Sim, existem em Portugal forças bastantes para romper com o ciclo de governos da política de direita, para dar corpo a uma solução política, a um governo patriótico e de esquerda ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.

Daqui nos dirigimos a todos os portugueses, aos que intervêm nas organizações e movimentos de massas, a todos os sectores sociais anti-monopolistas, aos patriotas, aos democratas e personalidades independentes que querem outro rumo para o País para que, pela sua luta e pelo apoio ao PCP e à CDU, abram caminho a uma política patriótica e de esquerda.

Daqui nos dirigimos, em nome do PCP, para que nos acompanhem também na Marcha Nacional pela libertação e dignidade nacionais, por uma política patriótica e de esquerda, prevista realizar no próximo dia 6 de Junho em Lisboa. Uma iniciativa que queremos que seja uma forte afirmação de exigência de mudança e de expressiva manifestação de confiança dos trabalhadores, dos democratas, dos patriotas, do nosso povo na sua luta e de que há um caminho alternativo à política de declínio nacional que está a ser imposta ao País!

Este é um tempo para os trabalhadores e o povo fazerem ouvir a sua voz e, com o seu apoio ao PCP e à CDU, pôr fim ao círculo vicioso da alternância sem alternativa e abrir portas a uma vida nova de progresso e desenvolvimento para os portugueses.

É exigente o programa de trabalhos que temos pela frente. Um programa que é imperioso assumir com todas as nossas energias, todas as capacidades, todas as nossas disponibilidades e contribuições, todo o espírito de iniciativa, toda a audácia e confiança.

É preciso chegar a todo lado, saber ouvir e insistir, e insistir sempre na suprema utilidade do reforço do PCP e da CDU!

E a todos dizer, confiem! Confiem nesta força que pelas suas propostas e projecto, pela prova da sua acção e coerência política no passado, jamais trairá a confiança dos que, vítimas da política de direita, aspiram a uma real mudança na vida nacional!

A esta força que está disponível para assumir todas as responsabilidades que o povo lhe queira confiar!

Esta força que transporta um caudal imenso de esperança de que sim, é possível uma vida melhor, que é possível a mudança a sério que o País precisa e construir com o PCP e a CDU um outro rumo e um outro caminho de justiça, soberania e de progresso aqui neste chão onde nascemos, vivemos e lutamos como povo que somos, com o povo que temos! Com confiança!

  • Encontro Nacional do PCP - «Não ao declínio Nacional! Soluções para o País»
  • Central