Gostaria de sublinhar alguns aspectos e propostas contidas no parecer da Comissão do Desenvolvimento Regional do PE:
-
que a abolição de quotas no sector dos têxteis e do vestuário poderá
ter consequências nefastas nas regiões mais desfavorecidas da União
Europeia; - que este é um sector estratégico
para a UE, com grandes potencialidades e susceptível de contribuir para
a concretização efectiva da coesão económica e social; - que a UE deverá apoiar o sector como fileira produtiva, quer a nível nacional, quer no espaço comunitário;
-
o preconizar a criação de um programa comunitário para o sector,
particularmente para as regiões menos favorecidas, dependentes deste; -
que o apoio à modernização e à promoção do têxtil e vestuário deverão
ser considerados como objectivos transversais às políticas da UE; -
que é necessário accionar, quanto antes, as cláusulas de salvaguarda
previstas nos acordos comerciais, de forma a assegurar o presente e
futuro do sector; - que deverá ser accionado
desde já o "procedimento de urgência" previsto nas directrizes
relativas à aplicação da cláusula de salvaguarda, com a inclusão de
todas as categorias afectadas;
E é na sequência destes pontos que gostaria de tecer algumas considerações.
O denominado "Memorando de Entendimento" celebrado entre a Comissão
Europeia e a China, em 10 de Junho, procura, no fundamental, legitimar
a actual situação com as suas dramáticas consequências para o sector,
nomeadamente em países muito dependentes deste, como Portugal. O que é
inaceitável.
Como federações do sector denunciam - a partir de
dados da própria Comissão Europeia -, o acordado no "Memorando" vem
permitir aumentos das exportações entre os 49% e os 318%, comparando o
verificado em 2004 com o perspectivado para 2005 e nunca os 8%, 10% e
12,5% anunciados.
Mais, em 20 de Junho, as exportações
comunicadas provenientes da China excediam já, em quase todos os
produtos, o acordado a 10 de Junho.
E inexplicavelmente, a
Comissão Europeia abdica do direito de accionamento das cláusulas de
salvaguarda, restringindo a sua aplicação.
Aliás, a Comissão
Europeia e o Conselho tem agido de tal forma, que demonstram, afinal, o
seu não empenhamento na defesa desta indústria europeia. Pelo que são
os primeiros responsáveis pela dramática situação de milhares de
empresas e pela destruição de milhares de postos de trabalho, com
gravíssimas consequências sociais.
Daí as propostas de alteração que apresentámos.