Intervenção de Bruno Dias na Assembleia de República

Os fundos comunitários e a salvaguarda dos interesses estratégicos nacionais

Sr. Presidente,
Srs. Deputados,
Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo,
Falou aqui em propaganda do Governo e, de facto, o que temos como «prato do dia» é uma descarada campanha de propaganda suportada por poderosos meios daqueles a quem serve a política deste Governo. De facto, trata-se de uma campanha de propaganda e de mistificação que quer fazer crer que o pior já passou e que o País está a dar a volta.
O Governo fala em milagre económico e em crescimento, mas esse milagre é só para os senhores do dinheiro, uma vez que aquilo a que assistimos é ao empobrecimento da maioria do povo, é ao crescimento sem melhoria das condições de vida das pessoas, que mantém altas taxas de desemprego e de emprego precário, sem direitos e com salários de miséria. Aliás, mesmo que se confirmem as previsões do Governo para 2014, ao ritmo a que anunciam esse crescimento, nem em 2020 recuperaremos o que foi perdido nestes últimos anos com o pacto de agressão, com as troicas, em que quase 6% do PIB foi destruído.
O Governo vem agora falar em pós-troica, mas a verdade é que chega ao fim um pacto e começa outro, continuam as mesmas medidas, as mesmas soluções, as mesmas políticas de extorsão do povo e de roubo dos trabalhadores e dos reformados, ou seja, mantém-se a continuação da troica por outros meios.
Vamos aos factos: temos mais desemprego do que tínhamos em 2011; produzimos muito menos; estamos hoje mais pobres com a venda de todo o nosso património; estamos mais pobres do que estávamos quando o pacto foi assinado, para servir os interesses da banca e dos grandes grupos económicos; temos o povo mais pobre; temos mais emigração; temos piores serviços públicos; temos uma dívida muitíssimo maior e estamos mais «atados de pés e mãos».
A solução não passa por novos pactos com medidas de extorsão do País e dos portugueses; a solução está em renegociar a dívida nos seus montantes, juros, prazos e condições de pagamento, com a assunção imediata da redução do serviço da dívida e uma nova política alternativa, patriótica e de esquerda.
A pergunta que se coloca, Sr. Deputado, é muito concreta e é a seguinte: não concorda o Sr. Deputado que o País não pode adiar por mais tempo uma mudança de rumo? Uma verdadeira alternativa? Uma política que tenha como referência os valores de Abril e o respeito pela Constituição da República Portuguesa? Não concorda o Sr. Deputado que é altura de, de uma vez por todas, haver uma mudança efetiva de políticas que rejeitem este pacto, que rejeitem esta troica, que rompa com esta política e que assuma, efetivamente, uma política patriótica e de esquerda? Onde é que o Sr. Deputado e o seu partido se posicionam nesta questão fulcral para o futuro do País?

  • Economia e Aparelho Produtivo
  • União Europeia
  • Assembleia da República
  • Intervenções