Intervenção de Ilda Figueiredo, Deputada ao Parlamento Europeu

Fórum de S. Paulo

Queridas Companheiras e Companheiros

Saúdo-vos em nome do Grupo da Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Verde Nórdica do Parlamento Europeu, de que faço parte como deputada do PCP, e agradeço a possibilidade de intervir nesta sessão do Foro de São Paulo em que comemoram os 20 anos.

O nosso Grupo Parlamentar tem acompanhado e participado no Foro de São Paulo, pela importância que damos à evolução da situação na América Latina e no Caribe, à resistência e à luta contra o neoliberalismo e o imperialismo dos EUA e da NATO em que também participa a União Europeia.

No Parlamento Europeu temos dado voz às vossas lutas pela soberania e independência e, por isso, apoiamos a luta pela descolonização de Porto Rico, condenámos o golpe de estado militar nas Honduras e apoiamos o Presidente Zelaya e a Frente Nacional de Resistência, insistimos na solidariedade com o povo do Haiti e exigimos o fim do bloqueio dos EUA a Cuba e da prisão dos cinco patriotas cubanos em cadeias americanas, exigimos o fim da posição comum da União Europeia relativamente a Cuba e denunciámos as tentativas periódicas da direita no desenvolvimento de campanhas no PE contra os governos que os povos dos vossos países escolheram, como tem acontecido com Venezuela, Nicarágua, Cuba e outros.

Consideramos da maior importância também para a Europa as vitórias que aqui obtiveram, incluindo na Bolívia e Equador, pelos resultados positivos para o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida dos povos, pelo contributo para o combate às desigualdades sociais, à fome e à pobreza e pela defesa da paz. Desejamos os maiores sucessos nos próximos actos eleitorais, designadamente no Brasil, com a eleição de Dilma, e na Venezuela, com a consolidação da revolução bolivariana e do governo de Hugo Chavez.

Mas queremos também aqui deixar-vos as nossas preocupações com a evolução neoliberal e militarista da União Europeia, de que o Tratado de Lisboa é um instrumento importante, com efeitos graves para os trabalhadores e os povos dos nossos países, onde o desemprego e as desigualdades sociais crescem e onde a pobreza também aumenta e atinge cerca de 120 milhões de pessoas, enquanto crescem escandalosamente os lucros das multinacionais, dos grupos económicos e financeiros.

Com o pretexto da crise do capitalismo, estão a pôr em prática políticas anti-sociais que significam um retrocesso nos direitos dos trabalhadores e das mulheres e nas funções sociais do estado, como na Grécia, em Portugal e outros países. Mas também por isso crescem as lutas e as mobilizações sociais para travar estas graves ofensivas, de que destaco aqui as lutas dos trabalhadores previstas para 29 de Setembro e a mobilização que estamos a fazer em Portugal contra a Cimeira da NATO, em Lisboa, em 20 de Novembro próximo.

Podem crer que continuaremos a apoiar as vossas lutas, designadamente contra as bases militares dos EUA e da NATO na América Latina, no Caribe e no resto do mundo, na defesa da paz e do progresso.

Continuaremos a defender o reforço da cooperação no apoio ao desenvolvimento e a lutar contra a colonização e novas tentativas de colonialismo, designadamente através dos Tratados de Livre Comércio, exigindo o reconhecimento da soberania económica, social e política de todos os povos e países.

Continuaremos a denunciar as tentativas de potências e multinacionais que, a pretexto de Tratados de Livre Comércio ou outros Acordos, pretendem explorar os vossos recursos naturais e explorar os trabalhadores. Foi por isso que também votámos contra a famigerada directiva europeia sobre a imigração, a directiva do retorno ou da vergonha, como lhe chamámos, que não tem em devida conta os direitos humanos fundamentais de quem pretende viver e trabalhar na União Europeia.

Termino reafirmando a nossa firme disposição de aprofundar as relações de cooperação e solidariedade do nosso Grupo GUE/NGL do Parlamento Europeu com o Foro de São Paulo, para caminhar em direcção a uma nova sociedade, com justiça, equidade e soberania, reafirmando o compromisso com o internacionalismo, a democracia, a defesa da propriedade pública dos principais meios de produção, como referem no vosso documento.

As vossas lutas e vitórias são também nossas e são um importante contributo para a nossa luta por uma outra Europa de progresso social, empenhada na paz e cooperação com os povos de todo o Mundo.

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