Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Comício CDU

«Há espaço para caminhar, há espaço para alargar, há espaço para reforçar e construir a política alternativa que se impõe»

«Há espaço para caminhar, há espaço para alargar, há espaço para reforçar e construir a política alternativa que se impõe»

Estamos a uma semana das eleições para o Parlamento Europeu, com esta força, com este entusiasmo, com esta alegria, com esta confiança, que muito ainda pode e vai avançar até ao dia 9.

Realizamos este grande comício, depois de um grande desfile, no Dia da Criança.

Permitam-me centrar a minha intervenção exactamente neste Dia da Criança, neste dia de presente e de futuro, numa altura em que as injustiças e desigualdades recaem sobre todos e de forma muito particular sobre as crianças.

As cinco pessoas mais ricas da União Europeia aumentaram, desde 2020, a sua riqueza ao ritmo de 6 milhões de euros por hora.

Em Portugal, à medida que uma pequena minoria concentra grande parte da riqueza que é criada, milhões de trabalhadores ganham por mês menos de 1000 euros de salário bruto, mais de um milhão de reformados recebem abaixo do limiar de pobreza, mais de 2 milhões de pessoas vivem em risco de pobreza ou exclusão social, 20% das crianças estão nesta situação.

Uma injustiça que se expressa em números e onde cada número é muito mais que isso, são vidas concretas de pessoas concretas, de crianças concretas.

Crianças, com os seus direitos próprios, mas que dificilmente serão cumpridos, se os seus pais e suas famílias não virem cumpridos os seus.

As crianças não precisam de mexidas no IRS que favoreçam os mais ricos, não precisam, seja qual for o pretexto, de cortes nos descontos patronais para a Segurança Social.

O que as crianças precisam é que os seus pais e todos tenham aumento geral e significativo dos salários.

Precisam é que os seus pais tenham empregos estáveis e não contratos precários; não precisam dos horários de trabalho desregulados dos seus pais mas que os seus pais as possam acompanhar em todas as fases do seu crescimento; que tenham maiores licenças de maternidade e paternidade pagas a 100%; que tenham horários que permitam ser felizes e realizados em todas as esferas da vida.

As crianças não precisam de continuar fechadas na creche e na escola 10 horas por dia, nem imóveis a olhar para ecrãs semana atrás de semana. 

Precisam de brincar e brincar muito, de dormir e de comer bem, de conviver com a família e os amigos, de ter direito ao espaço público e à natureza.

As crianças precisam que os seus avós, muitas vezes os que delas tratam e acompanham, sejam respeitados, que vivam com dignidade, que tenham aumento extraordinário das reformas e pensões. 

As crianças não podem ser empurradas para o negócio da doença, onde só é tratado quem pode, não precisam de cheques e vouchers.

O que as crianças precisam é do Serviço Nacional de Saúde e dos seus trabalhadores, do SNS que se tornou um exemplo em todo o Mundo, nomeadamente nos cuidados materno-infantis.

As crianças têm direito e o Estado tem a obrigação de garantir acesso à saúde, ao crescimento saudável, as crianças precisam que as suas mães tenham acesso à saúde sem intermitências, sem pressões, e não menos importante, sem custos.

As crianças não precisam de instabilidade, de viverem em casas sobrelotadas e muitas vezes sem as condições mínimas como acontece com 25% das crianças.

As crianças não podem correr o risco de perderem a sua casa, o sítio onde moram, estudam, onde têm família e amigos, tudo em nome dos lucros dos especuladores e da banca.

As crianças precisam, isso sim, é da concretização do artigo 65 da Constituição, o direito à habitação condigna, com investimento público, com a regulação do preço das rendas e pondo os lucros da banca a suportar o aumento das taxas de juro.

As crianças precisam da Escola Pública e de serviços públicos, que os trate por igual e nas mesmas condições, não precisam de novas regras e garrotes que travam o investimento público. 

As crianças precisam de um ambiente sadio, precisam da protecção da natureza e dos ecossistemas, precisam de ar e água límpidas, precisam que em nome delas se defendam os recursos.

As crianças não precisam e dispensam proclamações, intenções, quilómetros de resoluções mas que no fim o ambiente se transforme em mais uma frente de negócio.

As crianças não precisam nem podem ser expostas ao discurso de ódio nem às discriminações. 

As crianças sabem e vivem a diferença com naturalidade, são todos diferentes e todos iguais.

As crianças não podem ser alvo de violência e têm o direito a ser protegidas.

Por vontade das crianças não havia guerra, dessas guerras que já vitimaram demasiadas vidas e demasiadas crianças. 

É obrigação dos adultos, também em nome das crianças, pôr fim à guerra, ao militarismo e ao negócio da morte e da destruição dos que estão a lucrar com a guerra.

É de um presente e um futuro de Paz, que as crianças precisam.

Precisam é de um mundo onde todas as pessoas e todos os povos sejam tratados como iguais, com respeito, com solidariedade, com amizade, com cooperação. 

Um caminho contrário ao rumo para onde nos querem conduzir.

PSD, CDS, PS, Chega e IL, todos eles submissos à Comissão Europeia e ao BCE, todos eles vergados a uma política que também é a sua, ao serviço dos monopólios, do grande capital, ao serviço da concentração da riqueza nas mãos de uns poucos e do empobrecimento da maioria.

Não nos resignamos à situação, sabemos bem que o mundo pula e avança nas mãos de uma criança.

Há espaço para caminhar, há espaço para alargar, há espaço para reforçar e construir a política alternativa que se impõe.

Aqui está a CDU com a força que tem e a força que o povo nos der, para andar para a frente.

Bem podem repetir até à exaustão as impossibilidades e as inevitabilidades.

Não há força mais capaz e mais poderosa do que um povo que se ergue e luta pelo que é seu, essa luta que está em curso e se intensifica.

Essa luta que tem agora de ir até ao voto e ao voto na CDU, para eleger deputados para o Parlamento Europeu que estejam comprometidos com os trabalhadores, com o povo, com os direitos das crianças, com os valores de Abril.

Há ainda muita margem para crescer e alargar.

Entre os que estão indecisos e que ainda não decidiram o seu voto; os que perante tudo o que vão vendo e sentindo nas suas vidas estão cansados e sem perspectiva; os que justamente estão fartos da mentira, da corrupção e das negociatas; os que se inquietam com o soar dos tambores da guerra e a morte e sofrimento das suas vítimas; os que agora se mostram indiferentes, os que acham que é tudo igual, os que duvidam da importância destas eleições; é com todos eles que temos e devemos falar.

Se estão de acordo que é preciso garantir capacidade de tomar decisões para aumentar salários e reformas, acabar com a precariedade, salvar o Serviço Nacional de Saúde, garantir o direito à Habitação, defender a Escola Pública, investir a sério na Cultura, reforçar os serviços públicos; se querem ver Portugal a produzir; se estão contra a guerra e pela Paz, se querem voz firme, combativa e corajosa contra as imposições de interesses que não são os do povo e do País; se querem dar real e firme combate às concepções mais retrógradas e reaccionárias; então é aqui com a CDU que têm de estar.

Conversa a conversa, contacto a contacto, apoio a apoio, voto a voto, deputado a deputado.

A CDU faz falta e faz falta mais força à CDU. 

Os nossos adversários têm meios muitos poderosos, mas a CDU também tem um meio de enorme eficácia.

Toda esta gente, todos estes jovens que lhe dão corpo.

Contamos com os muitos e muitos independentes que aqui estão e estão por esse País fora, contamos com a Associação Intervenção Democrática, contamos com a força, a entrega e a criatividade da juventude, contamos com os nossos aliados do Partido Ecologista “Os Verdes”.

Ecologistas de corpo inteiro. 

Não se lembraram agora das questões ambientais, há anos e décadas que falam desses problemas e contribuem para a apresentação de soluções, conscientes que as razões fundas para a degradação ambiental são irmãs das razões fundas para as injustiças e desigualdades, da exploração do trabalho e da predação dos recursos naturais, que sabem bem quem são os responsáveis e que soluções são necessárias para lhes dar resposta e invertê-las.

E temos candidatos preparados, capazes, que reflectem o nosso compromisso de estar contigo todos os dias. 

Empenhados em defender os teus direitos e os teus interesses, lá no Parlamento Europeu da mesma forma que o fazem cá, ao teu lado, todos os dias.

Características distintivas que marcam a acção da CDU ao longo dos anos no Parlamento Europeu.

Estas características vemo-las agora em todos estes candidatos, nestas mulheres e nestes homens, cuja intervenção é e será única e insubstituível.

Não faltam boas razões para o voto na CDU. O que falta é quebrar a barreira da desinformação, da manipulação, da mentira, que força a aceitar as injustiças e desigualdades como naturais.

E para quebrar esta barreira, precisamos de todos vós. Do vosso tempo, do vosso esforço, do vosso empenho, do vosso esclarecimento, da vossa presença junto dos vossos familiares, dos vossos amigos, dos vossos vizinhos, dos vossos colegas, dos vossos conhecidos.

E que todos eles façam por sua vez esse trabalho que é do interesse deles, vosso, nosso, de todos quantos estão fartos da actual situação, de todos quantos justamente anseiam por uma alternativa, de todos quantos querem que em Bruxelas se oiça o clamor pela mudança e pela alternativa.

Pelos trabalhadores.
Pelos jovens.
Pelos reformados.
Pelas mulheres.
Pelos imigrantes.
Pelos emigrantes.
Pelos artistas.
Pelos pequenos empresários, agricultores e pescadores.
Pelas pessoas com deficiências e pelos seus cuidadores.
Pelas crianças.

Por todos eles, por todos vós, aqui estamos simbolicamente no Parque das Nações a afirmar o nosso projecto de um Portugal com futuro, de uma Europa de países soberanos e iguais em direitos, da cooperação e amizade entre os povos, da paz e do progresso social.

Aqui estamos no Parque das Nações para afirmar que, com os valores de Abril, Portugal tem futuro. 

Aqui estamos convictos e determinados a que nestas horas que faltam para as eleições, contacto a contacto, esclarecimento a esclarecimento, apoio a apoio, voto a voto, deputado a deputado, vamos construir o resultado eleitoral da CDU.

Vamos ao trabalho.
Neste Dia Mundial da Criança.
Brincar, brincar, brincar sempre.

Viva a CDU!
Viva Portugal!