Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Debate com o Primeiro-Ministro

O Governo PSD/CDS quer, e o mais depressa possível, levar por diante o seu programa ao serviço dos grupos económicos

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Senhor Primeiro-Ministro, 

Da nossa parte não temos nenhuma dúvida que quer, e o mais depressa possível, levar por diante o seu programa ao serviço dos grupos económicos.

A estratégia do Governo não deixa dúvidas: aproveitar os problemas que existem, não para os resolver em função das necessidades da maioria, mas para abrir novas oportunidades de negócio para uma pequena minoria.

Aproveita o drama da habitação para ampliar a especulação e servir os fundos imobiliários e a banca, aproveita as dificuldades na saúde para, mais cedo do que tarde, transferir ainda mais recursos públicos para os grupos económicos do negócio da doença, aproveita os baixos salários para reduzir impostos ao grande capital. 

E sobre a urgência da construção do novo aeroporto, Sr. Primeiro-Ministro, sejamos claros, o que foi ontem anunciado não se pode vir a traduzir em mais um anúncio para o País e mais uns milhares de milhões de euros de lucros para a Vinci.

Não é possível andar para trás, é mesmo para avançar na construção faseada do Aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, retirar da cidade de Lisboa o aeroporto, avançar para a Terceira Travessia sobre o Tejo e a Alta Velocidade Ferroviária. 

É esse o compromisso do PCP, que não apareceu ontem à noite, um compromisso que partilhamos com as populações de toda a Área Metropolitana de Lisboa e do País.

Tudo serve para o negócio de uns poucos ao mesmo tempo que se multiplicam justificações para faltar aos compromissos assumidos como está a acontecer com vários sectores de trabalhadores da Administração Pública.

O Governo tem sido rápido nas exonerações, nos compromissos com os grupos económicos, mas no que toca à resolução dos problemas que a maioria enfrenta, já não é nem vai ser assim.

Não aceitamos que assim seja.

Das medidas do Governo para a habitação, não há uma, uma que seja que trave o aumento das rendas e confronte os interesses dessa banca de novos recordes de lucros no primeiro trimestre deste ano. 

Não há uma medida que ponha um cêntimo que seja desses lucros a suportar o aumento das taxas de juro. 

Não aceitamos que se continue a beneficiar o infrator, enquanto milhares de famílias e de pequenos empresários estão com a corda no pescoço para aguentar as suas casas e os seus negócios.

Acha ou não que a banca e os fundos imobiliários devem ser chamados a contribuir para enfrentar a dramática situação da habitação? 

 

--2.ª intervenção--

Vai o Governo, olhando para a realidade da vida de milhões de trabalhadores, pôr fim à chaga da precariedade e aumentar salários agora, porque é agora que faz falta em particular para os jovens trabalhadores?

Desde logo naquilo que depende da sua exclusiva decisão, na Administração Pública e no Salário Mínimo Nacional, e dessa forma dar o sinal que se exige de maior justiça na distribuição da riqueza que foi e é criada todos os dias pelos trabalhadores, mas que se vai acumulando nas mãos de uns poucos.

E não venha com afirmação que não há dinheiro, porque aí estão os sucessivos anúncios de milhões de euros de lucros, a desmentir essa e a outra narrativa, a da produtividade.

Como sabe bem a produtividade aumenta, a riqueza aumenta, aumentam os lucros, aumenta o custo de vida e os preços dos bens essenciais, só não aumentam, como deviam os salários e as reformas. 

Disse.

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