Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Futuro das relações ACP-UE após 2020

O futuro das relações entre a União Europeia e os países ACP (África, Caraíbas e Pacífico) deve assentar, desde logo, no reconhecimento de uma dívida histórica, por reparar, de centenas de anos de colonialismo, de saque, de exploração e de opressão; no reconhecimento e combate à natureza profundamente assimétrica das interdependências Norte-Sul, que os últimos anos não mitigaram.

O objectivo da integração progressiva dos países ACP na economia mundial não pode ignorar que essa integração não deve ser – mas está a ser – uma integração subordinada, dependente e periférica, assente em relações injustas entre partes desiguais.

A liberalização e desregulação do comércio, de que os chamados Acordos de Parceria Económica são instrumento, servem os interesses das potências e dos grupos económicos do Norte, mas não a necessidade de desenvolvimento sustentável dos países e comunidades do Sul. Bem pelo contrário.

A relação com os países ACP deve ser respeitadora da sua soberania, das suas legítimas opções e aspirações. Não um biombo para lhes impor modelos de organização política e económica ou o alinhamento geoestratégico com as opções e prioridades da União Europeia.

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